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02/04/2013
FORJEMOS NOSSSAS ARMAS
Mauro Santayana
(JB) - O governo da Presidente Dilma Roussef decidiu alterar as leis sobre a indústria
bélica e editar normas para a política de defesa, que incentivam a produção
nacional de armas e o desenvolvimento de processos tecnológicos autônomos. Os
nossos leitores habituais devem recordar-se de matéria sobre o assunto que
publicamos neste mesmo Jornal do Brasil
sobre o tema em 16 de agosto do ano passado. No texto, citávamos a
dramática advertência do general Maynard Santa Rosa: em caso de agressão
estrangeira, só dispomos de munição para uma hora de resistência.
Um dos maiores erros dos governos de
Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, se não o mais grave, foi desarmar
o Brasil. A doutrina FHC se baseava no falso conformismo de que jamais
poderíamos nos defender do poderio bélico norte-americano e seria melhor
transformar as forças armadas em corpos policiais destinados ao combate ao
tráfico de drogas, sob o comando continental dos Estados Unidos, of course.
Todos os povos que se prezam são
obrigados a defender-se dos eventuais inimigos. As nações se formam dentro de
espaços naturais, em que devem viver em paz, preocupando-se com seus recursos,
com a felicidade e com a defesa de sua liberdade. À soma de espaço e liberdade
chamamos soberania, no léxico político moderno. Nas guerras, sempre
indesejadas, as nações agredidas, qualquer que seja a sua capacidade bélica,
são eticamente obrigadas a resistir.
Churchill, ao opor-se à capitulação de Chamberlain,
ponderou que uma nação , quando se defende com a coragem do patriotismo, pode
ser derrotada sem perder a honra, mas, ao capitular sem luta, perde o respeito
do inimigo e das nações neutras.
O
vencedor trata com natural desprezo os
que se entregam sem luta, ainda que em nome da paz. É essa a diferença entre os
soviéticos, que perderam rios de sangue na Segunda Guerra Mundial, e puderam hastear
sua bandeira no Reichstag, enquanto Hitler se matava - e os franceses de Pétain
e Laval, que se entregaram quase sem luta e colaboraram com a repressão nazista
dentro de seu próprio território. Ainda bem que, no caso da França, os maquisards salvaram a face de seu povo,
na dura resistência contra os ocupantes.
O Brasil é um dos poucos países do
mundo capazes de viver com autonomia dentro de suas próprias fronteiras, o que
o dispensa da sedução de conquista de espaços alheios. É um dos maiores do
mundo em extensão territorial contínua, em que se fala a mesma língua, com
invejável insolação e imensos depósitos de água potável. E exatamente por isso é
obrigado a manter forças armadas capazes de dissuadir os eventuais cobiçosos.
A
experiência continental nos adverte de que não podemos manter alinhamentos
internacionais automáticos. Não cabe discutir aqui se a Argentina agiu bem, ao
tentar recuperar, pela força, o que pela força perdera, ou seja, a soberania
sobre as Malvinas. O fato é que Washington não interveio em favor da paz:
colocou-se inteiramente ao lado de Mme. Thatcher, sem ir mais fundo na
discussão da soberania argentina, reconhecida por todos os seus vizinhos da
América do Sul.
A nova doutrina brasileira busca
estabelecer parcerias não só comerciais, mas estratégicas. E, para que não
ocorra a pressão sobre os nossos parceiros, é melhor negociar com países emergentes
– no caso, os BRICS.
Cometemos um erro estratégico ao
assinar o famoso Tratado de Não Proliferação Nuclear. A decisão de não usar
determinado instrumento bélico não nos deve tolher o processo de sua fabricação
e a técnica de seu emprego.
Armemo-nos todos, ou nos desarmemos todos, sem
exceção.
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