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02/05/2016
Bresser Pereira lamenta: o Brasil enlouqueceu
Brasil 247 - 2 de Maio de 2016 às 13:30
Fundador do PSDB, economista e ex-ministro dos governos Sarney
e FHC, Luiz Carlos Bresser Pereira alerta para o risco de retrocesso
que o País está assumindo com o golpe em curso no Senado; "O Brasil
perdeu o rumo. Em nome do Combate à Corrupção, estamos trocando um
presidente sobre o qual não há qualquer processo, por um vice-presidente
envolvido sob diversas maneiras na Operação Lava Jato", diz; Bresser
critica também a eventual mudança de Nelson Barbosa por Henrique
Meirelles na Fazenda e chamou de "irresponsabilidade" a atuação conjunta
da oposição; "Aécio Neves, Eduardo Cunha e Michel Temer, PSDB e PMDB, a
direita e a classe média tradicional venceram. Paralisaram o Brasil,
desestabilizaram a democracia, tornaram o país sujeito a crises
políticas sempre que a popularidade do presidente da República cair,
trocaram o acordo pela luta de classes, mas satisfizeram seu desejo de
poder. Que desastre, que loucura, que irresponsabilidade!"
Por Luiz Carlos Bresser PereiraQue loucura!
Em nome do Direito, estamos trocando um presidente que fez "pedaladas", por um vice-presidente que também as fez.
Em nome da Economia, estamos trocando um ministro da Fazenda competente, Nelson Barbosa, que está buscando retomar o investimento público e impedir a revalorização do real para enfrentar a recessão, por um ministro, Henrique Meirelles, cuja única proposta é a "austeridade fiscal", e que, enquanto presidente do Banco Central, durante o governo Lula, recebeu de FHC, em janeiro de 2003, uma taxa de câmbio de R$ 7,30 reais por dólar (a preços de hoje) e a entregou a Dilma, em janeiro de 2011, a R$ 2,20 por dólar, quando a taxa de câmbio competitiva, de equilíbrio industrial, gira em torno de R$ 3,90 por dólar. Troca então o ministro da fazenda por um novo ministro que foi, portanto, o principal responsável por tirar competitividade das boas empresas industriais brasileiras, e, assim, causar a desindustrialização brutal e o baixo crescimento do país.
Em nome da Hegemonia de capitalistas rentistas e financistas, estamos trocando uma presidente que tudo fez pelo acordo de classes, mas fracassou, por um presidente que provavelmente chegará ao poder dentro de duas semanas porque foi apoiado por grupos de direita envolvidos na luta de classes.
O novo ministro e o novo presidente "devolverão a confiança aos empresários", nos dizem os defensores desse impeachment em marcha. Na verdade, graças ao câmbio competitivo, a confiança já está retornando, e a economia já está começando a se recuperar. É para isso que está trabalhando o ministro Nelson Barbosa, procurando aumentar o investimento público e tentando impedir a revalorização do real. Mas apenas com a notícia de que Meirelles deverá ser o ministro da Fazenda, o real já voltou a se valorizar, e a recuperação durará mais, não menos tempo.
Aécio Neves, Eduardo Cunha e Michel Temer, PSDB e PMDB, a direita e a classe média tradicional venceram. Paralisaram o Brasil, desestabilizaram a democracia, tornaram o país sujeito a crises políticas sempre que a popularidade do presidente da República cair, trocaram o acordo pela luta de classes, mas satisfizeram seu desejo de poder.
Que desastre, que loucura, que irresponsabilidade!
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