domingo, 7 de abril de 2013

Contraponto 10.847 - " Lula, as ruas e descontrução de sua imagem "

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07/04/2013

Lula, as ruas e descontrução de sua imagem 




Blog Palavra Livre domingo, 7 de abril de 2013
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 Por Davis Sena Filho 
 
Volto a defender que o ex-presidente trabalhista Luiz Inácio Lula da Silva vá para as ruas, em busca de quem lhe apoia e confia. Lula tem de se reportar à imensa classe trabalhadora brasileira e aos seus eleitores, se o “político” conservador e procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e juízes ideologicamente de direita, a exemplo dos senhores Joaquim Barbosa, Marco Aurélio de Mello e Gilmar Mendes, entre outros, associarem-se novamente aos políticos tucanos derrotados três vezes nas urnas e aos barões da imprensa controladores da mídia oligarca, monopolista e historicamente golpista, que teimam em considerar o Brasil de duzentos milhões de habitantes e a sexta maior economia do mundo como o quintal de suas casas.



Trabalhista no poder deixa realmente a direita desesperada e inconformada.


Nunca é tarde para avisar aos políticos e governantes trabalhistas que eles não podem e jamais devem remediar ou tergiversar sobre a conduta histórica da direita brasileira, uma das mais violentas e poderosas do mundo, que edificou uma ditadura sanguinária que em um tempo de 21 anos fez do Brasil um lugar de barbarismos, onde as leis se tornaram um borrão no papel e os direitos da pessoa humana eram considerados conforme a vontade do ditador de plantão e dos militares, juízes, políticos e policiais que o serviam como subordinados, com o financiamento e a cumplicidade, evidentemente, de grandes empresários.



A direita sabe o que o líder popular, que após oito anos no poder saiu com 86% de aprovação, representa. Lula é a maior personalidade política que surgiu no Brasil após Juscelino Kubitschek e o estadista histórico Getúlio Vargas. Político de grandeza internacional, reconhecido como pop star quando vai às ruas ou às universidades brasileiras e do exterior, Lula tem de ser combatido, sua imagem tem de ser manchada e seus governos desqualificados, porque a desconstrução de sua pessoa política e do que ele representa como humanista são as únicas ferramentas que a direita herdeira da escravidão tem para usar como estratégia para conseguir uma vitória nas urnas.



Lula e certos setores da esquerda sabem o que está a acontecer. E a direita quer o ex-mandatário, ainda muito popular, quieto, no seu canto, talvez dentro de casa, a assistir a imolação de seu caráter, a desconstrução de sua imagem e a destruição de seu legado político, econômico e social. Querem tratar o Lula como se ele nunca tivesse existido e retirado da pobreza, por exemplo, mais de 30 milhões de cidadãos brasileiros, recuperado a economia em praticamente todos os segmentos, ter pago a dívida externa, além de ter livrado o País e seu povo da crise da União Europeia e dos EUA. Lula construiu o Brasil do quase pleno emprego, o que está a ser continuado pela presidenta Dilma Rousseff, com a queda dos juros e a isenção de taxas e impostos para inúmeros produtos.



A direita está desesperada. Ela é incompetente propositalmente, pois extremamente egoísta, moralmente violenta e socialmente sectária. Essa corrente política quer um Brasil para poucos, lugar onde cerca de 30 milhões de pessoas tenham acesso à educação, à saúde, à moradia e ao consumo. É a luta para manter a hegemonia de classe e dessa forma usufruir um País de VIPs. Um Brasil para os ricos, os muito ricos e uma classe média pequena, mas que mantenha seu poder de compra para abastecer os bolsos do empresariado tupiniquim, de cabeça colonizada e com um incomensurável complexo de vira-lata.



Por isto e por causa disto, o combate sistemático e incessante contra os políticos das correntes trabalhista e socialista. Para manter tal combate, a direita partidária e empresarial conta com a substancial cooperação da poderosa mídia de mercado, a de negócios privados cujos donos são alienígenas no que se diz respeito aos interesses do Brasil e de seu povo trabalhador. Lula é o político mais poderoso do País, juntamente com a Dilma, mesmo sem mandato. Consequentemente, ao perceber e há muito tempo a posição de Lula na sociedade brasileira, os conservadores optaram pela estratégia de desconstruir a imagem do líder político trabalhista.



A investigação sobre Lula pelo Ministério Público mais do que uma investigação é um movimento do xadrez político em que a direita se apoia para judicializar a política, além de apostar em uma conotação policialesca a cargo da imprensa alienígena, que vai se encarregar de disseminar a desconstrução de Lula. Por enquanto o sistema midiático privado está em silêncio, mas o ex-presidente é a pauta principal, que se encontra nos escaninhos das redações.



O empresário Marcos Valério, publicitário que iniciou suas atividades no ninho tucano do ex-governador mineiro, Eduardo Azeredo (1995/1998), foi condenado a 40 anos de prisão. Azeredo não foi reeleito, mas deixou rastros de ilegalidades na trilha dos tucanos. Até hoje homens e mulheres do PSDB não foram investigados e o STF dorme em berço esplêndido, pois não se tem notícia de quando o “valerioduto” dos tucanos vai ser, enfim, julgado. Tem um ditado popular que o Judiciário deste País é destinado a punir e a prender os três grupos sociais que formam os três Ps (puta, pobre e preto). A verdade é que pelo andar carruagem os três Ps viraram quatro — puta, pobre, preto e petista.



É uma desfaçatez a atuação do procurador-geral, Roberto Gurgel, aliado da imprensa de tradição golpista e da direita partidária no que é relativo à perseguição a Lula. Gurgel enviou papéis concernentes à acusação de Valério de que Lula teria sido beneficiado pelo dinheiro do “mensalão”, que teria custeado as despesas pessoais do presidente mais popular da história do Brasil, a superar, inclusive, o estadista Getúlio Vargas.(Grifo do ContrapontoPIG)



Acontece que Marcos Valério tem boca, e quem tem boca fala o que quer, do modo que quiser, ainda mais quando se torna necessário e urgente salvar a própria pele. O procurador-geral Gurgel, muito cônscio e zeloso de suas responsabilidades, imediatamente enviou ao procurador da República em Minas Gerais, Leonardo Melo, as declarações de Valério publicadas pela imprensa que está aí e se tornou ferramenta e instrumento de oposição sistemática aos governantes trabalhistas. O procurador Melo descartou investigar a suposto envolvimento de Lula com o “mensalão”, e decidiu devolver os papéis para a PGR, em Brasília.



Segundo a avaliação de Leonardo Melo, as declarações de Valério sobre Lula em nada acrescentam às apurações realizadas em Minas Gerais, bem como às ações que tramitam na Justiça Federal no estado mineiro. A verdade é que Valério quer diminuir sua pena e por causa disso negocia com a PGR do Gurgel uma saída menos dolorosa para seu caso. Envolver Lula beneficia a todos que o combatem fora das urnas. O PSDB e seus aliados de direita, a exemplo da imprensa de mercado, de Roberto Gurgel, da subprocuradora, Cláudio Sampaio, da subprocuradora Sandra Cureau, além de juízes nitidamente conservadores nas pessoas de Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Marco Aurélio de Mello e Luiz Fux, entre outros, que tem lado, ideologia e tomam partido, preferencialmente à direita.



As acusações de Marcos Valério não são substanciais, bem como não existem provas no que é relativo ao ex-presidente Lula. São meramente palavras que visam a desconstrução e a desqualificação de um político de esquerda, que revolucionou a sociedade brasileira e elevou o Brasil a patamares nunca visto antes em termos internacionais. Uma revolução silenciosa, realizada em um governo vocacionado para a democracia, que nunca bateu em trabalhador, além de melhorar as condições de vida dos pobres e da classe média. É visível. Só não enxerga quem não quer ou, simplesmente, faz oposição aos trabalhistas, mesmo a ser beneficiado. É a questão da ideologia.



Os ataques levianos a Lula são um acinte, um deboche à inteligência alheia e uma provocação de fundo e interesse político, que poderá levar o político petista às ruas. Lula não tem mandato. Ele é ex-presidente, mas é atacado pela imprensa e pelos partidos de direita diuturnamente. Interessa ao establishment manter Lula na alça de mira, mesmo se não forem comprovadas as acusações contra o líder trabalhista. Desconstruí-lo é a estratégia, porque a direita sabe que o Lula nas ruas, mas praças e nos palanques eletrônicos da televisão, do rádio e da blogosfera progressista é no momento um político imbatível. A verdade é que não há provas contra o Lula, mas manter o caso em evidência é uma forma de combatê-lo. A direita fez exatamente essa ação quando Getúlio Vargas estava fora do poder, em sua estância em São Borja, no Rio Grande do Sul — o berço do trabalhismo brasileiro.


Lula não vai ficar dentro da sua casa, em São Bernardo (SP), de braços cruzados, a ver sua imolação e a desmoralização moral de sua pessoa. Não é do seu temperamento. Getúlio se matou por causa disso. João Goulart sofreu um golpe de estado e só voltou para o Brasil para ser sepultado. Lula vai às ruas se perceber que a direita partidária, midiática e judiciária enveredar por caminhos antidemocráticos, e, por conseguinte, golpistas. Lula conhece a nossa história e os maus propósitos de uma “elite” herdeira da escravidão. Lula não vai ser emparedado por uma imprensa alienígena e entreguista, sem qualquer compromisso com o Brasil e que fomenta todo tipo de bandidagem por intermédio de suas manchetes irresponsáveis e nitidamente oposicionistas. O lugar de Lula é nas rua, junto ao povo, que não vai tolerar golpes. As Caravanas da Cidadania são estratégicas e solução de apoio e proteção.


A direita está desesperada, principalmente a midiática tucana, que em quase 20 anos no poder em São Paulo se tornou o destino de R$ 2,4 bilhões, apenas nos últimos dez anos. Como se observa, o contribuinte paulista sustentou a imprensa corporativa, que deixou de fazer jornalismo e passou a atuar como assessoria de imprensa, verdadeira chapa branca. Por isto e por causa disto, os políticos, a exemplo de FHC — o Neoliberal —, José Serra, Gilberto Kassab e Geraldo Alckmin têm tanta ascendência sobre a imprensa, bem como influenciam em suas pautas.
 

O valor de R$ 2,4 bilhões não é qualquer troco. É um dinheiro de respeito e que é destinado a manter a máquina de propaganda tucana, além de servir também de “canhão” para desmoralizar e desqualificar os adversários dos tucanos tratados como inimigos, como ocorre, sem sombra de dúvida, há mais de dez anos com os presidentes trabalhistas, alvos de todo tipo de ataques e denúncias, muitas delas vazias. A imprensa comercial e privada depende do dinheiro do estado bandeirante, como os seres vivos necessitam de oxigênio para viver. Depois, na maior cara de pau, esse mesmo setor midiático fala em iniciativa privada, como se não fosse sustentado pelo dinheiro público. Durma-se com um barulho desse. A mídia hegemônica tem de ser desprivatizada e parar de tratar os leitores como idiotas.
 

Voltemos ao Marcos Valério. O procurador mineiro devolveu os documentos para Brasília. Contudo, um inquérito foi aberto na Polícia Federal. Leonardo Melo solicitou o rastreamento dos pagamentos feito pelo Valério. A apuração desses fatos é anterior ao depoimento do empresário de origem tucana. O processo em princípio não envolve o ex-presidente Lula. Além disso, o PT pode pressionar Lula para ser candidato a presidente, se ficar claro que a direita e seus órgãos de ação, como o STF e a PGR, insistirem em judicializar o processo político e eleitoral. O petista ainda pode ser candidato ao governo de São Paulo e, consequentemente, se vencer as eleições, colocar um pá de cal no túmulo de PSDB e no rico dinheirão que a mídia golpista tem acesso a quase 20 anos. Enfim, Lula tem as ruas e a elas deverá ir se se sentir acuado ou desrespeitado em sua cidadania. Golpe nunca mais!


Na minha opinião, Lula deveria ser indicado para receber o Prêmio Nobel da Paz, razão pela qual, no decorrer de seus dois governos, ter incluído dezenas de milhões de pessoas no que é referente à cidadania, bem como seu trabalho de integração entre as nações que geograficamente ocupam o Sul do planeta. Seu trabalho na América Latina, na África e na Ásia é reconhecido pela comunidade internacional, mas, em contrapartida, é solenemente e cinicamente “esquecido” pela imprensa corporativa, que, se pudesse, o silenciava, como o fez com Leonel Brizola durante os 15 anos que ficou no exílio.



O presidente dos EUA, Barack Obama, mal assumiu o poder e recebeu o Prêmio Nobel da Paz, para logo depois apoiar a invasão da Líbia e o assassinato de Muammar Kadhafi por parte da OTAN, além de ter soldados espalhados pelo mundo, a darem continuidade a uma diplomacia de porrete, que se baseia na intimidação e na violência bélica pura e simples. A premiação de Obama desmoralizou tal prêmio e deixou a academia sueca, que ridiculamente se comportou com subserviência, em maus lençóis, no que diz respeito à sua credibilidade. Se Lula ganhasse o Nobel, a direita escravagista, brega, provinciana e colonizada brasileira cortaria seus próprios pulsos, com navalha cega e enferrujada para doer mais.
É isso aí.
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