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02/06/2013
A morte de Veja e das outras semanais
Eliakim Araújo
Ninguém duvida da força da Internet nos dias que correm. A web está
cada dia mais presente na vida das pessoas, desde aquelas que fazem suas
compras online até às que buscam nessa mídia alternativa a opinião
independente e o democrático debate de ideias.
O Direto da Redação, que vai completar 12 anos ininterruptos no
próximo dia 3 de agosto, surgiu exatamente com esse propósito, o de
despertar no leitor uma consciência crítica sobre os problemas que
afetam o nosso dia a dia. Por isso, rejeitamos a mesmice do pensamento
único que nos é imposto pela mídia tradicional, representada pelos
chamados “jornalões” , pelos noticiários televisivos e pelas revistas
semanais, com raras exceções.
Com esse pensamento é que vou abrir o espaço da minha coluna de hoje
para transcrever o artigo do jornalista Paulo Nogueira, sobre o
melancólico final de uma grande revista semanal de informações dos EUA.
Paulo, que vive em Londres, é fundador e diretor editorial do site de
notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
Deixo com você, portanto, prezado leitor, as reflexões de Paulo
Nogueira sobre a agonia das revistas semanais de informação e o futuro
das demais mídias.
O melancólico final da Newsweek.
Nada mostra tão
bem o declínio das revistas semanais quanto a agonia da Newsweek, que
durante décadas foi a influente e admirada número dois do mundo, com uma
circulação de 3 milhões de exemplares.
Na redação da Veja, nos
anos 1980, a Newsweek e a líder Time eram acompanhadas com rigor e com
devoção pelos jornalistas, incluído eu em meu começo de carreira.
Nesta semana, soube-se que, mais uma vez, ela está à venda. Só que ninguém quer comprar os restos mortais.
A
Newsweek foi virando pó com a ascensão da internet. Foi perdendo
leitores, anunciantes, repercussão e, finalmente, razão de ser.
Já
nos estertores, passou do grupo que controla o Washington Post para as
mãos da editora Tina Brown, que comandava então o site Daily Beast. As
duas marcas ficaram sob a órbita de Tina.
No final do ano
passado, a edição impressa deixou de circular. Se não fosse o aviso,
ninguém teria notado, tão irrelevante já tinha ficado a revista na Era
Digital.
Agora, o site foi posto à venda. A empresa quer se dedicar à marca Daily Beast.
É
difícil imaginar que apareça candidato. No New York Times, alguém
notou, melancolicamente, que não é uma revista à venda, com jornalistas:
é apenas uma marca.
E uma marca de um passado longínquo. O caso
da Newsweek não mostra apenas quanto a internet destruiu a indústria
tradicional de mídia. (Há pouco tempo, a Time Warner tentou se desfazer
de sua divisão de revistas, mas não encontrou quem quisesse comprar.)
A
agonia da Newsweek revela, também, um fato duro para as companhias
jornalísticas: as grandes marcas do papel não transferem seu prestígio
para a internet. Não surpreende que a empresa prefira se concentrar no
Daily Beast e não na Newsweek.
No Brasil, o quadro é o mesmo, com
o natural atraso de alguns anos que caracteriza a mídia nacional em
relação à americana e à europeia.
A principal revista brasileira,
a Veja, é uma sombra do que foi. Os esforços extraordinários para
manter a circulação em 1 milhão – a mesma em vinte anos – não têm
impedido uma queda calculada em 4% ao ano.
Tenho para mim que o
fim iminente e inevitável das revistas semanais de informação amargurou
enormemente Roberto Civita em seus últimos anos.
Tenho para mim,
também, que parte dos excessos da revista se deveu a uma desesperada
tentativa de manter a relevância a qualquer preço.
O fato é que a internet vai transformando rapidamente as demais mídias em defuntos.
A próxima parada, liquidados jornais e revistas, é a televisão.
O
futuro da tevê está na Netflix, no YouTube e na Amazon, que vai
produzir conteúdo em vídeo. Marcas tradicionais – a Globo no Brasil –
vão enfrentar um processo parecido com o que vitimou a Newsweek e tantos
outros títulos nobres da Era do Papel.
A Globo só consegue
manter a receita publicitária – sem a qual não é nada – graças ao
expediente do BV, o Bônus por Volume, que acorrenta a ela as agências de
publicidade.
Mas o grilhão só se explica com audiências
monstruosas. Porque é o terror de perder essas audiências – com um
boicote da Globo — que faz os anunciantes aceitarem uma coisa tão ruim
para eles.
Sem grandes audiências, a amarra se vai. Os
anunciantes se despedirão da Globo (e do BV abominado) e vão buscar seus
consumidores onde eles estão: na internet. Não no Faustão, não no
Fantástico, não nas novelas.
A internet vai fazer com a Globo o
que governo nenhum conseguiu fazer: acabar com o monopólio. Pela via da
desaparição de expectadores.
Paulo Nogueira. Jornalista, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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Eliakim Araújo. Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil.
Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi
Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa" Em parceria com
Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e
institucionais.
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