Por Fernando Brito
Os números que Folha publica neste domingo pode ser considerada o ponto de partida da batalha que vamos enfrentar até as eleições, na qual as pesquisas serão, como de outras vezes, as armas mais terríveis da luta pelo poder.
Como você vê na ilustração, não foi diferente o que tentaram fazer com Lula em março de 2009, mais ou menos o mesmo tempo antes da eleição.
Mas as pesquisas, que são a artilharia, dependem da comunicação para serem abastecidas.
A suposta “queda” da aprovação de Dilma, embora ainda se situe em patamar confortavelmente alto (57%) e bem maior do que o do início do seu governo (47%), seja ela real ou fictícia, tem uma cobertura de legitimidade na preocupação com a inflação.
Preocupação com a inflação não é o mesmo que inflação, mas a percepção que se forma é a de que ela é um perigo não a uma estabilidade econômica teórica, mas ao dia-a-dia das pessoas.
Mas porque o terrorismo inflacionário promovido pela imprensa, que não é novo, pode agora estar sendo aceito como causa para uma mudança na percepção coletiva de, ao menos, parte da população.
Para especular sobre isso, é conveniente ver quais são os dados novos nesse processo e, sem dúvida, o maior deles é a mudança de atitude do Governo que, pela primeira vez, demonstrou receio de que as previsões do mercado financeiro e da mídia pudessem corresponder – ou se tornarem – à realidade.
O discurso desenvolvimentista perdeu , dando espaço à cantilena de uma crise que está a léguas de ser real.
Tanto é assim que, em meio a um cenário terrível da economia mundial, o número de pessoas que crê que a situação econômica não vai mudar (39%) ou que vai melhorar (38%) soma quase quatro quintos dos entrevistados.
Não há uma escalada inflacionária, o nível de emprego prossegue alto e, se o governo assumir uma atitude de maior comunicação com a população, sinalizando que não mudou a ideia de fazer do consumo interno a mola do crescimento econômico, essa impressão forjada pela mídia se dissipará.
Resta ver se haverá a coragem que Lula teve de, contra a posição do Banco Central, dizer claramente: confiem, comprem, o país crescerá.
No que diz respeito ao quadro eleitoral, a situação de Dilma permanece sem alterações significativas. Ela aparece com patamar muito semelhante ao que teria Lula se fosse candidato (51% e 55%, respectivamente). Considerando que há 8% que não respondem ou dizem votar nulo ou branco, os 51% equivalem a 55,4%.
Aécio, mesmo com a superexposição na mídia e o programa de TV do PSDB, ainda fica atrás de Marina (16 a 14%). Mas é curioso como Marina aparece apenas com 1% quando a declaração de voto é espontânea. É sinal de pouca solidez.
Sinal contrário do que apresenta a dupla Dilma/Lula, que tem um terço das menções espontâneas.
Em resumo, a pesquisa só serve para estimular o discurso que a mídia assumirá esta semana, o de que “Dilma está caindo”..
Que precisa de uma resposta forte do Governo para que o desejo da direita não saia dos jornais para as ruas.
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