05/06/2013
Carta Maior: A mídia e o sequestro em marcha de uma nação
Do Viomundo - publicado em 4 de junho de 2013 às 22:06
Editorial de Carta Maior, sugerido por Julio Cesar Macedo Amorim
Eles não revogam os desafios que cercam a largada para um novo ciclo de crescimento. Os impulsos nesse sentido são objetivos. Encerram escolhas estratégicas. Seu escrutínio requer o discernimento engajado da sociedade.
Mas, se não contradizem essa inflexão, os indicadores correntes exibem ao mesmo tempo uma vitalidade que desautoriza a sofreguidão do jogral conservador. Seu repertório para 2014 consiste em passar uma borracha nos avanços econômicos e democráticos dos últimos 11 anos, com um objetivo claro: revogar as balizas sociais que influenciaram a ordenação da economia na última década. Impedir que elas condicionem a pavimentação do novo ciclo.
Ou seja, desconstruir a essência do que deve ser preservado. Trata-se de enfraquecer ou desmoralizar o esboço de Estado Social que vem sendo erguido desde 2003. Martela-se, diuturnamente, o antagonismo com aquilo que a ortodoxia receita como ‘macroeconomicamente consistente’ para o país. Para qualquer país.
A saber, a máxima desproteção do interesse público e o supremo favorecimento dos interesses privados. Provar que esse ‘Estado-estorvo’ está esgotado implica colonizar o imaginário social com a esférica narrativa de um Brasil aos cacos. Um país reduzido a uma montanha desordenada de erros, fracassos e fiascos.
Aí começam os problemas. O balanço linear é desmentido pela complexidade da luta pelo desenvolvimento, cujos conflitos, inexoráveis, escapam aos modelos puros de laboratório.
Alguns dados das últimas horas evidenciam uma sociedade em rota de colisão com a regressividade proposta para o seu futuro: o pré-sal já produz 357 mil barris por dia: os preços ao consumidor desaceleraram em maio (FGV); a indústria cresceu 1,8% em abril e 8,4% acima de abril de 2012 (IBGE); o Brasil é o 4º maior mercado de cimento do planeta: só perde para China e Índia; praticamente empata com os EUA; pequenas empresas criam 4 mil empregos por dia no país.
A forma como esses dados são veiculados e interligados; o destaque que merecem e lhes é subtraído, influenciam a percepção, as expectativas e a ação dos atores sociais. Hoje, essa modelagem está 90% nas mãos da mídia conservadora, que opera um sequestro em marcha, rumo a 2014: o do discernimento da nação sobre ela mesma. E esse talvez seja o maior e o mais dramático gargalo a ser enfrentado na definição do passo seguinte do desenvolvimento brasileiro.
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