.
14/12/2016
Brazil, a desconstrução de uma nação
Por Ricardo Azambuja, colaborador do Cafezinho
Já não ficamos surpresos com os acontecimentos surreais deste outrora
país do futuro. Nosso espanto virou rotina. Sequer podíamos imaginar
que após conquistar a tão sonhada democracia, depois de mais de 20 anos
de ditadura militar, mergulharíamos num poço sem fim de retrocesso e
caos institucional. Pois aqui estamos, em algum ponto, em queda livre.
Sem rede de proteção.
Para entender o momento atual não é necessário grandes elucubrações
sobre o nosso complexo autofágico de casa grande e senzala. Há uma outra
análise que se impõe quando ampliamos a lupa para olhar o que acontece
no mundo. Das guerras fabricadas aos impeachments, das manipulações
midiáticas à tecnologia digital das redes de espionagem onipresentes,
tudo aponta numa direção: o favorecimento de interesses financeiros e
geopolíticos de uma elite global cada vez mais elite, num mundo cada vez
mais desigual. É assim que o Brazil com Z faz sentido, uma nação
desconstruída por interesses poderosos.
Tal quais as nações envolvidas por guerras criadas, como a Síria,
Iraque, Líbia e Afeganistão, hoje paralisadas pelo caos e dependência
externa, países com presidentes depostos por golpes jurídico midiáticos,
como Honduras, Paraguai e Brasil, são fragilizados e expostos à
dominação. Filet mignons suculentos servidos de bandeja no cardápio do
banquete do new imperialism.
Os interesses e ganhos movem o mundo. Rotule como queira o
capitalismo atual, há de se concordar que ele está mais desrespeitoso
com a condição humana do que em qualquer época anterior, levando em
conta o progresso obtido pela humanidade e as possibilidades de análise
crítica atuais. As guerras e a derrubada de governos nacionais
inapropriados fazem parte de jogadas sofisticadas, frias e desumanas,
planejadas no tabuleiro da geopolítica internacional.
As intromissões da diplomacia estrangeira e dos serviços de
inteligência na compra de autoridades nativas e do apoio da mídia e do
judiciário dos países visados, com o intuito de destituir governos
eleitos democraticamente, tendem a se consolidar como uma fórmula barata
e eficaz de obtenção de resultados práticos favoráveis, sem precisar
sujar as mãos de sangue.
O Brasil tornou-se alvo potencial do nosso vizinho todo-poderoso do
norte não só por suas riquezas, pelo aquífero guarani, nióbio, Pré Sal,
pelo avanço no enriquecimento de urânio e pelos mega contratos que não
privilegiaram empresas norte-americanas, como a compra dos caças suecos
pela aeronáutica (negócio que está sendo questionado e utilizado na
perseguição "judicial" ao ex-presidente Lula, tal qual a Petrobrás
serviu para detonar o PT. Coincidências?).
Com o PT no poder, o Brasil precisava ser aquietado, pois emergia
como potência regional e, principalmente, independente. Pior, formou com
outros gigantes players globais, como a China e Rússia, o BRICS, o
bloco de países emergentes em desafio direto à supremacia americana. Os
EUA não perdoaram. Esperaram o momento oportuno para utilizar todos os
recursos de um planejamento confidencial que deu certo. Desconfio,
porém, que nem eles e nem ninguém pensou que seria tão fácil. Aqui
estamos.
No quintal dos fundos do Tio Sam, bagunçado e à venda.
.
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista