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22/05/2015
As possibilidades abertas pela China
A
ascensão dos Estados Unidos, em fins do século 19, provocou uma
explosão nos preços das commodities beneficiando as exportações
brasileiras de algodão e café.
A
consolidação do poderio geopolítico norte-americano, no pós-guerra, com
o acordo de Bretton Woods e os financiamentos internacionais para a
reconstrução da Europa e para a infraestrutura na América Latina,
ajudaram no salto seguinte da industrialização brasileira.
Na
década anterior, Getúlio Vargas dera início à constituição do Estado
brasileiro, com a criação do DASP (Departamento de Administração do
Serviço Público), a instituição do concurso público, a aprovação do
Código das Águas.
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Após
Bretton Woods, o país já dispunha de uma burocracia pública e de
empresários modernos aptos a fazer a lição de casa: o inventário das
necessidades de investimentos em infraestrutura passíveis de
financiamento por parte dos Estados Unidos.
Surgem
daí a Missão Abink e o Plano Salte. E nasce o BNDES (Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e Social) para facilitar a contrapartida
brasileira nos projetos financiados. E nasce, também, uma nova forma de
conhecimento que alavancaria o desenvolvimento brasileiro nas décadas
seguintes: a capacidade de montar projetos.
Esse
novo conhecimento entrou pelo setor elétrico, através da Cemig,
transbordou no Plano de Metas de Juscelino Kubitscheck e suas câmaras
setoriais, invadiu os anos 60 através de consultorias privadas que
forneceram os estudos para as grandes reformas institucionais do governo
Castello Branco.
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Agora, entra-se no ciclo chinês.
Na
primeira etapa, o boom da economia chinesa aumentou as cotações de
commodities abrindo espaço para os avanços brasileiros na última década.
Agora, entra-se no ciclo da integração competitiva.
A
missão chinesa no Brasil, com a presença do primeiro-ministro, cinco
ministros de estados e 120 empresários, pode ter papel relevante – aliás
mais relevante, já que nos anos 40 grande parte dos recursos prometidos
não chegou.
Os chineses chegam com US$ 50 bilhões em projetos e com a possibilidade de concretizar projetos relevantes de infraestrutura.
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O primeiro resultado foram os empréstimos à Petrobras, em um momento em que o mercado internacional se fechou para a empresa.
Nos próximos meses, grupos de trabalho analisarão o conjunto de projetos aptos a receber financiamento chinês.
Mais
do que nos anos 40, abre-se a possibilidade de uma ampliação da
política industrial brasileira, desde que os financiamentos não imponham
condicionantes de importação exclusiva de produtos chineses.
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Nos
anos 30, o Brasil valeu-se pragmaticamente da disputa entre os países
do Eixo e os Estados Unidos para avançar em sua industrialização.
À
medida que a China comece a avançar sobre a América Latina, haverá um
interesse maior nos Estados Unidos em contrabalançar o novo influente.
O
grande desafio será o país conseguir somar a inteligência interna da
diplomacia, das associações empresariais, dos think tanks existentes,
para aproveitar ao máximo as janelas de oportunidade que a história abre
novamente ao país.
O
desafio é mirar a complementariedade industrial e não apenas a melhoria
da infraestrutura visando aumentar as exportações de produtos
primários.
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