24/12/2016
Feliz 2018?
Brasil 247 - 24/12/2016
Leonardo Attuch
Em uma de suas últimas entrevistas de 2016, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi claro. Disse que a equipe econômica não espera qualquer sinal de crescimento econômico no primeiro trimestre de 2017. Isso significa que o governo Michel Temer, empossado no dia 13 de maio, completará quase um ano sem conseguir reanimar a economia brasileira, a despeito de todas as promessas de "volta da confiança".
Entre os agentes do mercado financeiro, as expectativas para 2017 já foram todas rebaixadas. Se antes havia a esperança de um crescimento próximo a 2% no próximo ano, hoje se fala de algo entre zero e 0,5%. Ou seja: mesmo que surjam sinais de expansão a partir da segunda metade do ano, a sensação térmica, para os empresários e trabalhadores, ainda será de recessão – a mais longa e mais profunda da história do País, que é reflexo da implosão do sistema político.
O mais grave é que todas as fontes de crescimento parecem contidas. O mercado interno sofre com o medo do desemprego, que deve continuar em alta em 2017, e com a escassez de crédito e o alto endividamento das famílias. No setor externo, que poderia ser uma fonte de expansão, a tendência hoje é de "desglobalização" e de recrudescimento do protecionismo. E os investimentos públicos em infraestrutura também têm sido limitados pela quebra generalizada das construtoras, pela lentidão dos acordos de leniência com as empreiteiras e pela crise fiscal dos governos, em todas as suas esferas.
Tudo isso forma um caldo explosivo, para o primeiro trimestre de 2017, quando o governo Temer terá que enfrentar não apenas o descontentamento com os rumos da economia, como também eventuais reações a uma agenda extremamente impopular, que contempla as reformas do sistema de aposentadorias e das leis trabalhistas. Se isso não bastasse, ainda devem ser homologadas as delações da Odebrecht, que atingem integrantes do governo e para as quais o procurador-geral Rodrigo Janot defende o fim do sigilo.
Nesse quadro extremamente complexo, será também colocada em julgamento, no Tribunal Superior Eleitoral, a ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer. Além disso, a base de Temer, que já impôs uma derrota ao governo na votação da renegociação da dívida dos estados, deverá ter novas fissuras após as eleições para os comandos da Câmara e do Senado. Temer poderá se equilibrar e concluir seu mandato, mas tudo indica que o Brasil só terá alguma esperança de estabilidade política e expansão econômica após a próxima eleição presidencial, seja ela em 2018 ou, quem sabe, em 2017.
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