21/08/2017
Janio e o mistério da “não-delação” de Cunha
Do Tijolaço · 20/08/2017
POR FERNANDO BRITO
Em sua coluna de hoje, na Folha, Janio de Freitas toca num ponto que, em geral, não habita as preocupações do “jornalismo de vazamentos”: afinal, a delação de Eduardo Cunha será descartada pela Procuradoria Geral da República?
Entre os já citados na Lava Jato, Cunha é, sem dúvida, quem mais conhece –por experiência pessoal e por sua bagagem de informações– a diversidade de setores e personagens ativos no mundo das transações obscuras. Exemplo recente da relevância de delações de Cunha veio da própria Polícia Federal, investigadora na Lava Jato.
Em relatório ao ministro Edson Fachin, a PF diz que “não encontrou” elementos comprometedores de Aécio Neves no chamado caso Furnas, que cochila há uns dez anos. Haja ou não o comprometimento comentado há muito tempo, não encontrar não significa inexistir. Cunha, a quem Aécio tratou no Congresso com muita deferência, conhece por dentro todo o caso. Desde a nomeação, para Furnas, do indicado de Aécio, Dimas Toledo.
Habitação popular? É com Cunha mesmo. Telefonia, negócios brasileiros e portugueses em torno da Oi são com Cunha. Caixa Econômica, seus (ex-)vices Geddel Vieira Lima e Moreira Franco e negócios ainda não apurados ou nem conhecidos são com Cunha. Dinheiro para determinadas votações na Câmara? Posto Ipiranga. Quer dizer, Eduardo Cunha, como tantos assuntos mais.
Não há dúvida de que as revelações oferecidas por Cunha para o acordo de premiação estão aquém do valor possível. Mas nem como pressão é promissor o corte das negociações, a um mês da substituição de Rodrigo Janot por uma situação de incógnita. Mais parece birra da presunção paranoide de alguns salvadores do país, confrontados com as resistências do seu prisioneiro.
Duvido bastante que, a esta altura, Eduardo Cunha nutra alguma esperança de safar-se com uma pena de média ou que consiga “manter isto” – as supostas remunerações à sua boca calada com algum (muito) dinheiro como disse fazer Joesley Batista.
Alem do mais, precisando de um “bambu de prata” para sua flecha final, desconfio que Rodrigo Janot fosse ser avaro nas concessões caso Cunha desse algo sólido contra aquele sobre o qual tem muito – a amostra de suas perguntas à “testemunha Temer” é suficiente para que se veja que ele tem.
A menos que Eduardo Cunha esteja contando que, após a saída de Janot, apareça alguém “querendo manter isso”. Improvável, pelo currículo “pré-Jaburu” da Doutora Raquel Dodge.
Talvez o responsável pela afonia de Eduardo Cunha sejam os áreas frios de Curitiba. Lá, como se sabe, tudo que não se refere a Lula vão para o escaninho do “não vem ao caso”.
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