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02/06/2013
Os dois lados do Atlântico Sul
A Presidente Dilma Rousseff acaba de voltar da Etiópia, onde
assistiu, como convidada, à Cúpula Presidencial do 50ª Aniversário da
União Africana. Lá, além de reiterar os laços culturais e econômicos que
nos ligam àquela região, ela anunciou, também, a eliminação de antigas
dívidas de 12 países africanos com o Brasil, no valor de 980 milhões de
dólares.
Aqui, muita gente ficou sem entender o gesto, assim como
muitos ainda desconhecem as razões que justificam a nossa política
africana. A aproximação estratégica do Brasil com a África, como um
todo, vem desde o regime militar. Nos anos 1970 e 1980, era para a
África e o Oriente Médio que iam milhares de brasileiros, para forjar
seu futuro, trabalhando para empresas como a Mendes Júnior no Iraque e a
Mauritânia, entre outros países. Para lá exportávamos, antes da
destruição da indústria bélica brasileira, tanques da Engesa e da
Bernardini, mísseis da Avibrás e armas portáteis.
A nossa relação com os países de língua portuguesa é mais
antiga. Houve anos,antes da independência, em que entravam no porto de
Luanda mais navios saídos do Rio de Janeiro do que de Lisboa. Em plena
ditadura, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência de
Angola.
Na África, não está apenas o passado de milhões de
brasileiros, nos antepassados que dali vieram, mas também o seu futuro.
Não se trata apenas da presença, naquele continente, de técnicos da
Petrobras, e de construtoras e mineradoras, ali presentes.
Sendo a África Ocidental, do ponto de vista climático e
geológico, um território gêmeo do brasileiro, é a única região do mundo
que oferece ao Brasil a possibilidade de aplicar e demonstrar o que há
de melhor em nosso modelo de desenvolvimento econômico e social.
Nos nossos cultivares de cana, na produção de açúcar e álcool,
na soja resistente à seca, no gado tropical para a produção de carne e
leite, nos nossos programas de agricultura familiar, estão soluções que
podem levar à ocupação produtiva de milhões de hectares de cerrado
naquele continente. Não só na economia, mas, também, na política social -
como no Brasil - é possível o combate às endemias e epidemias, a
eliminação da fome e o fim da pobreza absoluta. Esse projeto de
cooperação Sul-Sul, poderá ser grande e solidária ação internacional
com povos irmãos na História e na geografia.
Os países africanos foram decisivos para a vitória brasileira
na votação da OMC, e sabem que o Brasil não tem, para com eles, a mesma
visão colonialista da Europa e dos Estados Unidos.
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No Brasil há a consciência histórica de que é prioritário, para
estabelecer área de paz e prosperidade no Atlântico Sul, tratar, de
igual para igual, nossos vizinhos e irmãos do continente e os que
habitam o outro lado do oceano.
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