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05/12/2016
Ministra Cármem, o Dr. Moro é um pacificador?
Por Fernando Brito
A presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármem Lúcia, disse hoje que é preciso evitar que se desacredite no Estado e se parta para “fazer justiça dom as próprias mãos”, afirmando que “é democracia ou guerra” e que o papel dos juízes é (o de) pacificar.
A pergunta inevitável é se o juiz Sérgio Moro, cujo nome é gritado por um grupo que invade o Congresso e por multidões que saem às ruas , com seu retrato – que também está em outdoors em todo o país – pedindo o fechamento do Congresso (embora este tenha se prestado afastar a presidente eleita) está fazendo o papel de pacificador.
Pois o mínimo que se podia esperar de um juiz – e lá atrás – é que condenasse agressões às instituições, não é?
Mas, ao contrário, Moro, há meses atrás, já mandava manifestações de agradecimento aos que iam às ruas pedir a derrubada de Dilma Rousseff e exibiam seu nome e retrato.
Moro tem todo o direito de ter pretensões político eleitorais, se as tem.
Mas não à custa e promovido por sua atuação como juiz e muito menos sendo leniente com quem o faz.
O juiz representa o Estado e o Estado representa a todos, sem distinção.
Todo este verdadeiro culto à personalidade ocorreu nas barbas do STF e do Conselho Nacional de Justiça, que a Ministra Cármem preside.
Há ali um Código de Ética, que impõe que o magistrado “deve evitar comportamentos que impliquem a busca injustificada e desmesurada por reconhecimento social”, e que “deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, cônscio de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das acometidas aos cidadãos em geral”.
Será que, depois de tudo o que está ocorrendo, a Dra. Cármem definiria Moro como “um pacificador”?
A não ser que ela ache – o que não creio – que a parte do Estado a ser defendida é apenas o Judiciário que, aliás, goza de privilégios que, aos demais servidores, seriam escandalosos.
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