Os Estados Unidos são um país amazônico, desde quando?
Sempre fez parte da postura estratégica, militar e diplomática, de nosso país opor-se ao estabelecimento de forças militares estranhas ao nosso subcontinente em solo latino-americano. Na Amazônia, sobretudo, porque a característica remota da região faria com que isso significasse, na prática, a criação de enclaves territoriais, principalmente porque o perímetro de segurança, frente aos armamentos atuais, teria de se estender por quilômetros e quilômetros em seu entorno, pela dificuldade de deslocamento de tropas do país hospedeiro. Isso, claro, levaria a missões de patrulhamento e mesmo a intervenção bélica sobre áreas muitíssimo além dos muros e cercas de uma sede militar.
Por isso, é escandalosa e ofensiva a informação, publicada hoje pela BBC – e desde Washington – de que o Brasil convidou tropas nos Estados Unidos para “treinamento conjunto” na Amazônia, certamente também em território brasileiro, além do peruano e do Colombiano, onde os EUA já têm bases militares.
Não é a presença de consultores, instrutores ou de observadores que, embora inconveniente, poderia ser parte de um aprimoramento profissional de militares brasileiros. São tropas, mesmo, que vão se habituar ao que temos de fator vantajoso, a experiência de combate na selva amazônica, algo inimaginável para quem tem de fazer defesa com escassez de meios materiais, valendo-se basicamente da expertise humana.
O Estados Unidos não são um país amazônico, o que poderia justificar exercícios conjuntos na região.
Imaginem o que seria se a Venezuela ou o Equador, seguindo a mesma lógica, convidasse tropas chines ou russas para “treinamento conjunto” na sela amazônica de seus territórios?
Ao que parece, somos nós que passamos a considerar aceitável – e até desejável, porque o convite partiu de comandos brasileiros – a presença de estranhos naquela região.
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