14/01/2017
Brasil e Argentina: Duas economias paradas no ar
Viomundo - 13 de janeiro de 2017 às 13h31
Dóris Castro e Roger Amarante, no Diário do Capital
A matéria desta sexta-feira (2) do jornal Pagina 12, de Buenos Aires, resume com leve ironia a real situação da economia nacional e do governo Macri: Ahora admiten que la economia no arranca, pero “va a arrancar”.
Quer dizer, o governo finalmente admite que a economia não arranca, mas “vai arrancar”.
Uma semelhança tão forte com a situação da economia (e do governo) no Brasil não pode ser uma mera coincidência.
Nos dois países que concentram mais de 75% da produção na America Latina os capitalistas mostram sinais de crescente nervosismo: a prometida recuperação da economia prometida por Macri e temer não virá ou foi apenas adiada?
Essa é a pergunta que os homens do mercado fazem aos seus já claudicantes governos. Nada dá certo.
A produção afunda e o desemprego sobe. A capacidade dos governos de inverter a situação já começa a ser questionada pelos seus próprios patrocinadores.
Querem resultados rápidos da política econômica na economia real. Os ministros da Economia dos dois países já começam a se fritados.
Meirelles, em particular, já berra como cabrito em véspera de Natal.
Afinal, por que ocorre essa coincidência de fracasso dos governos das duas grandes economias sul-americanas?
Por que o fracasso de Temer é o mesmo de Macri?
Exatamente porque os dois fazem a mesma política pró-cíclica.
Fazem um diagnóstico político totalmente equivocado dos problemas econômicos externos e internos. E aplicam o remédio totalmente errado (o famoso “remédio amargo”, como eles dizem) de uma política suicida tipo antigo: monetarista, fiscalista e de austeridade – insistência burra de cortes de gastos do governo e do consumo individual.
Cronicamente inviável.
Não se faz mais essa besteira de “política de austeridade” em lugar nenhum do mundo. Frente à deflação global e à queda fulminante do comércio internacional, o que se faz em todo o mundo são políticas econômicas anticíclicas.
Redução drástica da taxa básica de juros e forte expansão dos gastos do governo – obras de infraestrutura, etc.
Reforço do mercado interno face às incertezas do mercado mundial.
Em todo o mundo se procura amortecer o peso do próximo choque depressivo global.
A palavra de ordem é garantir a produção, o consumo e o emprego das massas.
Seja nas principais economias dominantes – EUA, Alemanha, Japão – seja nas maiores economias dominadas da periferia – China, Índia…
Neste quadro global, Brasil e Argentina são economias estranhamente colocadas em coma induzido pelas respectivas burguesias.
O desemprego aumenta, a fome se aprofunda e os conflitos sociais invadem as ruas. No início dos anos 2000, a Argentina afundou catastroficamente e o Brasil escapou por um triz.
Desta vez, com a chegada do próximo choque global, as duas economias devem afundar juntas e mais catastroficamente ainda que entre 2000 e 2002.
As duas burguesias não terão mais nenhuma carta econômica para ser jogada. Nem política.
Abandonadas à própria sorte pelo imperialismo norte-americano da era Trump, a revolução voltará com força à ordem do dia na América do Sul.
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