09/06/2015
Altamiro Borges: Estadão confirma que PSDB está sem rumo e tucanos vivem “crise de identidade”
Do Viomundo - publicado em 08 de junho de 2015 às 18:40
Estadão e a ‘crise de identidade’ tucana
Por Altamiro Borges
O artigo “Ninguém se entende no PSDB” gerou polêmica nas redes sociais. Tucaninhos amestrados alegaram que a Dilma é quem está em crise e que a oposição vive seu melhor momento. Alguns mais aloprados voltaram a defender a maluquice de que o cambaleante Aécio Neves foi roubado na eleição do ano passado, o que justificaria a tese golpista do impeachment da presidenta.
Agora, porém, é o Estadão, que nunca escondeu seu apoio ao PSDB, que reforça a leitura de que a sigla vive uma “crise de identidade”. Em três matérias publicadas neste sábado (6), o jornal confirma que, de fato, ninguém se entende no ninho tucano e que as bicadas são mais sangrentas a cada dia que passa.
O primeiro texto, assinado por Erich Decat, explica o imbróglio. “Com dificuldades para impor a sua agenda mesmo diante de um governo federal enfraquecido, o PSDB vai renovar a sua Executiva Nacional no próximo mês buscando superar uma espécie de crise de identidade pela qual passa e estruturar um discurso para as eleições municipais de 2016.
Embora comemorem a deterioração da imagem do governo Dilma e do PT, setores do PSDB admitem que ainda falta à legenda mecanismos para poder capitalizar a insatisfação dos eleitores. Internamente há também cobranças para se ‘decodificar’ o discurso dos tucanos e críticas à falta de uma postura mais clara em temas que envolvem o dia a dia da sociedade”.
Dissidências internas e críticas externas
Conforme aponta a reportagem, posições recentes da bancada federal foram alvo de críticas de tucanos históricos por contrariarem as antigas decisões do partido – principalmente o apoio ao fim da reeleição e à flexibilização do fator previdenciário, instituídos no governo de FHC.
“Neste semestre, o PSDB também viveu momentos de dissidências interna e críticas externas ao decidir descartar a possibilidade de pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Após queda de braço entre integrantes da bancada na Câmara e a cúpula do partido, optou-se, a contragosto de parte dos deputados, por um pedido de ação penal contra Dilma por causa das chamadas pedaladas fiscais”.
O jornalista ouviu deputados federais e integrantes da executiva nacional da legenda. O chororô é intenso. Alguns criticam o “eleitoralismo” da sigla; outros apontam a ausência de formulação política; há também ataques à falta de democracia interna. Em síntese: o PSDB está sem rumo e sem projeto. Mas o Estadão evita explicitar uma das principais razões desta “crise de identidade”: a briga entre os caciques tucanos com vistas às eleições municipais de 2016 e, principalmente, ao pleito presidencial de 2018.
No dos trechos, o jornalista afirma apenas que “o atual presidente da sigla, senador Aécio Neves (MG), será reconduzido ao cargo em uma cúpula que será reforçada pela ala paulista”. As bicadas são sangrentas!
O jornal também abriu generoso espaço, novamente, para FHC – que até parece o presidente de honra da mídia privada. Na longa entrevista, o grão-tucano solta umas farpas contra a bancada federal, que o apunhalou pelas costas. Ele criticou os votos pelo fim da reeleição e contra o fator previdenciário, duas criações do seu reinado.
“Eu continuo favorável à reeleição e não creio que o tempo de experiência tenha sido suficiente para invalidá-la… Acabar com o fator agrava a situação fiscal e, a médio prazo, o custo disso cairá no bolso do povo. O PSDB votar como votou abala seu prestígio, embora em camadas de menor peso eleitoral”.
O “príncipe da Sorbonne” ainda teoriza sobre os dilemas da sua criatura. “A imagem de um PSDB desunido aparece toda vez que estamos próximos a uma disputa eleitoral ou quando há ansiedade diante de grandes impasses… Como a maioria dos partidos, o PSDB, embora tenha uma postura reconhecida – que os adversários acusam de ser elitista, quando na verdade é, como se diz agora, ‘republicana’ –, não possui unidade, digamos, ideológica… É compreensível que haja hesitação: votar contra tudo que vem do governo ‘do PT’, como este fez quando éramos governo, ou manter a coerência? Para mim não há dúvidas: é manter a coerência, denunciando, ao mesmo tempo, o oportunismo do PT”.
“Brasilianista” dá conselhos de Washington
Por último, o Estadão ainda abre suas páginas para um “brasilianista”, o pesquisador estadunidense Peter Hakim, presidente emérito do instituto “Inter-American Dialogue”, sediado em Washington, definir quais seriam as tarefas do PSDB – algo bem característico de um jornal colonizado.
Na entrevista, ele adverte o tucanato par evitar aventuras imediatistas. “O impeachment irá danificar o PT, mas provavelmente não vai beneficiar muito o PSDB. Sob praticamente qualquer cenário que imagino, o PMDB será o principal beneficiário de um impeachment”, alerta.
Para ele, o PSDB deve manter a coerência com os seus princípios “e evitar perseguir ganhos táticos imediatos”.
“Não há nenhuma boa razão para o PSDB mudar a sua agenda básica. O melhor caminho para Aécio é ficar com o programa que lhe trouxe 48% dos votos. O PSDB perdeu quatro eleições consecutivas, mas os princípios básicos e a moderação do PSDB estão ganhando mais força, como resultado do progresso que o Brasil fez em direção a uma sociedade de classe média pagadora de impostos e das falhas claras do PT. Seria um erro para Aécio mudar de rumo radicalmente. O PT danificou a própria imagem, os manifestantes de 2013 e deste ano foram para as ruas por causa de erros do PT e seu fraco desempenho, não por causa de campanhas anti-PT feitas pelo PSDB”, conclui o “brasilianista” descaradamente tucano. Os conselhos do estadunidense confirmam a crise de identidade do PSDB.
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista