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27/08/2017
Ué, Dr. Moro, delator vale contra Lula mas não contra seus amigos?
por Fernando Brito
A matéria da Folha, assinada por Monica Bergamo, dizendo que o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran, atualmente na Espanha, acusa o advogado trabalhista Carlos Zucolotto Junior, amigo e padrinho de casamento do juiz Sergio Moro de ter pedido R$ 5 milhões para “melhorar” – ou seja, reduzir – sua condenação e a multa de R$ 15 milhões.
Moro reagiu dizendo que acha “”lamentável que a palavra de um acusado foragido da Justiça brasileira seja utilizada para levantar suspeitas infundadas sobre a atuação da Justiça”.
Mas Doutor, o senhor não acaba de usar a “a palavra de um acusado, réu, condenado” para condenar Lula pela “propriedade” de um apartamento que ninguém tem provas de que é dele?
Não seria assim, para usar a expressão “cognição sumária” que o senhor tanto aprecia, inverosssímil que o tal Zuccoloto, seu habitué,padrinho de casamento, integrante de um escritório de que sua mulher também foi sócia, tenha sido, como o senhor admite, contratado para uma simples ” extração de cópias de processo de execução fiscal por pessoa talvez ligada a Rodrigo Tacla Duran em razão do sobrenome (Flávia Tacla Duran) e por valores módicos”? Ou seja, para tirar xerox?
Leia o que narra Monica, na sua coluna:
No texto publicado [por Duran Tacla] na internet, ele afirma que, entre março e abril de 2016, tratou das investigações da Lava Jato com Zucolotto. O escritório do advogado atuava havia dois anos como correspondente da banca Tacla Duran Advogados Associados, no acompanhamento de audiências trabalhistas e execuções fiscais.
“Carlos Zucolotto então iniciou uma negociação paralela entrando por um caminho que jamais imaginei que seguiria e que não apenas colocou o juiz Sergio Moro na incômoda situação de ficar impedido de julgar e deliberar sobre o meu caso, como também expôs os procuradores da força-tarefa de Curitiba”, escreveu Duran.
Ele diz que estava nos EUA e que, por isso, a correspondência entre os dois ocorria através do aplicativo de mensagens Wickr, que criptografa e pode ser programado para destruir conversas.
“Ao se prontificar a me ajudar”, segue, “Zucolotto explicou que a condição era não aparecer na linha de frente. Revelou ter bons contatos na força-tarefa e poderia trabalhar nos bastidores”.
Antes que Zucolotto entrasse no circuito, segundo ainda o texto de Duran, o procurador Roberson Pozzobon teria proposto que ele pagasse uma multa de US$ 15 milhões à Justiça. Duran diz que não aceitava a proposta.
“Depois de fazer suas sondagens, Zucolotto conversou comigo pelo Wickr“, afirma o ex-advogado da Odebrecht.
Na suposta correspondência, Zucolotto afirma ter “como melhorar” a proposta de Pozzobon. Diz também que seu “contato” conseguiria “que DD [Deltan Dallagnol]” entrasse na negociação.
Ainda segundo Duran, a ideia de Zucolotto era alterar o regime de prisão de fechado para domiciliar e diminuir a multa para um terço do valor, ou seja, US$ 5 milhões.
“E você paga mais um terço de honorários para poder resolver isso, me entende?”, teria escrito Zucolotto, segundo a suposta transcrição da correspondência entre eles. “Mas por fora porque tenho de resolver o pessoal que vai ajudar nisso.”
“Carlos Zucolotto então iniciou uma negociação paralela entrando por um caminho que jamais imaginei que seguiria e que não apenas colocou o juiz Sergio Moro na incômoda situação de ficar impedido de julgar e deliberar sobre o meu caso, como também expôs os procuradores da força-tarefa de Curitiba”, escreveu Duran.
Ele diz que estava nos EUA e que, por isso, a correspondência entre os dois ocorria através do aplicativo de mensagens Wickr, que criptografa e pode ser programado para destruir conversas.
“Ao se prontificar a me ajudar”, segue, “Zucolotto explicou que a condição era não aparecer na linha de frente. Revelou ter bons contatos na força-tarefa e poderia trabalhar nos bastidores”.
Antes que Zucolotto entrasse no circuito, segundo ainda o texto de Duran, o procurador Roberson Pozzobon teria proposto que ele pagasse uma multa de US$ 15 milhões à Justiça. Duran diz que não aceitava a proposta.
“Depois de fazer suas sondagens, Zucolotto conversou comigo pelo Wickr“, afirma o ex-advogado da Odebrecht.
Na suposta correspondência, Zucolotto afirma ter “como melhorar” a proposta de Pozzobon. Diz também que seu “contato” conseguiria “que DD [Deltan Dallagnol]” entrasse na negociação.
Ainda segundo Duran, a ideia de Zucolotto era alterar o regime de prisão de fechado para domiciliar e diminuir a multa para um terço do valor, ou seja, US$ 5 milhões.
“E você paga mais um terço de honorários para poder resolver isso, me entende?”, teria escrito Zucolotto, segundo a suposta transcrição da correspondência entre eles. “Mas por fora porque tenho de resolver o pessoal que vai ajudar nisso.”
Já pensou se, por conta de uma “delação” destas o senhor amanhece com o japonês da Federal à porta?
É claro que a informação de Tacla não é prova suficiente para indiciar ninguém – menos ainda para condenar. E mesmo que ele tenha provas do envolvimento de Zuccoloto – diz que trocou mensagens com Tacla – isso não quer dizer que o senhor ou os procuradores com os quais ele contaria para “amaciar” a sentença sejam, automaticamente, culpados de qualquer tipo de extorsão.
Não, o senhor tem a presunção da inocência e o direito a sua imagem.
Mas imagine o tal Tacla dizendo isso no Jornal Nacional. Pense no seu amigo Zoccoloto perseguido por repórteres, confirmando na TV que é seu padrinho de casamento e que faz passeios com o senhor, como bom amigo? E se de fato houver mensagens entre ele e Tacla, a imagem delas, com os tais US$ 5 milhões (dez triplex do Guarujá, quase)…
Quem sabe, talvez, um powerpoint em cadeia nacional, com setas partindo de Tacla para Zuccoloto e daí para o senhor, sua mulher, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, os dois outros membros do MP, para a tal mensagem e para o “DD”…
Xi…
Que dano isso causaria, não é? Ainda mais quando já se vêem desgastes na sua condição de “deus público”, como registra a pesquisa Ipsos/Estadão…
Se Tacla fosse Lula e o advogado acusado de extorsão fosse padrinho de casamento do ex-presidente, ex-sócio de D. Marisa e íntimo da família a acusação seria uma bomba, né? Tacla ganharia, não duvido, até o perdão judicial pelas falcatruas que, supostamente, tenha cometido.
Mas como é contra procuradores da Lava Jato e com suspeitas sobre uma eventual sentença sua, não vem ao caso? Para usar uma antiga expressão do Direito, Doutor, o fogo não arde na Pérsia como arde na Grécia?
Nisso tudo, Doutor Moro, só há uma coisa que está provada. É que, como o senhor não é acusado de nada, apenas seu amigo e dois promotores são, indiretamente, nada justifica um juiz sair da isenção sobre um caso que, em tese, está sob sua jurisdição – Tacla é seu foragido – e ir aos jornais defender o compadre.
Desculpe, Doutor, por mais corrupto que venha a ser o ex-advogado da Odebrecht, a confirmar-se o que diz, há uma notitia criminisespontânea – basta o noticiário dos jornais – que deve ser objeto de investigação. Que o senhor, independente do MP, tem autoridade para solicitar à autoridade policial.
Por muito menos o senhor quebrou sigilos fiscais e telefônicos, não é?
Ah, e uma coisa mais, Doutor, Tacla não está levantando ” suspeitas infundadas sobre a atuação da Justiça”, está levantando suspeitas contra operadores do Direito, o que é inteiramente diferente, mesmo que eles sejam promotores. Nem eles, nem o senhor são “a Justiça”. Não a usurpe, por favor, transferindo-a para a sua figura e a de seus amigos.
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