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08/05/2016
Lula, o “xis” da questão
Objetivo final da trama golpista, alijar o ex-presidente da eleição de 2018. O impeachment é apenas uma passagem do processo
Evaristo Sa/AFP
Impossível imaginar que a presidenta escape da decisão premeditada da maioria oposicionista no Senado para impedi-la e, por ora, afastá-la da Presidência por até 180 dias.
É um engano pensar, porém, nessa ausência como o princípio do fim de toda a manobra golpista. Para o ingresso de alterações do percurso, há portas além daquelas do Congresso.
Outras se abrem para recursos legais ou, quem sabe, para a reação da voz das ruas. De todo modo, Dilma Rousseff promete continuar. Tem dito e repetido: “Vou lutar para voltar ao governo”.
Para afastá-la, o golpe de Estado
desenrolado no Parlamento faz parte de um conjunto de medidas tramadas
pela oposição juntamente com aliados distribuídos para muito além do
próprio Congresso. Para tanto, a mídia nativa se oferece como o
instrumento mais afiado.
Dilma, de qualquer forma, não é o objetivo primordial dos
opositores. O ex-presidente Lula é o “xis” do golpe. Ele é o fator
obsessivo da perturbação dos adversários, e eleito em 2018 detonaria a “ponte para o futuro” que os arquitetos do PMDB pretendem construir à sombra da traição de Michel Temer.
De volta à Presidência, Lula detonaria, obviamente, a tal ponte,
ao retornar à pauta de 12 anos de governos petistas, comprometidos com
as necessidades dos cidadãos mais pobres. Nesse sentido, os programas
sociais dispensam apresentação e comparação. Eles existem e a população
os conhece. E, através deles, reconhece Lula.
Para tentar superar a estrondosa liderança popular de
Lula, os golpistas não hesitam em rasgar a Constituição. Transitam até,
sem o menor pudor, pela ilegalidade, como se deu largamente no caso dos grampos telefônicos,
sem a mais pálida preocupação de verificar o que se relacionava com as
investigações e com quanto nada tinha a ver com elas. Chegou-se a
registrar e divulgar conversas entre a presidenta e o ex-presidente.
Sergio Moro, desatinado, apresentou
desculpas ao STF. Mas não consta que o juiz em algum momento tenha se
ruborizado. Ele mesmo autorizou a condução coercitiva de Lula para
depor.
Valeria para o ex-presidente ultrajado
repetir trechos da Carta Testamento de Getúlio Vargas: “A mentira, a
calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de
rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e
escandalosa”.
Ao assumir a sua pré-candidatura à
Presidência em 2018, Lula reagiu à perseguição golpista, movida
inicialmente a ódio de classe, urdida contra um ex-operário metalúrgico.
A partir desse momento, ele passou a viver sob a ameaça de prisão, por
acusações desprovidas de prova.
Mesmo após dois anos de campanha
martelante da mídia, desfechada com o transparente propósito de
estigmatizá-lo de vez, o ex-presidente ainda é o candidato preferido do
eleitor brasileiro.
Os adversários de Lula vivem um dilema.
Se ele não for preso, disputará a eleição em 2018 e pode ter uma votação
avassaladora. Mas pode ser pior se for preso. Criarão um mito.
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