28/11/2016
Governadores do Nordeste reagem contra ajuste proposto por Temer
Jornal GGN
- Após reunião do Fórum dos Governadores do Brasil, em Recife (PE), os
governadores do Nordeste decidiram que não irão aceitar a proposta de
ajuste fiscal feita pelo governo de Michel Temer. O ajuste é condição
para os Estados recebam parte dos recursos do programa de regularização
de ativos, conhecido como repatriação de recursos.
Em
carta aberta divulgada no sábado (26), os governadores afirmam que os
Estados já estão fazendo o ajuste fiscal proposto pelo governo federal e
defendem a redução da taxa de juros e “medidas de combate à sonegação
fiscal e de justiça tributária".
Na
última terça (22), os governadores se reuniram o presidente Michel
Temer, que disse que o governo liberaria os recursos, se antecipando à
decisão do Supremo Tribunal Federal. Porém, os governadores da região
afirmam que as medidas anunciadas por Henrique Meirelles, ministro da
Fazenda, não foram apresentadas para eles.
"A
gente tinha feito a reunião para acertar compromissos gerais com o
ajuste fiscal, apoio às reformas como a da Previdência e, na hora da
[entrevista] coletiva, Meirelles veio com um detalhamento de questões
que nunca vão ser unificadas entre os 27 Estados. É impossível", afirmou
Paulo Câmara (PSB), governador do Pernambuco .
Quase
todos os Estados entraram no Supremo para exigir que o governo federal
compartilhasse parte das multas da repatriação. A ministra Rosa Weber
bloqueou o dinheiro arrecadado, mas o plenário ainda vai tomar uma
decisão final.
Uma
das exigências do governo Temer para a liberação dos recursos era que
os governadores retirassem as ações. Entre, os governos estaduais agora
dizem que vão voltar ao Supremo amanhã (29).
Os
Estados estimam que devem receber cerca de R$ 5,2 bilhões. O caso foi
para a Justiça porque há um impasse sobre o direito de Estados e
municípios de receber os valores arrecadados com as multas.
“Vamos
aguardar a Justiça. Temos uma liminar que já garantiu o depósito em
juízo e a gente entende que a multa tem que ser repartida entre estados e
municípios”, disse Câmara.
Leia abaixo a carta dos governadores do Nordeste:
Carta dos Governadores do Nordeste
Recife, Pernambuco
Reunidos
na cidade do Recife (PE), no dia 25 de novembro de 2016, os
governadores do Nordeste vêm a público informar a sua concordância e
compromisso com o necessário equilíbrio fiscal em nossos respectivos
Estados, tão necessário à retomada do crescimento, e nos associamos à
preocupação do Governo Federal, mas não podemos deixar de esclarecer
todo o conjunto de esforços que já vem sendo realizado pelos Governos
Estaduais.
Números apurados pela União,
divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), refletem a
estratégia adotada pelos Estados em seu esforço fiscal, tanto em relação
às despesas quanto às receitas, e demonstram que o ajuste é uma
realidade, não uma promessa.
O
conjunto dos Estados saiu de um deficit primário de R$ 9,5 bilhões, em
2014, para um resultado positivo de R$ 6,5 bilhões ao final de 2015.
Além disso, a despesa primária, que a União pretende atrelar ao Índice
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cresceu apenas 2,36% entre 2014 e
2015 – bem abaixo do IPCA, que ficou em 6,41% em 2014.
Enquanto
a despesa primária cresceu apenas 2,36%, a receita bruta cresceu 5,38%
em 2015. Destaque-se neste resultado o crescimento de 7% das receitas de
arrecadação própria. Enquanto isso, as receitas provenientes das
transferências da União aos estados cresceram apenas 1% nominal no
período.
Diante
do exposto, chamamos atenção, também, para a importância do diálogo
sobre as receitas públicas, com a redução da taxa de juros, além de
medidas de combate à sonegação fiscal e de justiça tributária.
Do mesmo
modo, sublinhamos nosso interesse em ver o andamento de temas essenciais
ao desenvolvimento da Nação e de modo especial para o povo do Nordeste
brasileiro e da retomada da geração de emprego e renda, tais como:
a) ações de convivência com a seca e a retomada da Transposição do Rio São Francisco e demais obras hídricas;
b) a retomada das obras da Transnordestina e de outras obras de infraestrutura;
c) a liberação de empréstimos;
d) a liberação dos recursos do fundo penitenciário e ações de segurança pública;
e) o fortalecimento do Banco do Nordeste e do Fundo Constitucional do Nordeste;
f) a apresentação de alternativas para o subfinanciamento do SUS e o enfrentamento das arboviroses;
g) a priorização da Região Nordeste no programa de concessões e novos leilões da ANP.
Por
fim, abertos ao diálogo e integrados ao Fórum dos Governadores do
Brasil, defendemos ações integradas com a União e municípios, sempre
respeitando a autonomia das unidades da Federação, como o direito de
fazer cumprir a receita da multa da repatriação como assegura a lei, e
compromisso de trabalhar pelo equilíbrio fiscal para ampliar
investimentos voltados para o desenvolvimento econômico e social.
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