segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Nº 20.347 - "Goldman: Moro quebrou o Brasil!"

 

21/11/2016


  Goldman: Moro quebrou o Brasil

Metade da Economia vem das empreiteiras


Conversa Afiada - publicado 20/11/2016
 
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O Conversa Afiada reproduz trechos da entrevista que Alexa Salomão e Alexandre Calais, do Estadão, fizeram com Paulo Leme, presidente do banco Goldman Sachs (um dos gigantes de Wall Street!) no Brasil.

Leme já tinha dito que o grau de insolvência das empresas brasileiras é assustador, numa outra entrevista ao Estado e aqui resumida.

Enquanto o Brasil discute o Manual de Operações (inconstitucionais) dos Torquemadas, as "Dez medidas" do Moro e dos dallagnóis - que não passam de marketing, segundo o Aragão - , a Economia afunda com as empreiteiras e a acelerada dilapidação da Petrobras.

Metade do Investimento do Brasil - segundo Leme - vem desse núcleo "Petrobras - empresas de engenharia".

Que o Moro destruiu, passo a passo, meticulosamente, entre uma ida e outra a Washington.
E ninguém se mexe para reconstruir.

(Quer dizer, o Lula se mexeu: entrou na Justiça para prender o Moro, antes que ele entregue o Brasil, depenado, ao Trump!)
Uma vez que o zé da Justiça, nunca assaz louvado, não levou adiante a melhor ideia que tinha surgido para punir os criminosos e salvar as empresas - a ideia de Bercovici, Siqueira e Warde Junior.



Agora, é ajoelhar, rezar e esperar que se realizem os sonhos da Cegonhóloga, a que difundiu as "exageradamente otimistas avaliações de crescimento"...
Ao Leme:
(...)​

O fato é que foram feitas avaliações exageradamente otimistas de crescimento e elas estão se frustrando, mas é porque o diagnóstico estava errado desde o princípio. As projeções de crescimento estão sendo reduzidas porque estão entendendo que a economia real, a parte relativa ao setor privado e às empresas, estava numa condição mais difícil do que se imaginava. A outra questão é que há muito mais um choque exógeno do que endógeno, por assim dizer. O efeito Trump, por exemplo (eleição de Donald Trump à presidência dos EUA e suas consequências para os emergentes).

O sr. está dizendo que foi feito um diagnóstico precipitado em relação à retomada do crescimento?

Não foi precipitado. O diagnóstico de consenso, na minha opinião, estava errado. Ignoraram o motor fundamental: o investimento do setor privado. O quadro atual não permite a recuperação do consumo privado. As famílias têm de se ajustar, porque estão muito endividadas, o salário real está caindo e o desemprego, aumentando. Espero que o governo esteja se ajustando, então, não é com despesa do governo que o crescimento virá. As exportações já tiveram um ajuste importante, crescimento de 6% em volume, e as importações continuam caindo em termos de volume. Mas o setor externo tem participação pequena como porcentagem do PIB. Para sairmos de um PIB de -3,5% para um de 0,5% ou 1%, precisamos de taxas de investimento privado com alta de 15% a 20%. Mas as condições financeiras das empresas estão em outro ciclo.

Que ciclo seria?

O ciclo tardio de um excesso de alavancagem. As empresas – e a aí se incluem empresas do setor privado, estatais e mistas – estão sobre-endividadas. A dívida corporativa brasileira chega a R$ 3,6 trilhões – 22% maior que toda a dívida doméstica e externa do Tesouro Nacional.

​(...)

Você precisa atuar em três grandes áreas. Primeiro, evitar a deterioração do que já está ruim. Estou falando do complexo óleo e gás, do setor de energia, da parte que está envolvida na Lava Jato. Isso é muito importante. Quando a gente olha, na economia brasileira, 50 anos de formação bruta de capital fixo (indicador que mede a capacidade produtiva), vê que metade vem de empreiteiras, vem do setor da construção. É preciso uma coordenação entre a área econômica e a jurídica do governo para resolver o problema dessas empresas.

O sr. pode explicar melhor isso?

Precisamos de uma espécie de ‘fast track’ (em inglês, uma via rápida) para penalizar legal ou financeiramente quem for considerado culpado de irregularidades, mas dentro de um processo mais rápido. Isso é importante para que as empresas não continuem quebrando, para que o cenário não continue se deteriorando, para que as sobreviventes possam ter condições de investir. A segunda parte é ter uma coordenação entre equipe econômica e Banco Central para acelerar a desalavancagem das empresas. Existem dois tipos de dívida, a interna e a externa. Para a dívida interna, você pode fazer fundos estruturados, os Fidcs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, também conhecidos como Fundos de Recebíveis) para trocar a dívida velha por nova, em condições melhores para os credores.

Mas há interesse por esse produto?

Acho que sim. Vou fazer uma ressalva: aqui não tem almoço grátis. Se não conseguir condições melhores para as dívidas, nem que seja isenção tributária, fica mais difícil. Esse instrumento é muito comum em finanças corporativas. É parecido com o conceito dos ‘Brady bonds’ (a troca de títulos públicos dentro do Plano Brady, que reestruturou a dívida de países da América Latina com bancos comerciais nos anos 80). Como ele, você pode reduzir o estoque da dívida e o serviço – o que é muito importante no caso da dívida interna, uma vez que 25% dela está atrelada à Selic (a taxa básica de juros, hoje em 14%). Você também pode fazer algo parecido com a dívida externa das empresas. Vou explicar de outro jeito: vamos supor que o Brasil decida crescer 4%. Quanto custa isso? O Brasil precisa sair de um PIB negativo de 3,5% e ir a um PIB de 1%. Quanto custa isso em termo de investimentos? Custa entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões. Bom, como o Brasil não tem poupança doméstica, você precisa de capital externo. Só para você ter uma ideia, essa cifra que eu falei é sete, oito vezes maior que a entrada atual de capital pelo balanço de pagamento.

​(...)​
 .

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