20/05/2015
35 acordos, US$ 53 bi e a agenda positiva de Dilma: o dia em que a China veio ao Brasil
Presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro da
China, Li Keqiang, assinaram hoje (19) um plano de cooperação até 2021,
envolvendo diversas empresas da Bovespa e até anúncio de megaferrovia
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Os acordos totalizaram US$ 53 bilhões em áreas que abrangem planejamento estratégico, infraestrutura, transporte, agricultura, energia, mineração, ciência e tecnologia, comércio, entre outras. Os acordos envolvem tanto empresas da Bolsa, como Petrobras e Vale, até parcerias de cooperação esportiva.
Entre outros números sobre o acordo, o primeiro-ministro defendeu que a corrente de comércio chegue aUS$ 100 bilhões após afirmar a expectativa por um reforço na cooperação da capacidade produtiva entre os dois países e de ampliação do comércio bilateral. Dilma ainda destacou que o Brasil terá com a China mecanismo de pagamento em moeda local. Os dois países vão utilizar o mecanismo de pagamento em moedas locais com R$ 60 bilhões por parte do Brasil e 190 bilhões de yuans pelo lado dos chineses.
Confira as empresas envolvidas no acordo e o que Dilma e o premiê chinês falaram sobre o assunto:
Acordo entre empresas de capital aberto
A Vale (VALE3; VALE5) fechou acordo para vender quatro navios gigantes (VLOCs), conhecidos como Valemax, para a China Merchants Energy Shipping (CMES), em uma expansão do acordo que prevê a cooperação estratégica de longo prazo entre as duas empresas no transporte marítimo de minério de ferro. O primeiro acordo entre as duas companhias foi firmado em 26 de setembro de 2014. Segundo a Vale, os detalhes do contrato ainda estão em discussão e o acordo com a CMES deve ser concluído nos próximos meses.
A Vale também informou que concluiu a venda de quatro navios VLOCs, com capacidade de 400 mil toneladas, para a China Ocean Shipping Company (Cosco), o maior armador e transportador de granéis sólidos da China e um dos maiores operadores de granéis sólidos do mundo. Essa transação está relacionada com o acordo assinado com a Cosco em 12 de setembro de 2014. A transação totalizou US$ 445 milhões e o montante será recebido pela a Vale mediante a entrega dos navios para a Cosco, o que está previsto para acontecer em junho de 2015. Pelo acordo, quatro navios VLOCs são transferidos para a Cosco e afretados para a Vale em contrato de 25 anos.
O Planalto ainda anunciou acordo de US$ 7 bilhões para a Petrobras (PETR3;PETR4), sendo US$ 2 bilhões com a Cexim para financiamento de projetos e US$ 5 bilhões obtidos pelo Banco de Desenvolvimento da China. O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, e o presidente do Cexim, Hu Xiaolian, assinaram acordo-quadro de cooperação para financiamento de projetos da Petrobras no valor de US$ 2 bilhões. Bendine também assinou acordo com o presidente do Conselho do Banco de Desenvolvimento da China (CDB), Hu Huaibang, que prevê financiamento de projetos da Petrobras no valor de US$ 5 bilhões.
Além disso, a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras (ELET3;ELET6) e a CNNC assinaram memorando para energia nuclear. A Caixa Econômica Federal e oICBC assinaram memorando para financiamento entre dois países.
Já a Embraer (EMBR3) firmou acordo com a Tianjin Airlines estimado em US$ 1,1 bilhão para a venda de 22 aeronaves. O acordo com a chinesa Tianjin Airlines, subsidiária do Grupo HNA, compreende 20 E195 e dois E190-E2.
As empresas de telecomunicações também fazem parte do acordo. Vivo (VIVT4) e TIM Participações (TIMP3) também estiveram presentes no evento. A Vivo assinou um acordo com a Huawei para ampliar a cobertura e do sinal na região central do Rio de Janeiro. Já a TIM anunciou parceria com a mesma companhia chinesa para criar um centro de inovação. A Azul Linhas Aéreas, por sua vez, firmou um contrato de financiamento leasing operacional.
No setor bancário, o Bank of Communications acertou a compra de 80% do BBM por R$ 525 milhões. "A compra de BBM é 1º passo para a expansão do Bocom na América Latina", diz comunicado.
Na lista, está ainda o acordo para retomada das exportações de carne brasileira para a China, interrompidas desde julho de 2012. Durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, em julho do ano passado, o fim do embargo chinês à carne brasileira foi anunciado, mas faltava a assinatura de um protocolo sanitário.
“É o marco jurídico necessário para a retomada da exportação carne bovina para a China, de forma sustentável, que será implementada com a habilitação feita pela China dos primeiros oito estabelecimentos brasileiros. Reiterei interesse em tornar efetivo o processo de habilitação de novos estabelecimentos produtores de carne bovina, suína e de aves”, disse a presidente.
Segundo Dilma, mais nove frigoríficos brasileiros estão na lista aguardando a habilitação para voltar a exportar para a China. “Vamos liberar de forma bem acelerada. Foi assinado o acordo sanitário. A partir do acordo, cria-se uma nova forma de relacionamento nessa questão entre as autoridades chinesas, as autoridades sanitárias brasileiras e o Ministério da Agricultura”, acrescentou.
Dilma ainda anunciou a megaferrovia transoceânica e que ligará o Peru e o Brasil. Pelo desenho original, a Transoceânica começa no Rio de Janeiro, passa por MG, GO, MT, RO e AC e de lá, segue para o Peru.
“A ferrovia vai cruzar o país de leste a oeste, portanto, o continente, porque ligará o Oceano Atlântico ao Pacífico. É um novo caminho que se abrirá para a Ásia, reduzindo distâncias e custos. Um novo caminho que nos levará diretamente ao Pacífico, até os portos da China”, explicou Dilma, em declaração de imprensa, após a assinatura de acordos com o chinês.
Discurso da presidente
Em discurso, a presidente Dilma destacou que a China é o primeiro parceiro comercial do Brasil e classificou como importantes as diversas medidas assinadas hoje. "A assinatura do protocolo sanitária, criará um marco jurídico necessário para a retomada das exportações de carne bovina". Além disso, afirmou, o comércio de minérios também será beneficiado pela parceria da Vale com empresas e instituições financeiras chinesas.
A presidente também afirmou que a parceria Brasil-China também avança no campo da educação, da tecnologia e da inovação. "Com o lançamento, em dezembro último, do satélite CBERS 4, a China e o Brasil consolidaram uma iniciativa emblemática para o mundo", ressaltou, destacando que foi decidido, conjuntamente, o desenvolvimento de um satélite de sensoriamento remoto.
"A China e o Brasil têm desempenhado papel de destaque na construção de uma nova ordem global", afirmou a presidente e destacou ainda a implementação do Novo Banco de Desenvolvimento. "O primeiro-ministro Li e eu compartilhamos a expectativa de q a próxima Cúpula do BRICS em UFA na Rússia, acelerará a implantação do Novo Banco de Desenvolvimento", continuou.
A presidente ainda destacou a renovação do compromisso de atuar no G20 em defesa da reforma das instituições financeiras multilaterais. "O FMI e o Banco Mundial ainda não refletem ainda em sua governança o peso dos países emergentes".
"Temos de aperfeiçoar nossas relações econômicas, buscando sempre maior harmonia, respeito e benefícios mútuos", finalizou a presidente, citando ainda um provérbio chinês: “se o vento soprar em uma única direção, a árvore crescerá inclinada”.
Logo após a assinatura dos acordos com o primeiro-ministro chinês, Dilma também falou sobre o corte de Orçamento. A presidente disse que o governo fará "o contingenciamento necessário” do Orçamento para garantir o equilíbrio das contas públicas. O anúncio dos cortes no Orçamento será na próxima quinta-feira (21) e a expectativa é que variem entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões.
“Nós faremos o contingenciamento necessário. É um contingenciamento que tem de expressar a situação fiscal que o país vive. Então, será um contingenciamento necessário”, adiantou em entrevista após assinatura de acordos com o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, que está em visita oficial ao Brasil.
“Podem ter certeza que nem excessivo, porque não tem porquê; nem flexível demais, nem frágil demais, que não seja aquele necessário para garantir que as contas públicas entrem nos eixos”, disse.
O governo ainda negocia a votação de medidas do ajuste fiscal na Câmara dos Deputados para definir a dimensão dos cortes no Orçamento, entre elas o projeto de lei que trata da desoneração da folha de pagamento das empresas, e a Medida Provisória 668, que aumenta as alíquotas de PIS e Cofins sobre importação
O primeiro-ministro da China disse que a cooperação com o Brasil vai ajudar na recuperação da economia mundial. Li disse ainda que a cooperação financeira entre os dois países ajudará a estabilizar os mercados financeiros brasileiro, chinês e dos países emergentes.
Busca pela agenda positiva
A visita do primeiro-ministro chinês está sendo tratada pelo Planalto como uma rara oportunidade de apresentar uma agenda positiva e em um ano de dificuldades econômicas. Segundo Dilma, os dois países também vão utilizar o mecanismo de pagamento em moedas locais, com R$ 60 bilhões por parte do Brasil e 190 bilhões de yuans pelo lado dos chineses. Isso é uma forma de diminuir a dependência do dólar e, segundo a presidente, "contribui para mitigar oscilações monetárias no comércio internacional".
Dilma afirmou que o setor agropecuário brasileiro tem condições de contribuir muito mais para a segurança alimentar na China. Segundo Dilma, a assinatura do protocolo sanitário cria um marco jurídico para a retomada das exportações aos chineses, de forma sustentável. "Reiterei ao primeiro-ministro chinês nosso interesse no estabelecimento de um processo efetivo e ágil de habilitação para exportação de carne bovina, suína e aves", afirmou a presidente.
Segundo o Ministério da Agricultura, o acordo tem potencial para gerar R$ 520 milhões em negócios por ano quando todas as plantas estiverem habilitadas. No total, 26 unidades terão essa autorização.
Dilma também destacou o acordo entre a Caixa Econômica Federal e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), que deve alcançar US$ 50 bilhões. "Tem também o fundo feito entre o governo chinês com o governo brasileiro. A parte chinesa oferece colocar US$ 30 bilhões. Nós vamos colocar outra quantia que estamos avaliando ainda o quanto", explicou a presidente. Ela ainda disse que eles têm interesses em estaleiros, refinarias e na licitação do remanescente da faixa de 4G para celular.
Em discurso de encerramento do Encontro Empresarial Brasil-China, a presidente Dilma Rousseff disse que o Brasil quer que empresários chineses participem de investimentos em refinarias e estaleiros por aqui.
Ao lembrar dos acordos assinados entre a Petrobras e empresas chinesas, Dilma destacou que a parceria "reflete não só a confiança na Petrobras", mas também amplia a "parceria que temos com as empresas chinesas no Campo de Libra".
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(Com Agência Brasil e Agência Estado) 35 acordos, US$ 53 bi e a agenda positiva de Dilma: o dia em que a China veio ao Brasil - InfoMoney
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