quarta-feira, 4 de maio de 2016

Nº 19.293 - "Janot disfarça com Aécio, mas quer criminalizar Lula e Dilma para legitimar o golpe"

04/05/2016

 

 
Palavra Livre - 04/05/2016

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Por Davis Sena Filho
 
Rodrigo Não Devo Nada a Ninguém Janot, que é procurador-geral-contra a República, deveria estar muito incomodado e a pensar com seus botões, no decorrer de noites insones: "Preciso achar qualquer motivo, mesmo o mais idiota e estapafúrdio para criminalizar Lula e Dilma, bem como disfarçar o golpe de estado sem vergonha no qual me meti e sou um de seus líderes" — E completou: "Vou acusar Lula e Dilma no STF por tentar barrar as ações da Lava Jato da qual sou o chefe, juntamente com o Moro. Porém, vou dissimular minha seletividade e perseguição aos petistas com o Aécio Neves, que está nas listas da Odebrecht, de Furnas e também denunciado seis vezes por delatores na Lava Jato. Depois a gente esquece do tucano. Bingo!" — comemorou e passou a se considerar um gênio toda vez que se olha no espelho.

Dito e feito. Não demorou muito e o procurador-geral seletivo, que pensa que todo brasileiro tem cabeça oca de coxinha despolitizado e reaça, achou os motivos para dar uma conotação mequetrefe para o golpe criminoso contra uma mandatária eleita legitimamente pelo povo e que não cometeu crime de responsabilidade, em um processo draconiano e injusto, que vilipendia o senso comum, a verdade, a levar junto, como um deslizamento causado por chuvas torrenciais, o Estado de Direito e a democracia.

Uma vergonha a atuação de servidores públicos golpistas pagos pelo dinheiro do contribuinte. Causa sentimento de nojo e desprezo, porque chega uma hora que a pessoa discerne sobre os fatos, os pondera, e compreende as realidades que se apresentam, como o caso desse golpe desastroso, que mais uma vez enlameia a história do Brasil, além de se ficar comprovado a todos que o sistema judiciário deste País tem de ser, um dia, quando se restabelecer novamente a democracia e o Estado de Direito, urgentemente modificado por uma reforma jurídica e judiciária, porque não dá mais para conviver com um Judiciário (Justiça, PF e MPF) ideológico, partidário e que nitidamente se associou a um consórcio político golpista.

Consórcio que está prestes a depor uma presidente da República que não cometeu crimes de responsabilidade, como também não há nada contra Lula no que diz respeito ao líder trabalhista também ter cometido crimes. E o mundo virou de ponta cabeça. Está tudo do avesso. Ou seja, homens e mulheres que são guardiões das leis se aproveitam delas para manipulá-las e, com efeito, efetivar um golpe de estado.

Evidentemente que depois disso, dezenas de milhões de brasileiros não confiarão mais na Justiça brasileira. Aliás, já não confiam quando se percebe que um corrupto notório que cometeu crimes comprovadamente é o capitão do navio do golpe, enquanto juízes e promotores esperam descartá-lo após Dilma Rousseff ser ilegalmente deposta e Michel Temer — o Amigo da Onça usurpador — tomar o Governo ilegitimamente como se fosse um assalto a mão armada.

E como confiar em servidor público, por exemplo, como Rodrigo Não Devo Nada a Ninguém Janot, que do alto de sua motivação claramente golpista se utiliza da figura do senador tucano Aécio Neves, o precursor apoplético e encolerizado do golpe de estado, a informar que o blindado político do PSDB vai ser também investigado pela Lava Jato, depois de dois anos de o playboy das Minas Gerais e do Rio de Janeiro ter sido denunciado, além da Lista de Furnas, que já tem dez anos engavetada, assim como a Lista da Odebrecht, onde constam 316 nomes, a maioria pertencente à oposição de direita liderada pelo PSDB, a ter o DEM como parceiro histórico.

É notório que Aécio Neves está envolvido em vários casos de financiamento de campanha, tanto é verdade que ele já foi denunciado por delatores e corruptos inúmeras vezes, como no caso da Lava Jato. Quanto à Lista de Furnas, Janot, que não é careca, mas está careca de saber que, conforme relatos de delatores, Aécio controlou Furnas durante anos a fio, sendo que do sistema hidrelétrico fez sua fonte de recursos para financiar eleições por meio de caixa dois. É o que dizem e está publicado até em jornais dos magnatas bilionários, que sempre apoiaram o PSDB e seus candidatos, dentre eles o senador Aécio Neves.

Contudo, salvo engano, o que Rodrigo Não Devo Nada a Ninguém Janot fez foi, na verdade, uma pantomima ou ação teatral. No fundo, e ele e seus botões insones e noctâmbulos sabem disso, Aécio é apenas uma isca para os coxinhas bobalhões, que consomem notícias da imprensa hegemônica e manipuladora dos coronéis midiáticos, como se fossem a verdade das verdades, pois o propósito é atrair apoiadores para a causa golpista, que, vitoriosa, acarretará, no decorrer do tempo, lágrimas de sangue para a classe média, porque será alvo e vítima do programa "Uma Ponte para o Futuro" do Amigo da Onça, vulgo Michel Temer.

A verdade é que tal arranjo tirânico e ilegítimo elaborado pelo PMDB com a cumplicidade do PSDB deveria se chamar "Uma Ponte para o Inferno ou para o Abismo", à escolha de quem estiver a fim de optar por um dos títulos para o projeto vampiresco, leonino e desumano da direita brasileira escravocrata e que resolveu humilhar o País perante a comunidade internacional, bem como transformá-lo em uma reles e medíocre República das Bananas, pois nada mais apropriado para as "elites" brasileiras, pois subalternas, provincianas e colonizadas.

Todo essa parafernália da PGR visa tão somente a publicidade e escamotear as reais razões do procurador-geral-contra a República. Uma ação sorrateira e que tem por base a perfídia e a dissimulação. Os alvos verdadeiros de Janot são, nada mais e nada menos, as duas maiores lideranças do Partido dos Trabalhadores, sendo que Lula é forte candidato a presidente em 2018, bem como se houver eleições este ano, certamente que Lula concorreria ao cargo mais importante do País, com razoável chance de vitória, apesar da covarde e desrespeitosa perseguição contra ele e promovida pela imprensa corrupta e sonegadora dos magnatas bilionários e pelo sistema judiciário.  

Portanto, mesmo os dois a não ser réus, não responder a processos e muito menos serem acusados na Justiça, Janot resolveu ser rápido, e, obviamente, já tratou com os ministros do STF, na pessoa de Teori Zavascki, que está com o processo de Lula nas mãos, no que diz respeito à sua nomeação à Casa Civil, bem como no que tange às investigações da Lava Jato, que saíram da Vara do juiz de província, Sérgio Moro, um político não oficial do PSDB tanto quanto Gilmar Mendes, que há anos, demonstra, sem ao menos disfarçar, ódio ao PT e aos seus governos trabalhistas.  

A decisão de Rodrigo Janot é casada e não dá ponto sem nó. Como em outros casos, a exemplo de FHC e o dinheiro via Brasif enviado à amante, além do Instituto iFHC, dos apartamentos no exterior, a fazendola mineira, bem como a gigantesca privataria tucana e a compra de votos para a reeleição, Aécio Neves entra como isca luminosa só para constar rapidamente no noticiário e logo sairá das manchetes, como aconteceu com o grão-tucano, que quebrou o Brasil três vezes, afundou a maior plataforma petrolífera do mundo e, por negligência e omissão, forçou o povo brasileiro a enfrentar um apagão de 18 meses, dentre incontáveis incompetências e desprezo pelo patrimônio público, além de não ter construído uma única escola técnica e negligenciado a universidade pública. E o oligarca tucano de São Paulo se diz professor.

Aécio é chamariz e disfarce. É como se Rodrigo Não Devo Nada a Ninguém Janot afirmasse ao público: Falo do Aécio, como já falaram do FHC, e vou direto ao que interessa, ou seja, prender o Lula e desmoralizar de vez a Dilma, porque derrubá-la sem imputar-lhe um crime, mesmo para gente como eu e meus procuradores de Curitiba, é dose para mamute. E assim será feito. Desmoralizar Dilma com um golpe e desconstruir a imagem de Lula, de forma que o líder trabalhista não tenha oportunidade de vencer as próximas eleições presidenciais. E se vencer, o Congresso mais conservador e corrupto da história do Brasil vai tentar aprovar o parlamentarismo, que é um golpe disfarçado contra os cidadãos eleitores de Lula.

A verdade é que de boas intenções o inferno está cheio. E o "diabo" realmente se alimenta delas. Enquanto isso o golpista Michel Temer e seu parceiro de golpe, Eduardo Cunha, continuam a navegar por águas turvas e a caminhar por veredas tortuosas, aparentemente a não se preocupar ou se importar com o desenrolar do golpe de estado que pode terminar mal. Nunca se sabe o que acontece quando servidores públicos do judiciário associados à imprensa de mercado, a empresários como os da Fiesp e os políticos conservadores resolvem efetivar um golpe e mandar solenemente os votos de 54,5 milhões de eleitores às favas, sem ao menos terem um crime para poder acusar Dilma Rousseff e, por sua vez, o Lula.

Surreal e também um escândalo de proporção internacional. Todo mundo sabe que se trata de um golpe. Não resta dúvida, mas os golpistas desses rincões tropicais continuam a marchar, intrépidos e decididos, em direção à lixeira da história. A lixeira é o lugar dessa gente ordinária e cafajeste que simplesmente deu uma banana para o povo brasileiro, sendo que bananeira é a tal "elite" irresponsável, ardilosa e soberba, que luta para governar o Brasil como usurpadora do poder, pois sem legitimidade e voto.

Seria cômico se não fosse trágico: oposição derrotada nas urnas vai governar no lugar da eleita e efetivar seu projeto econômico entreguista, elitista, autoritário e antidemocrático, sem a autorização dos 54,5 milhões de eleitores que não votaram no playboy do PSDB, nos demotucanos, bem como não convergem em pensamento político com os coxinhas de classe média, que perderam as eleições e estão até hoje inconformados e entregues ao revanchismo, ao arrivismo e ao ódio de classe. Esse processo draconiano não é uma barbaridade inaceitáve? O golpista e traidor, Michel Temer, não vai poder andar nas ruas. Quem viver, verá.

O mentiroso e velhaco Delcídio do Amaral, senador que tem os dias contados para ser cassado, é o novo "AS" dessa história suja. Tratado como a carta do baralho para vencer o jogo sórdido do golpe de estado. Sua delação vai servir para investigar Dilma e Lula no STF, com base em delação premiada de um político que cometeu crimes comprovadamente e que foi pego com a boca na botija. Delcídio, velho conhecido do PSDB dos tempos da Petrobras, abriu a boca com rancor e sentimento de vingança, pois um preso como ele, que sempre esteve por cima em sua vida política e social, não aguentaria ficar um mês no xilindró, a preferir incriminar Lula e Dilma sem prova alguma.

Tanto é verdade que Rodrigo Não Devo Nada a Ninguém Janot denunciou Lula e Dilma por interferirem no processo da Lava Jato. Só que para o bem da verdade, quem cometeu crime na Lava Jato foram os procuradores e o juiz Sérgio Moro, que deram publicidade às gravações de uma presidente da República e de um futuro ministro, bem como publicizaram conversas domésticas de familiares de Lula e dos funcionários do ex-presidente. Servidores públicos do Judiciário cometem crimes e fica tudo por isto mesmo. E ainda ganham o prêmio "Faz Diferença" de seus verdadeiros patrões da plutocracia.   

Arrivista e rancoroso, Delcídio do Amaral faz da mentira sua profissão de fé e entrega todo mundo, sem provas, mas o suficiente para o procurador-geral-contra a República usar desse artifício nefasto e injusto para tentar desmoralizar e criminalizar pessoas que até hoje, após dois anos, não se conseguir encontrar malfeitos imputados contra elas de forma comprovada. Somente ilações e um enorme sentimento de vingança. Delcídio é o fim da picada. Um senador que envergonha o Brasil e não faz falta nem para um cachorro abandonado.

A verdade é que Dilma não era sequer objeto de investigação e seu convite a Lula e a gravação criminosa de Sérgio Moro jogada ao público, no que é referente ao diálogo com Lula serviram ao PGR seletivo e partidário para pedir a investigação dos mandatários petistas. Enquanto isto no quartel d'Abrantes, Eduardo Cunha, réu no STF, continua a conspirar e a repercutir seu sarcasmo atávico em uma provocação tolerada pelos togados, mas que causa discórdia no País, que hoje é refém de um réu, que demonstra tanto poder, que faz a mais humilde e simplória das pessoas perceber que, se um dia o deputado Cunha for preso e abrir a boca, a República e todos seus poderes vão  se deparar em um hecatombe que colocará todos de joelhos ou dentro das grades. O PSDB, o DEM, o PMDB e o PPS, dentre outros partidos golpistas, sabem disso e por causa disso também programaram o golpe de estado descarado, bananeiro e covarde.

Alguma coisa está muito errada, a começar pela seletividade e a partidarização de togados das instituições que compõem o sistema judiciário. A solução, então, é soltar os bandidos e prender os inocentes, até que se prove o contrário. É isto? Então o povo brasileiro vai ficar na mão de um Judiciário ideológico e politizado? Aliás, a lógica de hoje é a seguinte: o ônus da prova é por conta do acusado, que será duramente constrangido e humilhado pelo acusador que o encarcerou, até que o preso acuse a si próprio e as pessoas que ele conhece e desconhece.

Trata-se da "justiça" à la Mourinha, aquela que prende o cidadão sem ser réu, em nome da não interferência daquele que vai ficar preso até apodrecer ou enlouquecer, o que não importa, pois o que está a valer é a delação "premiada", que leva o preso a delatar até sua mãe e seus filhos para poder sair da cadeia. Foi o que fizeram, covardemente e desumanamente, com José Dirceu, preso sem ter a culpabilidade comprovada, sendo que anteriormente, no caso do "mensalão", padeceu sob o domínio do fato, que jamais vai ser usado, por exemplo, contra FHC, José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves, somente para ficar nesses, pois, inacreditavelmente, blindados pelo status quo, que eles representam e fazem parte.

Dirceu serve como símbolo da direita para que a esquerda nunca mais ouse conquistar o poder. Isto está tão claro como céu de brigadeiro. Enquanto isso o juiz de primeira instância, Sérgio Moro, fica a ir a eventos promovidos por João Dória, um coxinha de quatro costados da "elite" paulista, bem como a receber o prêmio "Faz Diferença" dos irmãos Marinho, reconhecidos golpistas de tempos idos e que hoje apostam em mais um golpe de estado para terem concretizados seus interesses políticos e econômicos.

Porém, vamos ver como fica a delação premiada de Delcídio do Amaral quanto a Aécio Neves. Seu homem de confiança em Furnas era Dimas Toledo. Aécio foi acusado por Delcídio de ter recebido propina pelo esquema de corrupção de Furnas, sendo que seu pupilo ficou à frente desse arranjo por dez anos. Furnas, inquestionavelmente, é o escândalo mais documentado que se tem notícia. Entretanto, "não vem ao caso", como gosta de afirmar o juiz seletivo de primeira instância Sérgio Moro.

Essa realidade é considerada irrelevante para os procuradores seletivos do MPF do Paraná, assim como, evidentemente, para os delegados aecistas da PF, sendo que tem o caso do policial que treinava tiro ao alvo na imagem de Dilma Rousseff, presidente da República e candidata à reeleição. Se fosse em um país desenvolvido e com uma democracia madura, esse policial débil mental, pois fascista, seria detido para logo depois ser demitido para o bem do serviço público, até porque nenhuma sociedade desejosa de ser civilizada merece um policial de baixo nível, insubordinado e descontrolado como esse.

O homem de Aécio, o Dimas, está solto, mas deverá ser preso, porque Delcídio denunciou seu chefe, o senador tucano derrotado por Dilma em 2014 e o primeiro político a não reconhecer a vitória de sua adversária, bem como se transformou em um golpista incendiário, superado depois por Michel Temer e Eduardo Cunha. Dilma vai ter de ir às ruas, assim como Lula para liderar as esquerdas se Michel Temer — o Amigo da Onça — usurpar o poder e sacramentar o golpe criminoso travestido de legal e legítimo. Rodrigo Janot  disfarça com Aécio, mas quer criminalizar Lula e Dilma para legitimar e legalizar o golpe de estado. É isso aí.

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