quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Nº 19.848 - "Os canalhas de 2016 venceram a batalha, mas não a guerra. À luta!"

 

31/08/2016

 

Os canalhas de 2016 venceram a batalha, mas não a guerra. À luta!

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(Charge: Inca Venusiano)
 
 
Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho


Aquilo que estudamos no colégio e víamos como algo distante no tempo, sem chance alguma de se repetir, acaba de acontecer novamente.

Os tanques na rua não pegam bem em pleno século 21 (o fracassado golpe militar na Turquia não deixa dúvidas), então foram substituídos por Sérgio Moro e por setores da PF e do MPF para criar o clima propício ao golpe.

De resto, tudo muito parecido com 1964: barões da mídia manipulando a classe média, que, assustada e desorientada (em 64 com a propaganda anticomunista, em 2016 com a propaganda anti PT), dá um tiro de bazuca no próprio pé.

Empresários, principalmente de São Paulo, unidos para tirar um governo popular demais para o gosto dos donos do dinheiro.

E um STF no mínimo covarde chancelando novamente o grotesco ataque ao voto popular.

Outra semelhança com 64 é a diferença de caráter entre os golpistas e os defensores da democracia.

Se o presidente do Senado em 64, Auro Moura Andrade, teve que ouvir Tancredo Neves chamá-lo de canalha em plena tribuna, ao declarar vaga a presidência mesmo com João Goulart em território brasileiro, o neto de Tancredo, Aécio ‘derrotado nas urnas’ Neves, foi obrigado a relembrar das palavras do avô, por meio dos senadores Roberto Requião e Lindbergh Farias.

O “Canalha! Canalha! Canalha!” de Tancredo viajou no tempo e atingiu em cheio o seu neto, com toda a justiça.

Do lado dos defensores da democracia de 2016, a Vice-Procuradora Geral da República, ou seja, vice de Rodrigo Janot no MPF, questionada pela Veja por participar de um ato contra Temer em Portugal, disse:
Eu estou incomodada com essas coisas que estão acontecendo no Brasil. Acho que não foi da melhor forma possível. E pelas coisas que a gente sabe do Temer, não me agrada ter o Temer como presidente. Não me agrada mesmo. Ele não está sendo delatado? Eu sei que está.
Após, pediu exoneração do seu cargo de vice-procuradora, honrosamente.

Do lado dos golpistas de 2016, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, ao divulgar texto publicado no blog de Fausto Macedo, no Estadão, alterou-o para tirar o crédito dos peritos criminais pelos trabalhos de investigação e dá-lo todo ao delegado Márcio Anselmo, responsável pelo indiciamento de Lula no caso do tríplex. Segundo a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais,
Há várias modificações no texto, levando o leitor à percepção que esse tinha sido publicado com aquele conteúdo por prestigiados jornalistas. A ADPF não fez menção às alterações, ou seja, age no intuito de ludibriar a sociedade e transmitir visão diversa da externada pelos articulistas.
E qual era o teor da alteração? Dar a um delegado os créditos por todo o trabalho investigativo.
Esses pequenos exemplos da disparidade de caráter entre os que respeitam o voto popular e os que estão se lixando para a democracia são abundantes.

Basta lembrarmos que até mesmo os algozes de Dilma admitem que ela é honesta - e nem teria como ser diferente, porque não paira sobre ela nenhuma mísera acusação de corrupção ou enriquecimento pessoal ilícito -, enquanto Temer, o traidor, ostenta uma coleção invejável de esqueletos no armário (leiam aqui um resumo das acusações contra Temer feito pelo repórter Marcelo Auler).

Hoje é dia de luto.

Mas olhemos o lado positivo, até para termos forças para as batalhas que virão: a direita, após ser derrotada em quatro eleições presidenciais seguidas, mais uma vez sujou as suas mãos para chegar ao poder.

Só que dessa vez a porcalhada foi coberta em tempo real, divulgada e criticada pelo mundo todo.

A ascensão da internet e, através dela, de uma imprensa progressista está formando uma massa crítica que se espalha cada vez mais.

Nenhum império durou para sempre, não vai ser o da Globo que vai alcançar a eternidade.

A guerra contra o arbítrio, as opressões e as injustiças só terá fim quando a humanidade for extinta.
Até esse dia chegar, teremos muitas vitórias ainda.
 
Hoje é dia de luto, mas é também o dia do início da luta.

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Nº19.847 - "Exclusivo! Wilson Ramos Filhos: O golpe e o fascismo de hoje"

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31/08/2016  

 

Exclusivo! Wilson Ramos Filhos: O golpe e o fascismo de hoje

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  O fascismo na Itália há um século e no Brasil atual


Wilson Ramos Filho*

A farsa do impeachment terminou com 61 senadores (Canalhas! Canalhas! Canalhas!) cantando o hino nacional, demonstração de nacionalismo e patriotismo. Esse detalhe, somado aos movimentos de panacas que em verde-e-amarelo saíram aos milhares às ruas, aconselha uma reflexão a respeito de movimentos similares, ocorridos na Itália há mais de cem anos. Os discursos de alguns senadores, de fato, remetem a um jovem jornalista que empolgou as massas em nome da pátria e da nação.

Era filho de um anarquista que escolheu-lhe os prenomes em homenagem aos seus princípios políticos e aos seus valores.

Foi um jovem confuso, buscava um sincretismo bizarro entre socialismo, nacionalismo, anarquismo e anti-clericalismo. Com o desenvolvimento de sua militância, em um primeiro momento, deixou de ser anarquista, tornando-se um obstinado defensor da hierarquia, da ordem e da disciplina. Suas ideias revolucionárias lhe custaram problemas com a justiça e com a polícia, conduzindo-o ao exílio por duas oportunidades, e a algumas prisões em decorrência de sua atividade como jornalista. Nestas oportunidades aprendeu a falar francês e alemão, ganhando prestígio entre os socialistas italianos. Aos 29 anos, ao sair de uma dessas prisões, por sua postura anticlerical, revolucionária e anticapitalista, foi proclamado o "Duce" dos socialistas, e pouco depois assume Direção de Redação do Jornal Socialista Avanti, de Milão com 20 mil exemplares semanais. Meses depois da chegada do novo editor a quantidade de assinantes se viu quadruplicada.
 
Entusiasmado, em 1913, o jovem Benito, se apresenta como candidato a deputado, mas não foi eleito.
No ano seguinte começa a Grande Guerra (1914-1918) e o jornalista, enfrentando a posição de seus companheiros, se posiciona pelo apoio aos aliados, contra os alemães, e funda um novo jornal, o "Il populo d'Italia" para defender a participação da Itália na Guerra. Esta postura belicista lhe custou a expulsão do Partido Socialista.

Na qualidade de ressentido ex-socialista criou um grupo político chamado "fascistas da ação revolucionária" fundado nos princípios da autoridade e da disciplina que pretendia conciliar patriotismo e nacionalismo com direitos sociais. Seu novo jornal, que fez um enorme sucesso alcançando rapidamente tiragem semanal de 100.000 exemplares, baseava sua linha editorial na defesa da entrada da Itália na Grande Guerra, contra os alemães, o que acabou acintecendo pouco tempo depois. Mesmo sem ter ido ao campo de batalha Mussolini foi ferido gravemente em uma explosão na cidade de Pisa, permanecendo seis meses hospitalizado, período durante o qual reelabora seu projeto político.

Aposentado por invalidez, como consequência dos ferimentos, o jovem jornalista passou a se dedicar integralmente à difusão de suas críticas às condições da reparação de guerra à Itália (muito inferiores que as destinadas à França e à Inglaterra), e a debater seus temores de que em seu país ocorresse algo semelhante ao que se passava na Alemanha naqueles primeiros meses de 1919 (período conhecido como "A Revolução Alemã" que terminou com o assassinato de Karl Liebneck e Rosa Luxemburg e com um rearranjo capitalista na Constituição de Weimar).

Ainda com um discurso ainda aparentemente "de esquerda" criou um movimento chamado Facci di Combattimento (fascismo de combate) que defendia jornada diária de oito horas, direito de voto aos 18 anos, direito de voto às mulheres, taxação do capital, confisco dos bens da Igreja, entre outras propostas, embora se enfrentasse permanentemente com seus antigos aliados socialistas.

O resultado das eleições legislativas de novembro de 1919 foi decepcionante para os fascistas. Não elegeram nenhum deputado e ainda assistiram a uma precária maioria parlamentar de socialistas (156 deputados) com a esquerda reformista (92 votos) contra 230 votos dos liberais e conservadores. Todavia alguns eventos permitiram ao jornalista voltar ao protagonismo político.

No redesenho das fronteiras que se seguiu ao final da guerra algumas regiões do norte da Itália passariam ao domínio austríaco. Houve resistência por parte de ex-militares e de parcela da população afetada que pretendia seguir incorporada à Itália. Oportunista, o jornalista líder fascista posiciona seu jornal a favor dos nacionalistas que resolveram enfrentar as deliberações do Tratado de Versailles "prejudiciais à Itália e aos italianos", postura que devolve o fascismo e seu líder para o centro dos acontecimentos políticos na península.

Em 1921 mais de duas mil greves paralisam a Itália e Mussolini percebe que parte da população a elas se opõem, e que muitos italianos temem o comunismo. Relembre-se que a Revolução Russa que eclodira quatro anos ainda estava longe de ser considerada definitivamente vitoriosa. O discurso da ordem e da hierarquia encontra cada vez mais adeptos. Os fascistas já contavam com a simpatia dos ex-combatentes que haviam sido "desmobilizados", muitos dos quais ainda desempregados, dos produtores rurais que temiam a socialização de suas terras. Alguns movimentos de Mussolini, contraditórios em relação àquilo que sempre defendera, aumentam-lhe o prestígio: declara-se monarquista e, abandonando o anticlericalismo, sustenta que a Igreja é a instituição que melhor representaria o glorioso passado da Itália, e se aproxima das teses defendidas por parte do empresariado temeroso em relação à concorrência internacional. Demais disso, passam a ser frequentes os enfrentamentos nas ruas entre fascistas (os squadristi) e socialiatas, que geraram mais de trezentas mortes e de dois mil feridos durante aquele ano. Os fascistas, contando com a cumplicidade da polícia em várias pequenas cidades e com a leniência judicial, passam a cassar os "vermelhos" nas ruas, nas escolas, nos clubes, ampliando a polarização entre a direita dos "squadristi" e a esquerda dos "rossos", dos "vermelhos" socialistas e comunistas.

Para sua sorte o governo liderado pelos socialistas convoca novas eleições contando com uma significativa ampliação de sua maioria. Não foi o que aconteceu. Pela primeira vez na história os fascistas conseguem 35 cadeiras no parlamento, e Mussolini passa a ter um mandato eleitivo, e a partir de sua posição de deputado promete aos católicos uma "solução definitiva" para as pretensões soberanistas da Santa-Sé, quando Pio XI é escolhido para suceder Bento XV, falecido no final de 1921.

Uma greve geral convocada pelos sindicatos contra os fascistas apressa o desenrolar dos acontecimentos. Mussolini dá um ultimatum ao governo exigindo que em 48 horas acabe com a greve. Enquanto isso, determina a seus liderados que mobilizem as populações para que invadam os estabelecimentos em greve. Depois de muitos enfrentamentos nas ruas a greve terminou tendo pelos maiores beneficiados o Duce, cujo prestígio ganhou dimensão nacional, e o seu partido, que ultrapassa um milhão de filiados.

Fortalecidos, os fascistas decidem fazer uma "marcha a Roma". Quatro colunas de pessoas se deslocariam a pé, convocando a população para que os acompanhassem. Mussolini ficaria em Milão, esperando o desenrolar dos fatos.

O primeiro Ministro reagiu decretando o Estado de Sítio que o autorizaria a reprimir os manifestantes. Pela Constituição italiana, todavia, o decreto só entraria em vigor com a concordância do rei.

Surpreendentemente o rei se negou a autorizar a repressão. Há muitas versões e interpretações sobre essa postura do rei Victor Emmanuel, fato é, porém, que ao chegarem a Roma não foram reprimidos pelo exército, que abriam alas para que os fascistas avançassem. Diante da fragilidade dos grandes partidos em formar um governo, invocando "a vontade das ruas", o rei resolve convidar Mussolini para que tentasse organizar uma maioria parlamentar estável para governar e manda que telefonem a Mussolini - que ainda eatava em Milão - convidando-o para que fosse seu Primeiro-Ministro.

Controlando sua ansiedade o Duce se nega a atender o telefonema do rei e exige, por intermediários, um convite escrito, que acaba chegando, por telegrama, dois dias mais tarde. Calmamente o Duce deixa a Itália em expectativa até que embarca em um trem para Roma onde se apresentará ao rei não em terno e gravata, como de costume até aquela data, mas com o uniforme dos fasciatas: a camisa preta como símbolo de sua ideologia e de uma nova postura política para toda a Itália.

Com apenas 7% dos parlamentares, respaldado "na voz das ruas", os fascistas conseguiram o voto de confiança de 75% dos deputados e de 90% dos senadores.


A partir daquele momento a Itália nunca mais foi como sempre havia sido e desde então a disputa política nunca mais seria a mesma no século que se seguiu, em vários países do mundo.

Nas eleições seguintes, em 1924, os fascistas obtiveram a maioria absoluta dos votos, depois de uma intensa mobilização popular, com grande participação da juventude italiana. O Duce, o jornalista Mussolini, doravante, seria o grande líder de massas referenciado no apoio das ruas, dos movimentos, das passeatas, dos comícios.

Com prenomes que foram escolhidos em homenagem ao mexicano Benito (Juarez) e aos anarquistas Amilcare (Cipriani) e Andrea (Costa), e com incontestável apoio popular, Benito Amilcare Andrea Mussolini se transformou em um dos homens mais influentes do mundo. Suas ideias influenciaram o nazismo que chegaria ao poder apenas dez anos mais tarde na Alemanha, inspiraram o Salazarismo em Portugal, o Franquismo na Espanha e o Intergralismo no Brasil, apenas para citar alguns países.

Mussolini foi um ditador, um facínora, um déspota a serviço do capitalismo e seu regime se constituiu na eloquência do que pode haver de pior em termos de ditaduras contra os coletivos vulneráveis marginalizados, contra oa pobres, para preservar os privilégios das elites.

O que surpreende, todavia, é que suas idéias ainda encontrem adeptos, que sua estética e sua doutrina (camisa-preta, moralismo, cristianismo, conservadorismo nos costumes, anti-esquerdismo, nacionalismo, patriotismo, autoritarismo, entre outros icônicos dísticos) ainda seduzam parcelas expressivas da população.

 Milhares de "pessoas de bem", muitos dos quais sem nenhuma consciência de que são fascistas, sem perceber que professam ideias muito semelhantes àquelas propagadas pelo filho do anarquista chamado Benito Amilcare Andrea Mussolini, festejaram neste dia 31 de agosto de 2016 o golpe praticado contra a democracia brasileira.

Muitos dos que aplaudiram a quebra da institucionalidade democrática no Brasil em 2016, dos que foram partícipes do Golpe de Estado, da farsa parlamentar que contou com a cumplicidade do Supremo Tribunal Federal, são fascistas sem saber que são. Outros, a maioria, apoiaram os fascistas por razões diversas. Na Itália de 1924 nem todos eram fascistas, mas a maioria apoiou os fascistas e milhões foram se tornando fascistas convictos nos anos subsequentes, sempre invocando a bandeira, o hino, os símbolos pátrios que fortalecia o nacionalismo.

Parte dos fascistas brasileiros talvez proponha, como na Itália dos anos vinte do século passado, caçar seus adversários nas ruas, nas instituições, nos locais de trabalho, os que percebem que eles são fascistas, que os chamam pelo que são.

Como na Itália há cem anos, se isso ocorrer, haverá resistência e talvez assistamos a certo nível de enfrentamento em alguns espaços públicos. O golpe não encerrou a história da classe trabalhadora contra a opressão e contra a exploração, apenas abriu um novo capítulo na luta, mais complexo, porque o fascismo encontra-se disseminado na sociedade.

O Brasil, por culpa dos camisas-pretas, das dondocas paneleiras, dos barnabés individualistas, dos abobados que serviram de massa desmiolada conduzida pelos fascistas, a partir de agora ficará submetido, por um tempo, a um novo período de trevas, de obscurantismo, de reacionarismo e de auroritarismo. Haverá luta, não duvidem, muita luta e sem conciliação, até que luzes voltem a iluminar o futuro que o Brasil merece.



* Wilson Ramos Filho
é Professor de Direito do Trabalho da Universidade Federal do Paraná.

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Nº 19.846 - "Dilma: unir os progressistas pela democracia. Assista o vídeo"

 

31/08/2019

 

Dilma: unir os progressistas pela democracia. Assista o vídeo

 

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A fala de Dilma, agora há pouco:

Ao cumprimentar o ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva, cumprimento todos os senadoras e senadores, deputadas e deputados, presidentes de partido, as lideranças dos movimentos sociais. Mulheres e homens de meu País.

Hoje, o Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças. Os senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a Constituição Federal. Decidiram pela interrupção do mandato de uma Presidenta que não cometeu crime de responsabilidade. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe parlamentar.

Com a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado.

É o segundo golpe de estado que enfrento na vida. O primeiro, o golpe militar, apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura, me atingiu quando era uma jovem militante. O segundo, o golpe parlamentar desfechado hoje por meio de uma farsa jurídica, me derruba do cargo para o qual fui eleita pelo povo.

É uma inequívoca eleição indireta, em que 61 senadores substituem a vontade expressa por 54,5 milhões de votos. É uma fraude, contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis.

Causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história, propiciada por ações desenvolvidas e leis criadas a partir de 2003 e aprofundadas em meu governo, leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados.

O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social.

Acabam de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil, sem que haja qualquer justificativa constitucional para este impeachment.

Mas o golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido. Isto foi apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática.

O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido.

O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência.

Peço às brasileiras e aos brasileiros que me ouçam. Falo aos mais de 54 milhões que votaram em mim em 2014. Falo aos 110 milhões que avalizaram a eleição direta como forma de escolha dos presidentes.

Falo principalmente aos brasileiros que, durante meu governo, superaram a miséria, realizaram o sonho da casa própria, começaram a receber atendimento médico, entraram na universidade e deixaram de ser invisíveis aos olhos da Nação, passando a ter direitos que sempre lhes foram negados.

A descrença e a mágoa que nos atingem em momentos como esse são péssimas conselheiras. Não desistam da luta.

Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados.

Sei que todos vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer.

Quando o Presidente Lula foi eleito pela primeira vez, em 2003, chegamos ao governo cantando juntos que ninguém devia ter medo de ser feliz. Por mais de 13 anos, realizamos com sucesso um projeto que promoveu a maior inclusão social e redução de desigualdades da história de nosso País.

Esta história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano.

Espero que saibamos nos unir em defesa de causas comuns a todos os progressistas, independentemente de filiação partidária ou posição política. Proponho que lutemos, todos juntos, contra o retrocesso, contra a agenda conservadora, contra a extinção de direitos, pela soberania nacional e pelo restabelecimento pleno da democracia.

Saio da Presidência como entrei: sem ter incorrido em qualquer ato ilícito; sem ter traído qualquer de meus compromissos; com dignidade e carregando no peito o mesmo amor e admiração pelas brasileiras e brasileiros e a mesma vontade de continuar lutando pelo Brasil.
Eu vivi a minha verdade. Dei o melhor de minha capacidade. Não fugi de minhas 

responsabilidades. Me emocionei com o sofrimento humano, me comovi na luta contra a miséria e a fome, combati a desigualdade.

Travei bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles.

Às mulheres brasileiras, que me cobriram de flores e de carinho, peço que acreditem que vocês podem. As futuras gerações de brasileiras saberão que, na primeira vez que uma mulher assumiu a Presidência do Brasil, a machismo e a misoginia mostraram suas feias faces.


Abrimos um caminho de mão única em direção à igualdade de gênero.
Nada nos fará recuar.

Neste momento, não direi adeus a vocês. Tenho certeza de que posso dizer “até daqui a pouco”.
Encerro compartilhando com vocês um belíssimo alento do poeta russo Maiakovski:

”Não estamos alegres, é certo,
Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado
As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,
Rompê-las ao meio,
Cortando-as como uma quilha corta.“
 
Um carinhoso abraço a todo povo brasileiro, que compartilha comigo a crença na democracia e o sonho da justiça.


https://www.facebook.com/DilmaRousseff/videos/1190517181001871/

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Nº 19.845 - "Dilma, mártir da democracia"

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31/08/2016


Dilma, mártir da democracia

 

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Tereza Cruvinel



Com o golpe, acaba-se um tempo, começa outro. Chega ao fim a República de 1988, a Nova República, como também é chamado o período democrático que se seguiu ao fim da ditadura, em 1985, e foi moldado pela Constituição de 1988.

No tempo nebuloso do pós-golpe, clara será a figura de Dilma Rousseff como mártir da democracia ferida ainda na infância. A crise vai se aprofundar, trazendo mais dores e perdas para todos. Os vencedores vão desfrutar por algum tempo o poder, levando para sempre a marca de golpistas.

Os que resistiram amargarão a derrota mas seguirão livres de vergonha ou arrependimento.

O Brasil levará algum tempo para se reencontrar mas Dilma já estará entre os personagens maiores desta saga em que as elites quase sempre decidem excluindo o povo. Dilma, como Lula, como Jango, como Getúlio, despertou as iras do conservantismo nacional porque tentou uma conciliação democrática, que incluía o povo no projeto de Nação.

As razões para sua deposição não convenceram a consciência democrática do Brasil nem a inteligência internacional mas isso pouco importou à maioria formada, capitaneada por PMDB e PSDB, para realizar o desígnio de derrubá-la. Era tempo de encerrar o ciclo de governos petistas pelo método de sempre, dispensando a soberania do voto, antes que chegasse a eleição de 2018. Não fora possível remover Lula porque, num cenário internacional mais favorável, ele promoveu uma conciliação de classes exitosa, em que as elites ganharam muito mas alguns nacos do crescimento, e do orçamento, ficou para os mais pobres. E com isso, foi blindado pela imensa popularidade. Diferentemente, Dilma chegou ao governo quando os efeitos da crise global alcançaram o Brasil, resfriando a economia e afetando a arrecadação.

Erros de calibragem podem ter agravado o quadro, como ela já reconheceu, mas não constituíram os crimes que os arquitetos do golpe formataram, a partir das dificuldades fiscais, para viabilizar o impeachment.

No futuro, quando se falar que a primeira mulher presidente do Brasil sofreu impeachment por conta de "pedaladas fiscais", será explicado que, num quadro fiscal apertado, seu governo atrasou, como já fora feito no passado, o ressarcimento do Banco do Brasil pelo subsídio aos juros para agricultores. Deverá ser dito que ela mesma não tendo tido ação direta nesta gestão, foi acusada e condenada por contratar operação de crédito com banco oficial, violando a lei de responsabilidade fiscal. Será dito que remanejou recursos do orçamento por decreto, sem aprovação legislativa, conforme autorizado pela lei orçamentária. Mas que, embora seu governo tenha reajustado a meta fiscal anual, alegaram que os decretos estouraram a meta antes de seu reajuste, embora o resultado primário seja medida anual.

Quando isso for contado ao futuro, alguém lembrará a diferença entre o Senado brasileiro e o dos Estados Unidos, que barrou o impeachment de Andrew Jackson em 1868 e o de Clinton em 1998, considerando a punição desproporcional à acusação. A Câmara autorizara o processo contra Jackson, no curso de uma disputa política, por ter demitido um secretário sem licença do Congresso, e o de Clinton, como todos se lembram, por perjúrio no caso Monica Levinsky. Lá, o Senado foi moderador. Aqui, foi cassador. Se na Câmara houve a vingança de Eduardo Cunha, no Senado muita gente acertou contas com Dilma e o PT. E isso está nos anais, nos discursos em que recordam mágoas e ressentimentos por não terem sido mais afagados ou contemplados.

Condenada sem crime demonstrado, resistindo e denunciando a natureza golpista do processo, enfrentando seus caçadores cara a cara, na véspera da condenação, desconcertando-os com sua firmeza e sua dignidade, amparando-se apenas no apoio popular, Dilma tornou-se mártir da democracia. Poderia ter renunciado, preservando os direitos políticos, como fizeram tantos parlamentares que enfrentaram processos de cassação. Seria indigno dela e de sua história. O que a vida quer da gente é coragem, como disse na primeira posse, repetindo Guimarães Rosa.

A fogueira para Dilma começou a ser montada quando ela ousou, no primeiro mandato, fazer uma faxina demitindo de seu ministério políticos acusados de corrupção. Muitas consequências vieram na disputa acirrada pela reeleição, que também deixou sequelas. A base parlamentar começou a desidratar-se mas ela se reelegeu e o segundo mandato deixou a Lava Jato avançar, garantindo autonomia às investigações que alcançaram a nomenclatura política. E o que dizer de sua repulsa às concessões fisiológicas aos partidos, em nome da governabilidade? Como pano de fundo, o sistema político-eleitoral brasileiro, que garante a eleição direta de presidentes mas não lhes proporciona a formação de maioria parlamentar, impondo a necessidade das coalizões pragmáticas, sem base ideológica ou programática. Quando vieram as estranhas manifestações de 2013, e a popularidade de Dilma sangrou pela primeira vez, os tubarões se prepararam para o ataque. Sabotando medidas, o Congresso agravou a crise econômica para tornar a paisagem mais favorável ao golpe. A mídia e a Lava Jato fizeram impecavelmente sua parte.

Era tempo, para as elites, de dar um basta no ciclo de governos populares, com suas políticas públicas para pobres que elevaram tanto o gasto público. Que volte o Estado mínimo e os direitos rarefeitos. Que todos se convençam de que é melhor pagar pelo ensino e pela saúde, e aposentar-se aos 70 anos de idade, se a vida permitir. Engendre-se um jeito de remover Dilma.

Por último, mas não menos importante, o martírio de Dilma incluiu também o preconceito de gênero, a misoginia de uma elite branca, rica e máscula, como tão bem expressa o ministério de Temer. Dilma foi criticada pelas roupas que usava, foi acusada de ser instável, dura e temperamental, de ser histérica e tomar remédios para se controlar. No curso do processo, circulou o boato de que tentara se matar. Ora lhe imputavam a fragilidade "feminina", ora uma dureza inabilidosa.

O golpe passou, as feridas estão abertas, mas Dilma já entrou para a História. Como heroína, como mártir da democracia.

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Nº 19.844 - "Falta o Supremo, o defensor da Constituição"


31/08/2016

 

Falta o Supremo, o defensor da Constituição

Quantos Marco Aurélio há no Supremo?




Conversa Afiada - publicado 31/08/2016
 
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O Supremo merece assistir a Lucia di Lammermoor, diriam os melômanos (Créditos: Edílson Rodrigues/Agência Senado)


O Golpe maculou irremediavelmente todas as instituições.

Menos uma.

O Supremo.

O Supremo ainda não julgou o Golpe.

Estabeleceu os ritos do Golpe, mas não considerou se é Golpe ou não.

Como disse o guerrilheiro - e hoje Anastasia do Cerra - José Aníbal, que Golpe é esse se o Supremo o ratifica?

O Supremo não o ratificou ainda.

O Supremo, como se diz, é o último que pode errar.

Quem sabe, o Supremo votará com o Ministro Marco Aurélio?

Assim como o Ministro Fux declarou-se impedido de votar uma ação que envolve o André Esteves, o Ministro (sic) Gilmar (PSDB-MT), enquanto não for impeachado, se declarará também impedido - pelo conjunto da nefasta obra - de votar a substância do processo do Golpe.


Em seu bravo pronunciamento, a Presidenta disse que não foi ao Supremo antes para não esgotar a instância do Senado.

Mas, na opinião desse ansioso blogueiro, esse foi um dos mais desastrosos equívocos de seu invariavelmente derrotado advogado, o zé Cardozo.

Ele teve, cedo, em cima de sua mesa, um trabalho que dava base a uma consulta ao Supremo, para olhá-lo, no olho, sobre a constitucionalidade da "lei" que sustenta o Golpe.

Ele preferiu não ir.

Como preferiu dar à Policia Federal o poder irrestrito de se tornar a sede da sedição!

Onde já se viu qualquer delegado ter acesso a informações de inteligência que deveriam ser restritas ao Ministro (e à Presidenta)?

zé se gaba de não ter chefiado a PF.

Polícia sem chefe só na ditadura.

Quem não tinha chefe era o delegado Fleury, que saía por aí matando quem quisesse e não tinha chefe.

Vamos ver se o Dr. Daiello - que é DG da PF do Golpe como foi do zé - agora não tem mais chefe!

Vamos ver se a PF do Dr. Daiello agora vai invadir a sede da Presidência da Republica, em São Paulo, sem que o "chefe" saiba.

Vamos ver se o delegado Ancelmo, agora, no dia 31 de agosto de 2016, vai pedir o indiciamento do Traíra, tão invocado quanto o Aecím, com os mesmos argumentos que a Globo considerou pífios.

O zé chora, porque perdeu todas - porque foi encurralado pela Policia sediciosa!

E entre seus inúmeros equívocos - que a brilhante peroração final, nessa terça-feira
30 de agosto não apaga - figura ter adiado, até hoje, a ida ao Supremo.

O ansioso blogueiro confia no Supremo.

Porque lá - veja na aba "não me calarão" - obteve vitórias que definem pontos que marcam, na jurisprudência, o amplo espaço da liberdade de expressão.

O Supremo não é o Senado.

O Supremo não é o Gilmar!


PHA



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PITACO DO ContrapontoPIG

No Supremo há uma maior possibilidade de participação da sociedade e da seriedade.

Ademais, um milhão de pessoas - de todas as partes do país -  abafando "carinhosamente" aquele prédio - pode permitir uma maior pressão popular para a obtenção da verdade.


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Nº 19.843 - "Requião alerta: preparem-se para uma guerra civil "

“Se as senhoras e os senhores concordam com a redução do Brasil a um medíocre estado associado, outro Porto Rico, que se sintam servidos. Não será a primeira vez que os abutres e os corvos caem sobre o nosso país, retalhando-o, estraçalhando-o, sugando-o”, acrescentou o senador, que repetiu as palavras que Tancredo Neves dirigiu contra Moura Andrade que declarou vaga a presidência com João Goulart ainda em território nacional, consumando o golpe de 64: “Canalha! Canalha! Canalha!”, repetiu, dirigindo-se a Aécio Neves, neto de Tancredo, e aos demais senadores que querem derrubar a presidenta da República.

As intenções do vice que quer ser titular são claras, solares”, emendou Requião:

Desvincular o reajuste das aposentadorias e pensões do aumento do salário mínimo. Será a destruição do maior instrumento de distribuição de renda do país, que é a Previdência Social. Se pensões e aposentadorias não mais acompanharem o aumento do salário mínimo vai ser um massacre contra mais de 20 milhões de brasileiros.

– Rever direitos e garantias sociais acumulados ao longo dos últimos 80 anos, especialmente direitos e garantias previstos na CLT. Impor, como pedra de toque dessa revisão, o negociado sobre o legislado.
– Eliminar tímidas conquistas na área da igualdade de gênero.

– Congelar por inacreditáveis 20 anos as despesas correntes e de investimento da União, excetuando-se as despesas financeiras com o serviço da dívida pública. Ou seja: congelar por duas décadas as despesas com saúde, educação, segurança pública, saneamento, infraestrutura, habitação, mas garantir o pagamento de juros.

– Privatização em regra e alienação radical de todo o patrimônio energético, mineral, florestal, agrário, territorial, hídrico, fabril, tecnológico e aéreo do Brasil. Depois da entrega do pré-sal, da venda de terras para os estrangeiros, querem entregar até mesmo o Aquífero Guarani, a maior reserva de água potável do planeta.


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PITACO DO ContrapontoPIG


Guerra civil?

Só quando o povo sentir na carne as "intenções claras e solares"  de vice usurpador.

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Nº 19.842 - "Dilma deu início ao julgamento dos canalhas perante a História"



Dilma deu início ao julgamento dos canalhas perante a História


Brasil 247 - 30/08/2016 

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Pedro França: <p> Em destaque, senador Aécio Neves (PSDB-MG). Foto: Pedro França/Agência Senado</p> 


Jeferson Miola


Jeferson MiolaA consumação do golpe de Estado baseado no processo fraudulento de impeachment da Presidente Dilma é uma questão de horas.
 
A liturgia que está sendo seguida neste julgamento, com longas sessões no Senado presididas pelo Presidente do STF, é apenas um verniz para aparentar normalidade de funcionamento das instituições que, na verdade, estão sendo destroçadas com o golpe.

A maioria do tribunal de exceção em que se transformou o Senado da República é formada por senadores e senadoras golpistas que já condenaram por antecipação a Presidente Dilma, muito antes do início do processo e independentemente da inexistência de fundamentos jurídicos e legais.

Esse tribunal de exceção não fará um julgamento justo, honesto e imparcial, porque decidirá fascistamente, com base apenas numa maioria conspiradora que violenta a Lei e a Constituição para tomar de assalto o poder de Estado.

Uma maioria que forjou argumentos jurídicos fraudulentos através de militantes partidários infiltrados nas instituições do Estado como o Tribunal de Contas da União, para derrubar uma adversária que não conseguiram vencer nas urnas.

Não existe racionalidade, razoabilidade e, menos ainda, verdade na decisão pré-concebida desta maioria que se vale unicamente da condição majoritária, mas não de eventual crime de responsabilidade que poderia justificar a cassação do mandato presidencial.

Nas quase 15 horas de depoimento no tribunal de exceção, Dilma desmascarou os algozes de 2016 que não trajam a farda militar que trajavam seus algozes da ditadura civil-militar de 1964 que também tinham sociedade com o Grupo Globo, mas que nem por isso deixam de ser gorilas oligárquicos que atentam contra a democracia e o Estado de Direito.

pronunciamento da Presidente Dilma na abertura da sessão do tribunal de exceção é uma peça memorável que organiza a narrativa sobre o golpe e instrumentaliza a resistência democrática e popular do próximo período.

É um discurso que adquire a mesma transcendência histórica de libelos famosos de vítimas da opressão e da tirania burguesa como a carta aberta Eu acuso, de Émile Zola [1898]; como A história me absolverá, de Fidel Castro [1953]; e como a Carta Testamento, de Getúlio Vargas [1954].

O gesto de Dilma é equiparável à trajetória de militantes revolucionárias como Olga Benário e Rosa Luxemburgo, que enfrentaram corajosamente e frontalmente seus opressores.

Os canalhas sofreram uma derrota estratégica na “assembléia geral de bandidos” de 29 de agosto de 2016. Eles foram surpreendidos por uma mulher que não só é mais madura que a jovem corajosa e ousada que enfrentou pela primeira vez um tribunal de exceção com 23 anos de idade em janeiro de 1970, mas que continua sendo uma “brava mulher brasileira” lutadora da igualdade e da justiça social.

Dilma teve uma atuação magistral. Gigante, contrastou com o nanismo moral dos seus algozes. Ela ensinou aos golpistas a diferença entre o golpe militar que destrói a árvore da democracia a machadadas e o golpe parlamentar dos fungos, que parasita a árvore da democracia silenciosamente.

Dilma foi uma mulher destemida, que revelou temor pela única morte que um ser humano digno e decente pode temer, que é a morte da democracia.

Este 29 de agosto de 2016 entra para a história não como mais uma etapa da farsa do impeachment da Presidente da República que está em vias de ser perpetrado, mas como o dia em que Dilma decretou o início do julgamento histórico dos canalhas.

A partir desse dia, esses canalhas fascistas foram reduzidos à condição de fungos desprezíveis que parasitam a árvore da democracia. Eles serão julgados e condenados pelo povo muito mais cedo que tarde.
 
Assim como seus inquisidores de janeiro de 1970 escondiam seus rostos para não serem reconhecidos, os fascistas que em 2016 cassarão seu mandato legítimo também viverão escondendo seus rostos, e serão escravos de uma vergonha que os acompanhará pela eternidade da História.

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Nº 19.841 - "Discurso da senadora Regina Sousa"

 

31/08/2016

Discurso da senadora Regina Sousa

 

  • Publicado: Terça, 30 de Agosto de 2016, 20h12
  • Última atualização em Terça, 30 de Agosto de 2016, 20h20

    Publicado: Terça, 30 de Agosto de 2016, 20h12  Última atualização em Terça, 30 de Agosto de 2016, 20h20


SENADORA REGINA SOUSA (PT-PI)



Senhor Presidente, senhoras e senhores parlamentares,


Povo brasileiro!

Quero começar desmontando a história da legitimidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Roussef. Dizem que ele está respaldado na Constituição. Senhores, o AI-5 foi editado dentro da legalidade da época. Esse Senado Federal teria coragem de aprovar o AI-5?

O Brasil e o mundo assistem hoje o último capítulo de uma trama bem armada, uma conspiração bem articulada por uma maioria política que se formou pós eleição de 2014. Essa maioria tinha um objetivo: impedir que a presidenta Dilma governasse, aproveitando-se do fato de ela ter sido eleita com uma base parlamentar fragilizada pela divisão de alguns partidos do bloco.

Aqui adotou-se a mesma tática que Carlos Lacerda tramou contra Getúlio Vargas: Dilma não pode ser eleita, se eleita não toma posse, se tomar posse não governa. E foi o que aconteceu.

Para chegar no impeachment, uma rede de atores, foi montada. Cada um no seu papel de respaldar uma acusação frágil para usurpar um mandato legítimo. O enredo foi envolveu os seguintes agentes:

 O TCU, através de um conluio entre o procurador de contas e um auditor;

 O partido que perdeu a eleição e encomendou um parecer jurídico para apontar os atalhos para derrubar o governo legitimamente eleito pelo povo;

 Um grupo de parlamentares chamado G-8 para planejar a conspiração (palavra deles). Até aulas tinham, de um ilustre cidadão chamado Nelson Jobim!

 O presidente da Câmara chantagista, sabotando as medidas do governo, inclusive a LOA e o PLN 5;

 A Polícia Federal – produzindo espetáculos para desgastar o governo;

 A FIESP – patrocinando patos humanos e de plástico – os humanos vão pagar o pato

 Setores do Ministério Público e da Justiça Federal – fazendo uma operação seletiva e com a finalidade de derrubar a presidenta da República, isso foi confessado por um procurador que, em nome da força tarefa, disse que todos se sentiam usados: “éramos lindos até o impeachment se tornar irreversível, agora nos dizem chega”. Disse isso à Folha de São Paulo. Se ele se calou, é porque deve ter sido chamado ao centro da roda e devidamente enquadrado.

 O Ministério Público também, numa clara interferência no Executivo, impediu Dilma de nomear Lula seu ministro. Se o Ministério Público tivesse o zelo de impedir a nomeação do Ministério do presidente interino, não teria dificuldade para barrar 90% deles, dada a ficha corrida de cada um que lá está.

 O vice Michel Temer, que assistia todo o desenrolar dessa suja trama, na primeira fila, a esperar a oportunidade de acenar ao público no final, mesmo que a plateia lhe dê as costas.

 E o ator principal – a Rede Globo, que domina quase todo o mercado da comunicação, manipulando e inflando notícias negativas do governo através de alguns de seus jornalistas, robotizados até no sorriso.

Senhor presidente, senhores senadores, quem não têm argumentos para refutar decretos e subvenções, diz que vai julgar pelo conjunto da obra.

Qual conjunto? Corrupção no governo? Não têm coragem. As delações estão aí envolvendo o próprio presidente interino, seus ministros e gente desta Casa, uns recebendo 3%, outros, 10 milhões e até 23 milhões.

Aí vem o ridículo dessa história: a delação de Leo Pinheiro não vale porque vazou? É pra rir ou pra chorar? Não vale porque precisa proteger os membros do governo e de partidos das suas bases.

Aqui, nesta Casa, existem campeões de denúncias, nenhuma vai pra frente, pois o santo protetor não permite nem investigar.

Vou falar rapidamente do conjunto da obra de Dilma e Lula: estão em julgamento aqui os benefícios ao povo pobre:

 Luz para Todos que tirou 15 milhões de pessoas da escuridão;

 Minha Casa, Minha Vida que deu endereço a 2,6 milhões de famílias;

 O bolsa-família, que beneficiou 48 milhões de pessoas, tirando das cozinhas das madames as meninas que trabalhavam em troca de um prato de comida;

 O PROUNI, que permitiu ao filho do cortador de cana se formar em medicina;

 O PRONATEC, O SAMU, a farmácia popular, o programa das cisternas, o Ciência Sem Fronteiras, o Bolsa Atleta – ambos já cortados;

 Mais Médicos; novas universidades federais, novos institutos federais e tantas outras conquistas que mudaram o perfil social deste País.

Na verdade, a disputa aqui é entre o Bolsa Família e a Bolsa de Valores. É a disputa entre projetos de um país para todos ou um país apenas para os ricos.

Quero ainda desmontar o jargão “Nunca o Brasil viveu uma crise como esta”. Em que País os senhores acusadores moravam de 1997 a 2002?

 Vou reavivar a memória de vocês. Em 1997, o Plano Real começou a fazer água pelas mãos de FHC, que comprou a reeleição. Tem confissão de deputados que participaram daquele conluio!

 Em 2002, no governo do PSDB, o desemprego era o segundo maior do mundo, 11 milhões e 454 mil pessoas estavam desempregadas, quando nossa população era muito menor!

 Em 2002, as nossas reservas internacionais eram de 37 bilhões, hoje, depois de 13 anos de governo do PT, são 370 bilhões;

 Em 2001 teve apagão elétrico – quem não se lembra?

 Tinha um tal de risco país que era o segundo maior do mundo, e nunca teve grau de investime

 Em 2002, a inflação era de 12% e a taxa de juros era de 25,5%;

 Entre 1999 e 2001, o Brasil foi três vezes de joelhos ao FMI para dar conta de fechar as contas;

 A dívida pública foi dobrada no governo do FHC;

 E tem o PROER, HSBC, a “pasta cor de rosa”, “privataria tucana” etc;

É só ir aos jornalões da época, que os senhores hoje utilizam como seus meios preferidos: FOLHA, Estadão, Globo, está tudo lá!

O dia de ontem pode não ter mudado voto, mas a população compreendeu o que se passa no Brasil.

Dilma veio, olhou nos olhos de seus julgadores, e falou com a firmeza dos inocentes. Quem esperava uma Dilma cabisbaixa, triste, abatida, pedindo clemência, viu uma Dilma altiva, firme, segura e esperançosa. Ela não veio pedir clemência, isso pede quem é culpado. Ela veio pedir justiça. Alguns dizem que ela foi repetitiva, mas como não ser, se as perguntas eram as mesmas?

Senhoras senadoras, senhores senadores, alguém já disse que não é fácil pensar, é mais fácil julgar. Pensar exige olhar para si, antes de olhar para o outro. Olhando para dentro de nós é possível descobrir coisas que não queremos ver, nossos erros às vezes transformados em crimes, de tão graves que são. Eu peço a cada um e a cada uma que olhe para si antes de proferir seu voto.

Dispam-se de seus ressentimentos e façam Justiça, ou então que atire a primeira pedra quem não carrega nos ombros nenhuma culpa. Se o resultado for o afastamento da presidenta, este dia vai marcar a história como o dia em que a democracia no Brasil foi golpeada mais uma vez.

Para Dilma e para todos que defendem o seu mandato, dedico parte do poema de Mário Benedetti:

Não te rendas, por favor, não cedas,

Ainda queo frio queime,

Ainda que o medo morda,

Ainda que o sol se esconda,

E o vento se cale,

Ainda existe fogo na tua alma.

Ainda existe vida nos teus sonhos.

Meu voto é não, senhor presidente

.Assista ao vídeo: https://youtu.be/9hbku4enkP0

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Nº 19.840 - "Quase 14h de Dilma e uma defesa histórica para inspirar a resistência "

 

30/08/2016

 

Quase 14h de Dilma e uma defesa histórica para inspirar a resistência 

 


A presidenta Dilma começou a falar no Senado às 9h53 e terminou às 23h47. Quase 14h de uma defesa memorável que vai se tornar uma peça de estudos por muitos e muitos anos.

Uma defesa que já seria histórica se fosse algo mais ou menos razoável, mas não foi só. Foi um show. Um show de coragem, de dignidade e de respeito à biografia e à democracia.


 dilma-agencia-senado


Renato  Rovai 


Não é pouco ter dignidade para defender a biografia. No universo da política as pessoas trocam suas biografias por qualquer trocado.
 
Entre aqueles que vão ser os juízes de Dilma não são poucos os que se lixam para o que vai ser dito sobre eles.

Há ali no Senado, por exemplo, gente, como o senador Romero Jucá que foi pego em gravação conspirando para acabar com o governo Dilma e a Lava Jato. 

Há também lá o senador Perrela, que teve um helicóptero apreendido com 450 quilos de cocaína, mas que tem coragem de chamar pedaladas de crime.

Ou ainda pessoas do quilate de Aécio Neves, que de tão delatado é considerado como aquele que seria o “primeiro a ser comido” pela Lava Jato, na feliz expressão do ex-senador Sérgio Machado.

Há também traidores covardes, como senadora Marta, ou traidores dissimulados, como Cristovam.
Nenhum desses está preocupado com a sua biografia.

Até porque alguns nunca tiveram e outros decidiram rasgá-las sem dó.

Mas Dilma, não. Ela respeita a sua biografia.

E só aceitou a condição de ser interrogada por 14 horas porque sabia que precisava defender também as instituições e o processo democrático.

E porque sabe que o golpe que está próximo de acontecer não pode se dar sem resistência. Sem sinais de resistência. Sem uma clara mensagem de futuro.

E Dilma deixou hoje, no dia 30 de agosto de 2016, uma clara mensagem.

Não se entregue, não desista, não seja covarde, seja leal e tenha dignidade.

E essa mensagem poderia e deveria pautar as lutas futuras da esquerda brasileira.

Dilma cometeu erros políticos, mas não é uma criminosa moral.

E esse que pode ter sido seu epílogo no poder foi uma aula magna de decência.

 
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Nº 19.839 - "Número 2 da PGR: é golpe e Temer está sendo delatado "

"Eu acho que, do ponto de vista político, é um golpe, é um golpe bem feito, dentro daquelas regras", opinou. "Isso a gente vê todo dia, é parte da política", acrescentou. Questionada se era então um golpe com a participação do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria Geral da República, da qual ela faz parte, respondeu: "Aí tem que ser uma conversa muito mais comprida".

"Tem muita gente que pensa como eu dentro da instituição", disse ainda Ela Wiecko. "Eu estou incomodada com essas coisas que estão acontecendo no Brasil. Acho que não foi da melhor forma possível", comentou.

Sobre Michel Temer, a número 2 de Rodrigo Janot declarou: "Pelas coisas que a gente sabe do Temer, não me agrada ter o Temer como presidente. Não me agrada mesmo. Ele não está sendo delatado? Eu sei que está. Eu não sei todas as coisas a respeito das delações, mas eu sei que tem delação contra ele.

Então, não quero. Mas as coisas estão indo".

A respeito do protesto a favor de Dilma, disse não se arrepender de ter participado. "Eu estava de férias, em um curso como estudante. É isso", disse. Questionado sobre a dificuldade em se separar a cidadão de sua atividade na PGR, se irritou: "Eu não posso falar nada? Não posso ter nenhuma liberdade de manifestação? (Isso) é um pouco exagerado, né?"

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Nº 19.838 - "Requião: Golpe é esquartejamento da soberania!"

 

30/09/2016

 

Requião: Golpe é esquartejamento da soberania!

É espantoso que algum ser humano possa aceitar isso!


 
 
Conversa Afiada - publicado 30/08/2016
 
 
requião hoje.jpg
"Este Senado está prestes a repetir a ignomínia de março de 64"


O Conversa Afiada reproduz discurso feito pelo senador Roberto Requião nesta terça-feira (28):
Não pretendo, nesta histórica sessão, moderar a linguagem ou asfixiar o que penso. Não vou reprimir a indignação que me consome.

Canalha! Canalha! Canalha!

Assim Tancredo Neves apostrofou Moura Andrade que declarou vaga a Presidência, com Jango ainda em território nacional, consumando o golpe de 1964.

Duvido que um só de nós esteja convencido de que a presidente Dilma deva ser impedida por ter cometido crimes.

Não são as pedaladas ou a tal da irresponsabilidade fiscal que a excomungam.

O próprio relator da peça acusatória praticou-as à larga.

Só que lá em Minas não havia um providencial e desfrutável Eduardo Cunha e nem um centrão querendo sangue, salivando por sinecuras e pixulecos.

A inocência do relator é a mesma de Moura Andrade declarando vaga a Presidência.

Ah, as palavras de Tancredo coçam-me a garganta.

Este Senado está prestes a repetir a ignomínia de março de 64.

O que se pretende?

Que daqui a alguns anos se declare nula esta sessão, com declaramos nula a sessão que tirou o mandato de Goulart e peçamos desculpas à filha e aos netos de Dilma?

Tudo bem.

Se mesmo sem culpa, esta Casa condenar a presidente, que cada um esteja consciente do que há de vir.

Que ninguém, depois, alegue ignorância ou se diga trapaceado, porque as intenções do vice que quer ser titular são claras, solares.



Vejam só alguns casos exemplares.

1. Desvincular o reajuste das aposentadorias e pensões do aumento do salário mínimo. Será a destruição do maior instrumento de distribuição de renda do país, que é a Previdência Social.

Se pensões e aposentadorias não mais acompanharem o aumento do salário mínimo vai ser um massacre contra mais de 20 milhões de brasileiros.

Para quê?

Para pagar os juros da dívida; os juros que são hoje o maior instrumento de concentração de renda no Brasil.


2. Rever direitos e garantias sociais acumulados ao longo dos últimos 80 anos, especialmente direitos e garantias previstos na CLT. Impor, como pedra de toque dessa revisão, o negociado sobre a legislado.


3. Eliminar tímidas conquistas na área da igualdade de gênero.


4. Congelar por inacreditáveis 20 anos as despesas correntes e de investimento da União, excetuando-se as despesas financeiras com o serviço da dívida pública.


Ou seja: congelar por duas décadas as despesas com saúde, educação, segurança pública, saneamento, infraestrutura, habitação, mas garantir o pagamento de juros.

É como proibir que, por 20 anos, nasçam crianças, que jovens tenham acesso às escolas; que os brasileiros envelheçam ou fiquem doentes. E assim por diante.

É espantoso que algum ser humano tenha um dia concebido tamanha barbaridade. E mais espantoso ainda que algum ser humano possa aprovar isso.

5. Privatização em regra e alienação radical de todo o patrimônio energético, mineral, florestal, agrário, territorial, hídrico, fabril, tecnológico e aéreo do Brasil.
 
Depois da entrega do pré-sal, da venda de terras para os estrangeiros, querem entregar até mesmo o Aquífero Guarani, a maior reserva de água potável do planeta.
 
O desmantelamento do país, o esquartejamento de nossa soberania e a submissão aos interesses geopolíticos globais gritam, berram, expõem-se à vista de todos.


Tudo bem.

Se as senhoras e o senhores concordam com a redução do Brasil a um medíocre estado associado, outro Porto Rico, que se sintam servidos. Não será a primeira vez que os abutres e os corvos caem sobre o nosso país, retalhando-o, estraçalhando-o, sugando-o.

Essa combinação explosiva de entreguismo com medidas contra os aposentados, os assalariados, os mais pobres, contra direitos e conquistas populares alimentam as contradições de classe, em consequência, a luta de classes.

As senhoras e os senhores estão preparados para a guerra civil?

Não? Entrincheirem-se, então, porque o conflito é inevitável.

O povo brasileiro, que provou por alguns poucos anos, o gosto da emergência social não retornará submissamente à senzala.

Os dias de hoje, esses infelizes dias, lembram-me outros dias, também dramáticos, decisivos:
os dias de agosto de 1954.

Assim, leio trechos da Carta Testamento de Vargas porque nela se reproduzem o drama de agora.


“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa.
Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

(….)

A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho.

(…….)

Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios.

Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma.

(…..)

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado.

Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue.

Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado.

Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência.

(….)

Esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.

Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto.
O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história."

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