terça-feira, 11 de junho de 2013

Contraponto 11.435 - "Requião: Folha e Itaú 'sustentam' FHC"

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11/06/2013

Requião: Folha e Itaú “sustentam” FHC



Do Conversa Afiada - Publicado em 11/06/2013

Do Junior ao Lula: como é que você quer ser presidente se não fala inglês?

Tony Blair, um economista do Itaú, o Farol de Alexandria e Bill Clinton iluminados pelo Itaú


O amigo navegante Fabiano enviou ao Conversa Afiada este destemido, irretocável pronunciamento do senador Roberto Requião da tribuna do Senado,  em 2 de abril deste ano.

Mostra como a Folha (*) noticia as viagens de Lula e as de Fernando Henrique: “Fernando Henrique tudo pode !”

Trata do papel do Itaú – “patrocinador master”- na carreira do palestrante Fernando Henrique.

Fernando Henrique vai ao Chile, à China, e a Doha, levado pelo Itaú, e fala mal do Brasil.

E defende o “patrocinador”: “baixar os juros, mas olhar as consequências …”

Requião explica por que “a aristocracia nobilitada pela frequência com que aparece nas colunas sociais”,  que “ainda existem !”, deplora o acesso dos egressos da senzala e do pau de arara, como Lula, às viagens aéreas.

Requião recorda como o Junior da Folha – “o dito Otavinho”- interpelou o candidato pau de arara: como é que você que ser Presidente se não fala inglês ?

E, como se sabe, disse Requião, Lula não fala uma palavra de inglês.

Por falar em Requião: o PT, por acaso, elegeu algum senador ?

Mídia é preconceituosa e parcial quando fala das viagens de Lula



A nossa gloriosa e nunca suficientemente louvada, exaltada, enaltecida, aclamada e entoada mídia, continua a cumprir com zelo, maestria e muito proveito o seu papel de liderança e guia da oposição, como aquela senhora que dirigia a Associação Nacional dos Jornais e superentendia Folha de São Paulo proclamava com a desenvoltura e a praticidade dos que sabem o que dizem e querem.

Pois bem. Cumprindo a missão, a mídia foi atrás das viagens do ex-presidente Lula, depois de melindrar-se com a viagem da presidente Dilma ao Vaticano para a entronização do papa Francisco.

Enquanto os escândalos reais, verdadeiros que envolvem, por exemplo, os leilões da Agência Nacional do Petróleo; as concessões sem precedentes às empresas de telefonia; a monumental pizza da CPI do Cachoeira, que nos impediu jogar um réstia de luz que fosse no tenebroso mundo das empreiteiras; a privatização dos portos, tão radical que embaraçaria Reagan, Thatcher e Yeltsin; desses escândalos, desses atentados brutais à soberania brasileira, disso a mídia e seu braço parlamentar não querem saber.

Sendo assim, também vou falar das viagens do ex-presidente Lula. E para isso socorro-me de um texto de Hugo Carvalho, que recolhi no sítio do jornalista Luís Nassif.

O título do artigo é “As viagens de FHC e Lula e a escandalização seletiva”.

Diz o autor:

‘Um ex-presidente brasileiro está rodando o mundo, em viagens patrocinadas por empresas e corporações que cresceram e ganharam muito dinheiro em seu período de governo. Nestas viagens, a presença do ex-presidente ajuda as empresas patrocinadoras a captar investimentos e ganhar mercados.

As empresas amigas também patrocinam palestras deste líder político no Brasil e contribuem com fundos milionários para o Instituto que leva seu nome e destina-se a preservar sua memória.

Se este ex-presidente se chamasse Luís Inácio, suas atividades no exterior seriam manchete da Folha de S. Paulo, colocando-o sob suspeita de atuar como lobista de empresas sujas.

Mas estamos falando de Fernando Henrique Cardoso, que também viaja fazendo palestras, a convite de empresas, ONGs e instituições diversas. A diferença mais notável entre eles (há muitas outras) é que FHC vai lá fora para falar mal do Brasil.

Nas asas do Itaú, seu patrocinador master, Fernando Henrique esteve no Paraguai em 2010 , no dia em que o banco inaugurou a operação para tomar o mercado no país vizinho.

O Itaú também o levou a Doha e aos Emirados Árabes ano passado, como informou a imprensa financeira, com a intenção de morder parte dos 100 milhões de dólares que o Barwa Bank tem para investir no mercado imobiliário brasileiro.

Itaú Unibanco and Fernando Henrique Cardoso visiting Qatar and the UAE

A Folha estava lá (mas não diz quem pagou a viagem da colunista Maria Cristina Frias) “FHC vai ao Oriente Médio com Itaú para atrair investimento”, ela escreveu. Zero de suspeição ou malícia. O jornal não se preocupou em saber se a embaixada brasileira alugou impressoras para apoiar o ex-presidente em sua missão, mas registrou direitinho o que ele disse lá sobre o governo brasileiro atual:

Corrupção cresceu em relação a meu governo, diz FHC. Com esse papo, o ex deve ter atraído investimentos para o Chile.

FHC também falou mal do Brasil quando foi à China, em maio passado, de novo pelas asas do Itaú (nem parece que é um banco, deve ser uma agência de viagens). Reclamou do ajuste do câmbio, da falta de planejamento, e fez o comercial do patrocinador: “Baixar a taxa de juros (no Brasil) é importante, mas tem que olhar as consequências”, ele disse aos chineses. O Estadão resumiu no título a visão de Brasil que FH passou em Pequim: “Não se pode crescer a qualquer a custo, diz FHC”.

Em novembro do ano passado, a casa americana JP Morgan pagou FHC para falar do Brasil sem sair de casa: “O Brasil está pagando o preço por não ter dado continuidade aos avanços implementados”, ele disse, numa palestra para investidores estrangeiros em São Paulo.

Na edição deste sábado, a Folha sugere ao Ministério Público que promova uma ação para alguém devolver “gastos indevidos” com horas extras de motoristas e deslocamento de funcionários, nas embaixadas por onde Lula passou. Mas não se comove com o fato de a estatal paulista Sabesp ter pingado R$ 500 mil na caixinha do Instituto FHC (ah se fosse o Visanet…)

Fernando Henrique ainda era presidente da República, em 2002, quando chamou ao Palácio da Alvorada os donos de meia dúzia empresas para alavancar o instituto que ainda ia criar: Odebrecht, Camargo Corrêa, Bradesco, Itaú, CSN, Klabin e Suzano. A elas se juntaria a Ambev. Juntas, pingaram 7 milhões no chapéu de FH. Mas foi o Tesouro que pagou o jantar, descrito em detalhes nesta reportagem da revista Época.

Todos à mesa eram gratos à FHC pelo Plano Real e não se duvide de que alguns tenham coçado o bolso por idealismo. Mas se a Folha utilizasse o mesmo relho com que trata Lula, teria registrado que os Itaú e Bradesco eram gratos pela maior taxa de juros do mundo; a Ambev deve seu monopólio ao CADE dos tucanos; a CSN é a primogênita da privataria e quase todos ali deviam algum ao BNDES.

FHC e seu instituto prosperaram. No primeiro ano como ex-presidente ele faturou R$ 3 milhões em palestras (“o critério é cobrar metade do que cobra o Bill Clinton”, explicou, modestamente, um assessor de FHC). A primeira palestra, de US$ 150 mil de cachê, que serviu de parâmetro para as demais, foi bancada pela Ambev. O IFHC já tinha R$ 15 milhões em caixa e planejava gastar o dobro disso nas instalações.

O IFHC abriga o projeto Memória das Telecomunicações (esqueçam o que ele escreveu, mas não o que ele privatizou), patrocinado naturalmente pela Telefônica de Espanha.
Todas as empresas citadas neste relato são anunciantes da Folha de S. Paulo e estão acima de qualquer suspeita enquanto anunciantes. Apodrecem, aos olhos do jornal, quando se aproximam de Lula.

Eis aí o segundo recado da série de manchetes: afastem-se dele os homens de bem. O primeiro recado, está claro, é: mãos ao alto, Lula!
A Folha também se considera acima de qualquer suspeita. Só não consegue mais disfarçar o ódio pessoal que move sua campanha contra o ex-presidente Lula.“
Fecham-se as aspas da citação.

A Folha de São Paulo, como sabemos, é o mais provinciano dos jornalões brasileiros. Provinciano e tipicamente pequeno burguês, com aqueles tiques próprios dessa classe que revelam preconceito, despeito, inveja e tacanhice. E uma nada desprezível dose de sordidez, de torpeza, como comprova o caso da publicação da ficha policial fraudada da então candidata Dilma.

Matriz, nutriente e propagadora desses sentimentos, a Folha revela mais uma vez seu lado sombrio. Do sociólogo que se diz poliglota, perdoa tudo. Afinal trata-se de um puro exemplar da casa grande, embora com um pé na cozinha, como ele, querendo ser engraçado, disse. Agora, o pau de arara, egresso da senzala, não tem perdão. Ora, que ousadia, viajar o mundo com a pretensão de representar o Brasil!….. abespinham-se os antigos donos da rodoviária de São Paulo.

Esse ressentimento tem outro motivo. O pau-de-arara, o torneiro mecânico que cruza os oceanos e é extraordinariamente bem recebido aonde quer que desembarque, é também o responsável por outro tormento: o acesso dos mais pobres às viagens áreas. Nas salas de embarque, dentro dos aviões essa gente é um incômodo que provoca urticária nos enfatuados pequeno-burgueses e faz empinar o nariz da nova aristocracia, assim nobilitada pela frequência com que aparece nas colunas sociais; pois acreditem, os nossos jornalões ainda têm colunas sociais.

Assim, quando reclama das viagens de Lula, no fundo, a Folha está deplorando o aborrecimento do acesso dos pobres às viagens aéreas. Ela gostaria que uns e outros ficassem em terra, ocupando “os seus lugares”.

Contam –mais de uma testemunha relata- que em um encontro na Folha, a convite de Otávio pai, o filho, dito Otavinho, que agora comanda o jornal, apostrofou com indelicadeza e arrogância o então candidato Lula. “Como é que você quer ser presidente se não sabe falar inglês”, teria dito o júnior.



Acho que é por aí: FHC pode viajar patrocinado por quem quer que seja, pois a Folha acredita que ele fale inglês. O Lula, todo sabemos, não fala mesmo.



(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.


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