31/12/2016
Por que eles querem que o Brasil esqueça Lula?
Do FACEBOOK
Luiz Mattos
Por que eles querem que o Brasil esqueça Lula?
Por que com ele é como se Getúlio falasse; ou Allende para
os chilenos; ou Perón para os argentinos; ou Cárdenas para
os mexicanos. Com uma diferença: Lula vive
Por que com ele é como se Getúlio falasse; ou Allende para
os chilenos; ou Perón para os argentinos; ou Cárdenas para
os mexicanos. Com uma diferença: Lula vive
por: Saul Leblon
Roberto Parizzoti
Respira-se um cheiro azedo de fardas, togas e ternos
empapados da sofreguidão nervosa que marca as escaladas de
demolição do Estado de Direito nos solavancos da História.
empapados da sofreguidão nervosa que marca as escaladas de
demolição do Estado de Direito nos solavancos da História.
Consulte os anos 30 na Alemanha, os 50 do macarthismo
norte-americano, os 60 da ditadura brasileira, os 70 do
massacre chileno...
Há um clima de dane-se o pudor por parte das elites e da
escória que a serve.
Faz parte desses crepúsculos institucionais a perda dos bons
modos e a convocação das milícias, enquanto o jornalismo
isento finge não ver a curva ascendente do arbítrio.
Com a mesma desenvoltura com que se anistia montanhas de
dólares remetidos ao exterior, classifica-se o MST como
‘movimento criminoso’.
Persegue-se e intimida-
de nomes exigindo que se delate endereços de colegas
ocupantes ...
ocupantes ...
Invade-se a bala dependências e movimentos sociais e de
metralhadora em punho escolas tomadas por adolescentes que
reclamam o direito de opinar sobre a própria educação.
Ensaios da orquestra.
Decibéis crescentes, afiados pelo mesmo diapasão ecoam de
diferentes pontos do país.
Só não ouve quem não quer.
Há dinheiro, patrocínio e poder em jogo na incapacidade
auditiva para ouvir os gritos da democracia sendo violada na
sala ao lado de onde se discute a ‘reconstrução do Brasil’.
A conveniência reflete a insurgência que se esboça.
A resistência ao golpe escapa ao que se supunha ser o alvo
isolado e triturado pela centrífuga da Lava Jato.
Adolescentes falam o que a vastidão dos votos nulos, brancos
e abstenções cifraram nas urnas municipais, quando
suplantaram os vitoriosos de São Paulo, Rio, Belo Horizonte
e Porto Alegre...
Se as duas vozes se fundirem num idioma único, o que
acontecerá?
O cheiro azedo exalado das fardas, togas e ternos de corte
fino, empapados da sofreguidão nervosa, reflete essa
esquina incerta da História para a qual caminha o país.
A truculência policial e midiática sobe rápido os degraus da
exceção.
Essa é a hora diante da qual a resistência progressista não
pode piscar.
Daí a importância da campanha lançada neste dia 10 de
novembro para sacudir a hesitação em defesa do óbvio.
O óbvio hoje começa por defender Lula.
Porque sem defender Lula, não será possível defender mais
ninguém, e mais nada, do galope desembestado da ganância
no lombo da violência fardada e da cumplicidade togada.
Por ninguém, entenda-se o Brasil assalariado e o dos mais
humildes.
A imensa maioria da população.
Aquela que vive do trabalho, depende de serviços públicos,
tem seu destino atado ao do país, ao do pre-sal, ao da
reindustrialização, ao da democracia social, carece de
cidadania, respira salário mínimo e enxerga na previdência o
único amparo à velhice e ao infortúnio.
Lula é a espinha histórica das costelas de resistência que
precisam se unir para conter a demolição em marcha disso
tudo.
Desempenha essa função por uma razão muito forte.
Essa que o milenarismo gauche parece ter esquecido --ou
hesita em saber que sabe-- enquanto aguarda o juízo final
de Moro para recomeçar do zero.
‘Recomeçar do zero’ é a profilaxia recomendada pelos sábios
do golpe em todas as frentes.
Desde a demolição dos direitos trabalhistas, à revogação da
soberania no pre-sal, passando pela Constituição de 1988, o
Prouni, a previdência ...
Mas, principalmente: recomeçar do zero esquecendo Lula.
Porque ele é –ainda é Lula-- a inestimável referência de
justiça social na qual a imensa parcela dos brasileiros de
hoje e de ontem se reconhecem.
É dele a voz que quando fala e é ouvida no campo e nas
cidades.
Mais que simplesmente ouvida: respeitada e compreendida.
A diferença dessa voz é que ela não carrega só palavras.
Carrega experiência, luta, erros, acertos, raiva, riso,
derrotas, vitórias, cujo saldo são conquistas coletivas
encarnadas em holerite, comida, emprego, autoestima e
esperança.
É como se Getúlio Vargas falasse.
Ou Allende para os chilenos.
Ou Perón para os argentinos.
Ou Cárdenas para os mexicanos.
Com a vantagem avassaladora que tanto incomoda a elite.
Lula está vivo.
Caçado, esfolado, picado e salgado.
Mas vivo.
Mais que vivo: ele lidera todas as pesquisas de intenção de
voto com as quais seus algozes testam a eficácia da chacina
de reputação, a mais violenta desde Getúlio, que escandaliza
a opinião jurídica e democrática do mundo.
Lula é a espinha dorsal de cuja destruição depende o êxito
do torniquete implacável de interesses mobilizados contra a
construção de uma democracia social na oitava maior economia
do mundo, na principal referência da luta apelo
desenvolvimento no espaço ocidental.
FHC disse em um debate no jornal O Globo, há cerca de quinze
dias:
‘Sem Lula o PT seria penas um partido médio; com ele torna-
se um perigo nacional’.
No fundo quis dizer: ‘Sem Lula, o Brasil se torna uma nação
média, humilde, bem comportada.
Com Lula, o Brasil se torna um gigante de soberania, com
capacidade de aglutinação popular e mundial em torno da
justiça social –de consequências perigosas’
É claro como água de fonte.
Lula representa esse diferencial inestimável.
Ele fala com quem Malafaia gostaria de falar sozinho.
Com o Brasil que os Marinhos gostariam de monopolizar sem
dissonâncias.
Por isso o milenarismo gauche que reage à ofensiva
conservadora aceitando a pauta do juízo final de Moro,
flerta com a eutanásia.
‘Recomeçar do zero’ é tudo o que o conservadorismo mais
cobiça para quebrar o coração da resistência ao golpe.
O coração da resistência ao golpe consiste em não aceitar o
fuzilamento sumário do legado de doze anos de luta por um
desenvolvimento mais justo e independente.
Ademais dos erros e equívocos cometidos inclusive por Lula
– que não podem ser subestimados e devem ser discutidos
amplamente – os acertos mostraram a viabilidade de se
construir uma democracia social no Brasil do século XXI.
Não, isso não é pouco.
Olhe o mundo ao redor: isso é muito.
E, principalmente, tem lastro popular.
A sociedade marcada por uma das mais iníquas divisões de
renda do planeta, referendou esse projeto por quatro
eleições presidenciais sucessivas.
Duas com Lula; outras duas com Dilma, sendo Lula seu maior
fiador e cabo eleitoral.
Sim, com erros, alguns grotescos.
Mas o fato é que a elevada probabilidade desse projeto ser
revalidado em um quinto escrutínio presidencial, em 2018
--agora modificado pelo esgotamento do ciclo de alta nos
preços das commodities, que lubrificou a resistência das
elites aos avanços anteriores-- precipitou o golpe de 31 de
agosto.
revalidado em um quinto escrutínio presidencial, em 2018
--agora modificado pelo esgotamento do ciclo de alta nos
preços das commodities, que lubrificou a resistência das
elites aos avanços anteriores-- precipitou o golpe de 31 de
agosto.
O milenarismo gauche quase esquece tudo isso enquanto
aguarda o juízo final.
Nele, o juiz Moro e seus querubins darão cabo de Lula e
propiciarão aos sobreviventes o único destino que lhes
cabe: recomeçar do zero.
Ou até abaixo do zero.
Para quem sabe ter direito –um dia— a mil anos de salvação
individual e sobrenatural.
Milenaristas eram os pobres, os miseráveis brasileiros de
Canudos.
Aqueles que aguardaram com Antônio Conselheiro a justiça
divina sonegada pelo latifúndio e pela República que,
afinal, destinou-os à injustiça eterna.
É o que acontecerá de novo se o Brasil progressista aceitar
a ideia de Moro de faxinar a história de sua ‘nódoa
inaceitável’: Lula.
Se aceitar, o Brasil vai virar uma imensa Canudos, depois do
massacre.
.
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