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06/04/2013
Azenha, conta pra gente a história do terreno da gráfica, vai!
por Paulo Nogueira
Nos
anos 90, Roberto Marinho comemorou ao lado de FHC a inauguração de uma
supergráfica projetada para quando o jornal chegasse – hahaha – à marca
de 1 milhão de exemplares.
FHC
não estava na foto porque Roberto Marinho queria promovê-lo. É que o
governo tinha concedido um empréstimo especial às Organizações Globo
para fazer a gráfica que hoje parece uma piada.
Por que o empréstimo? Ora, a Globo era então já uma potência. Tinha mais de metade do faturamento da publicidade nacional, graças à tevê e a expedientes amorais como o chamado BV.
A
empresa poderia, perfeitamente, bancar o passo (torto) que decidira dar
com a nova gráfica. Mas não. O Estado babá estava ali, à disposição, na
figura sorridente de FHC.
Essencialmente,
o resultado é que a fortuna da família Marinho foi poupada do risco de
um investimento que poderia fracassar, como aconteceu.
Coisa
parecida aconteceu com as outras grandes empresas em suas incursões
para fazer novos parques gráficos: dinheiro farto, quase dado.
Fora o papel imune, naturalmente.
E fora, mais recentemente, artifícios como a criação de PJs para reduzir os impostos pagos.
Note.
As companhias jornalísticas não querem pagar impostos, mas depois
esperam que o Estado – com dinheiro alheio, do “Zé do Povo”, como dizia o
patriarca Irineu Marinho – esteja com os cofres cheios para bancar seus
investimentos.
Para
completar a tragicomédia, as empresas promovem campanhas sistemáticas
de engambelação coletiva destinadas a provar, aspas, que os impostos são
elevados no Brasil.
Não são. A carga tributária brasileira, na casa de 35%, é bem menor que a de países modelos, como a Escandinávia.
A diferença é que, neles, as corporações pagam o
que devem. Vá, na Dinamarca ou na Noruega, inventar PJs e você é
chutado da esfera corporativa e submetido a desprezo nacional.
Para que o Brasil avance socialmente, as mamatas das empresas de mídia – fiscais e não só fiscais — têm que acabar.
Não
é fácil, como vemos ao constatar o que deu do brado janista de meio
século atrás. Sucessivos governos têm vergado ao poder de intimidação da
mídia. (Para a qual vigora ainda uma inacreditável reserva de mercado,
aliás.)
Mas nada é fácil.
O poder de manipulação da mídia se reduziu, graças à internet.
Se há uma hora para fazer o que deve ser feito, é esta.
O
dinheiro que custam as mordomias bilionárias da mídia devem servir à
sociedade: que se construam escolas, hospitais e estradas com ele, em
vez de vê-lo dar acesso à lista de superricos da Forbes.
Dilma tem que se mexer, em nome do Brasil.
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