quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Nº 20.427 - "Dez Medidas do MPF – 99% da população brasileira não deu apoio"

 

01/12/2016

 

Dez Medidas do MPF – 99% da população brasileira não deu apoio

 
(Foto: Marcelo Andrade)


Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho 

Os procuradores da Lava Jato usam os dois milhões de assinaturas recebidos pelas Dez Medidas para provar que expressam um anseio da sociedade. Basta, contudo, fazer as contas para perceber que esses números são insignificantes.

O Brasil tem 200 milhões de habitantes. Os dois milhões de assinaturas de que tanto se orgulham o MPF equivalem a apenas 1% da população. Uma fatia irrisória da sociedade brasileira. A conclusão óbvia é que a sensação de um apoio massivo e gigantesco às Dez Medidas do MPF é nada mais que o efeito de zoom dado pela mídia do golpe, em especial o apoio da Globo.

As Dez Medidas de Combate à Corrupção se inscrevem numa tradição nada respeitável e nada séria.

Trata-se de um fenômeno publicitário que foi febre mundial, partindo dos EUA e que, provavelmente, representa o momento mais canibal do neoliberalismo e suas consequências mentais extremas.

Talvez nascido do universo da autoajuda, um vírus métrico se espalhou por praticamente todas as frentes da comunicação, da publicidade ao jornalismo especializado. Assim, durante anos, foi comum encontrar, principalmente no Yahoo, que no Brasil representa o canal mais avançado da alienação midiática, as chamadas iniciadas por números: 5 dicas para turbinar seu roteador, 7 conselhos para agradar o seu chefe, 8 regras para começar bem o dia.

Esse modismo da publicidade vinda dos EUA, estampado na capa da maioria dos livros da autoajuda, invadiu todos os domínios do comportamento, chegando mesmo a ir além, adentrando o território da arte e da literatura, ao menos da popular, e chegando à título de best-seller, na forma dos 50 tons de cinza.

Não se deve estranhar que o título dessa obra reproduza o modelo publicitário e sua numerologia. É que o domínio do comportamento sexual, foi provavelmente o que sofreu o maior impacto dessa onda métrica. Uma rápida busca no Google nos faz deparar títulos como os que seguem: 10 fantasias sexuais para apimentar a relação, 10 animais que se masturbam, 10 brinquedos sexuais para fazer em casa, 10 acidentes mais bizarros ocorridos durante a relação íntima, 10 séries quentes para apimentar a relação.

E é interessante que nesse universo de consciências esquartejadas pela publicidade, o número 10 tenha alcançado uma certa preponderância. Talvez por transmitir algum sentimento de perfeição e inteireza. Uma sensação muito esquálida mas que, num universo cada vez mais incerto, podia conferir uma falsa ideia de totalidade. O número 10 ocupou o centro místico das metrificações.

Toda essa maré publicitária, depois de muito gasta e desbotada pelo mundo, chegou no Brasil a ganhar o respeito e à dignidade que não teve em lugar nenhum, dando origem a uma legislação que se pretendia muito séria: Dez medidas para combater a corrupção.

Misturando publicidade, autoajuda, apelo sexual, fórmulas gastas e alienação, os procuradores da Lava Jato escolheram o nome do seu pacote de leis salvadoras: Dez Medidas. Não admira que o sucesso fosse tão restrito. Apesar do discurso balofo e inchado da Lava Jato, que enche a boca para falar num apoio de dois milhões, isso de fato não é muita coisa.

Como já indicamos, 2 milhões são apenas 1% de uma população de 200 milhões de habitantes. É de fato um deboche pretender contar com grande apoio da sociedade quando se tem apenas a simpatia de 1% dela. O equívoco dos procuradores da Lava Jato está em confundir apoio da Globo com apoio da população.

É um grande erro. É claro que se meia dúzia de gatos pingados consegue fazer barulho batendo panelas é porque os potentes amplificadores da Globo auxiliam. Mas esse é um barulho artificial. A maioria da população brasileira não moverá um dedo para tirar as dez medidas da lata do lixo.

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