.
11/08/2013
Todos perdem
Do Carta Capital —
publicado
11/08/2013 09:47
O sentimento do "ninguém me representa" se disseminou e não preserva nenhum quadro ou grupo político
por Marcos Coimbra
—
publicado
11/08/2013 09:47

Quem comemorou aquelas feitas
logo após o início dos protestos e manifestações por acreditar que seus
adversários é que pagariam, se enganou. Todos perderam.
Ainda em junho, os mais felizes eram os
antilulopetistas. Depois de sofrer durante anos com pesquisas
favoráveis ao governo, acharam ter chegado a hora da desforra. Quando
começaram a ser divulgados números que revelavam a queda na popularidade
de Dilma, soltaram foguetes.
E quando ficou claro que,
em consequência, ela perdia intenções de voto, pareceu que suas preces
haviam sido atendidas. Foi até engraçado ouvir o que disseram os
porta-vozes da oposição e ler o que escreveram os colunistas mais
afoitos. Estavam esfuziantes.
Hoje o tom é menos comemorativo.
Fora os comentaristas da ultradireita, até os patrões da indústria da
comunicação mostram preocupação. As lideranças oposicionistas sérias não
dão um pio.
Seria um grave equívoco dizer
“Benfeito!”, como se essa queda generalizada fosse o justo preço que “os
políticos” estariam pagando por seus erros. Como se o Executivo,
Legislativo e Judiciário merecessem ser mal avaliados. Como se a
presidenta da República, os governadores, os prefeitos, os senadores, os
deputados, os vereadores e os magistrados fossem todos (ou praticamente
todos, o que dá no mesmo) incapazes, corruptos e mal-intencionados.
Erro igual seria acreditar que
alguns são poupados. O sentimento do “Ninguém me representa!” não
preserva quem quer que seja. Aqueles que não caíram hoje cairão amanhã, a
menos que essa desconfiança difusa e despropositada seja corrigida.
O paradoxo de situações como a
que vivemos neste momento é que, para se defender, cada personagem do
sistema político é levado a acusar os outros. Conhecedor de sua pequena
credibilidade, tenta derrubar os demais. E acaba por contribuir para o
descrédito geral.
No futuro, todos morrem.
Em recente pesquisa do instituto
Vox Populi, perguntamos contra quem foram os protestos de junho. Para
72%, contra o governo Dilma Rousseff. Para 69%, contra o governador do
estado do entrevistado (a pesquisa foi feita em todos, à exceção de
Roraima). Para 58%, contra o prefeito de sua cidade (as entrevistas
foram aplicadas em 179 municípios, a maioria de cidades médias e
pequenas, onde não houve manifestações). Para 77%, contra os senadores e
deputados. E 65% acreditam que o PT foi o alvo. Um pouco menos, 52%,
afirmaram ser contra o PSDB.
Se incluíssemos aqueles que acham terem
sido os protestos ao menos em parte contra esses alvos, chegamos perto
de quase consensos.
Ao se analisar o conjunto de
pesquisas disponíveis, vê-se que esse clima de opinião afeta as
percepções do presente e atinge as expectativas. Tudo ficou pior. Os
cidadãos estão menos satisfeitos com o Brasil, menos confiantes de que
estejamos na direção correta. Passaram a ver com mais pessimismo o
futuro. Aumentou a proporção daqueles que não acreditam que sua vida vai
melhorar.
Os candidatos “políticos” perderam. Só os que são (ou posam de) apolíticos cresceram do início de junho para cá.
A avaliação positiva
de Dilma, Aécio Neves e Eduardo Campos como candidatos diminuiu. Quem
mais sofreu foi, naturalmente, a presidenta, pois era quem mais tinha
por onde cair e é a figura emblemática do sistema político. Em sua
companhia minguaram Aécio e Campos.
Enquanto isso, Marina Silva e Joaquim Barbosa subiram. Ou seja, estão bem apenas as candidaturas da incerteza.
A isso chegamos depois de um ano
de incessante bombardeio contra o governo e o sistema político. É
difícil lembrar um período comparável, seja em termos da intensidade,
seja da extensão do desgaste a que foram submetidos. A articulação entre
as lideranças da oposição civil, dos partidos oposicionistas e da
indústria de comunicação, com suas redes de tevê e rádio, seus veículos
na internet, seus jornais e revistas, nunca havia sido tão ativa.
Seu alvo era o governo e a
intenção de impedir a reeleição de Dilma. Julgavam-se capazes de
precisão cirúrgica, de atingir apenas o inimigo. As pesquisas mostram
que erraram. Terminaram por atingir muito mais que o lulopetismo.
No fim das contas, perdemos todos.
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista