19/08/2017
Lula e Doria no Nordeste: um teve dia de craque, o outro, de várzea. Por Joaquim de Carvalho
Do Diário do Centro do Mundo - 19 de agosto de 2017
Doria fala para empresários no Ceará
Lula recebido em Cruz das Almas, Bahia.
Por Joaquim de Carvalho
Duas imagens deste 18 de agosto de 2017 mostram não apenas dois políticos, mas dois Brasis.
No mesmo dia em que Doria perde o seu quarto secretário em oito meses — Gilbeto Natalini, do Verde, deixou o cargo supostamente por não ceder a construtoras –, ele foi a Fortaleza, Ceará, falar sobre gestão.
O que um prefeito que perdeu seu quarto secretário em oito meses têm a ensinar sobre gestão? Rodízio muito grande na equipe de primeira escalão revela que ou líder escolheu mal sua equipe, ou a convivência com ele é insuportável.
Sejam por um ou outro motivo, as trocas constantes no secretariado de Doria mostram que ele pode ser qualquer coisa, menos um gestor eficiente.
Já a outra imagem é a de Lula cercado por gente na sua chegada ao Recôncavo Baiano, onde, durante o governo do petista, foi inaugurada uma universidade.
Em uma, há um mar de gente.
Na outra imagem, mesas com pessoas convidadas pelo Lide, a organização criada por Doria para defender interesses dos empresários durante o governo de Lula — o nome disso se chama lobby — , a grande obra da vida do prefeito.
Os dois discursaram e deram entrevista.
Frases de um e de outro mostram o tamanho de cada um como político.
Lula disse que Doria o ataca porque ele, Lula, está na frente da pesquisa e usou uma metáfora futebolística: quem enfrentar o Barcelona vai tentar conter o Messi, não o Mascherano. Faz sentido, qualquer pessoa entende.
Doria respondeu de uma forma que qualquer um entende também, mas foi com canelada: “além de sem vergonha, preguiçoso, mentiroso e covarde, você é inexpressível (sic)”, disse.
Doria tentou entrar na metáfora futebolística: disse que, se Lula é Messi, ele é Neymar, que é negro e defende a seleção argentina. Não convenceu.
Na plateia de Doria, as imagens não mostram negros.
Já Lula foi a uma universidades onde negros, muitos africanos, receberam diploma universitário, muitos deles pioneiros na família com ensino superior.
Doria se comportou no Ceará como sempre: um homem mimado, que, contrariado, baixa o nível.
Já Lula, cuja alfabetização Doria colocou em dúvida, ao dizer que talvez ele não soubesse ler, teve um dia de estadista: ele foi o patrono da 2a. turna do Bacharelado em Humanidades, do Campus dos Malês da Universidade da Integração Nacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em São Francisco do Conde, entidade criada em seu governo.
Doria, que quer ser o candidato da direita para enfrentar Lula, terá de aprender muito chegar à primeira divisão da política. Nesta sexta-feira, seu comportamento foi de várzea.
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