por Fernando Brito
O jornal francês Le Monde, nesta quinta-feira, explica de uma maneira extremamente simples e assustadora a falta de reação da França sobre a espionagem americana sobre os escritórios da União Europeia, que lidera ao lado da Alemanha.
Se as revelações sobre o programa de espionagem Prisma EUA levantou um coro de indignação na Europa , na França, elas provocaram pequenas reações. Por duas boas razões: Paris já sabia. E faz a mesma coisa.
Le Monde é capaz de provar que a Direção-Geral da Segurança Externa (DGSE, os serviços secretos franceses) coleta sistematicamente sinais eletromagnéticos gerados em computadores ou telefones na França, assim como os fluxos entre França e no exterior: todas as nossas comunicações são espionadas. Todos os e-mails, mensagens de texto, registros telefônicos, acesso a Facebook , Twitter , são armazenados durante anos.
O jornal destaca que já é ilegal a espionagem voltada para supostas conexões internacionais realizada pela DGSE, mas acrescenta que “outros seis serviços de inteligência, incluindo a Direção Central de Inteligência Interna (DCRI), o controle alfandegário Tracfin e os organismos de combate à lavagem de dinheiro, têm acesso diário aos dados de seu interesse”.
Pior, porém, que tudo isso é não ver uma voz libertária, um intelectual, um líder político, em quase parte alguma do mundo, levantar a voz contra isso. E ainda, quando algum deles não aceita tal ordem de coisas, ser tratado como criminoso, como foi o simples índio e Presidente boliviano, pela suspeita de estar protegendo um dos que denunciou este crime em escala planetária. O pré-colombiano Evo Morales é muito mais “civilizado” que as madames et monsieurs franceses que calam diante disso.
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