sexta-feira, 15 de maio de 2015

Contraponto 16.741 - "O Clube dos Testas de Ferro e o Canal Brasil-EUA, por André Araújo"

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15/05/2015


O Clube dos Testas de Ferro e o Canal Brasil-EUA, por André Araújo



Uma festa no Waldorf (hoje de chineses) da Câmara de Comercio Brasil-EUA de Nova York para FHC e Bill Clinton merece reflexões sobre o passado e o presente dessas "relações" empresariais entre gringos e caboclos.

O "canal" empresarial Brasil-EUA teve donos célebres, personagens da História econômica brasileira, hoje a mediocridade geral fez desaparecer esses "hommes charmantes", tipos interessantes e "personalités" por si sós.

O primeiro dono do "canal" foi Valentim Bouças, um contador nascido em Santos no Seculo XIX que aproximou-se de Vargas no Estado Novo. Representava a IBM no Brasil, que lhe concedeu a franquia do sistema de cartões perfurados "Hollerith", usados a partir de 1940 para pagar o funcionalismo público federal.

Bouças virou confidente e conselheiro de Vargas, durante o Estado Novo e depois no governo da República de 1946. Qualquer assunto que se afetasse às relações empresariais e financeiras (não políticas) com os EUA passava pelas mãos de Valentim Bouças, multimilionário, astuto, bem relacionado no espectro político e social, do fechado "high society" carioca e muito articulado, Vargas o tinha em alta conta. Morreu em 1964. O ator Dado Dolabella é seu bisneto.

O segundo dono do "canal" foi o banqueiro e Embaixador Walter Moreira Salles. Tinha todos os ingredientes, "panache", excelente homem de negócios, intensa vida social, conhecedor dos projetos de País em voga, inteligente e afável. Embaixador em Washington e Ministro da Fazenda, seu prestígio contrastava com sua extrema discrição e low profile. Nos anos 50 e 60 dominava o canal Rio de Janeiro-Washington, não era aventureiro.

Nos anos 70 um novo personagem pontificava no "canal", Mário Garnero, bem relacionado mas excessivamente exibicionista, o que lhe custou o capital político e os negócios. O papel de "dono" do canal exige low profile.

Foi na período Garnero que surgiu o "clube" dos testas de ferro, a Câmara de Comercio Brasil-EUA de Nova York.

Antes que me acusarem de detrator de pessoas, a expressão de "testa de ferro" aqui usada não é pejorativa, é objetiva, trata-se de brasileiros que representam interesses americanos porque os próprios, por razões objetivas, preferem não por a cara para bater em um pais onde os chamados "imperialistas" tem má imagem pública na área de politicos e de mídia. A famosa LIGHT, que era a grande concessionária de eletricidade no Brasil, usava brasileiros de prestígio como Antonio Galotti, como "testa de ferro".

A Câmara  de Comércio Brasil-EUA de Nova York, fundada em 1969, em pleno regime militar, de comércio não tem nada.

É uma espécie de "clube" onde pontificam personalidades que não são homens dos próprios negócios, mas agentes e representantes de companhias, muitos advogados e consultores, o chairman da Câmara é Carlos Alberto Vieira, do Grupo Safra, que não é nem judeu e nem Safra, quase todo Board é de executivos e advogados de corporações. A Câmara escolhe esse "homem do ano" que já teve a fama de "maldição", indicados que um ano depois vão à falência e à prisão (já teve dos dois) ou curtem desgraça politica.

Agora escolheram o ex-Presidente FHC, uma homenagem estranha porque FHC está há muito tempo fora do poder e para abrilhantar o Homem do Ano americano (o evento indica um brasileiro e um americano) é Bill Clinton, que mostrando a importância do evento nem veio ao jantar no Waldorf, chegou no café, ficou meia hora e caiu fora.

Uma novidade foi a presença do "papagaio de pirata" mór do Brasil, o plastificado João Dória Jr., que achou seu "millieu" perfeito. Prevejo que dominará a Câmara de Comércio, pois ele é muito mais eficiente do que os "aspones" que lá circulam. Graças a ele, João Doria, o evento teve 1.200 pagantes, muito mais que em edições anteriores. O Dória é craque para esse trabalho, vai agregar a Chamber no seu grupo LIDE, que todo mundo pensa que é uma associação empresarial e na realidade é um negócio de um só dono, o Dória, dando a entender que é uma ONG não lucrativa, na realidade é um business dele que dá a impressão que é uma entidade.

FHC tem sua biografia já pronta, não consigo perceber o que ganha com esses obas-obas, parece apenas vaidade, os convivas adoram porque é uma oportunidades de uma viagem rapida e agradavel, shopping para as esposas, grande parte, senadores e quetais não gastam um tostão, mas não acho que isso agregue capital politico aos tucanos, fazer banquetagem com os gringos na Park Avenue não gera voto, até pega mal, aumenta a percepção anti-povo que lhes carimba a legenda, que má ideia. O PT faz coisas aberrantes mas tem concorrentes fortes no tucanato.


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