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De novo: não basta o salário ser alto. Tem que ser muito alto.
JB colocou o dinheiro na frente do caráter.
Lembrei disso quando li a reportagem de Claudia Wallin, no DCM, sobre os privilégios que os juízes se autoconcedem no Brasil.
É uma festa indecente e contínua, contra a qual não existe panelaço e nem fiscalização decente da mídia.
O que mais me chamou a atenção, no texto de Claudia, foi a reação escandalizada de juízes suecos à farra de seus colegas nacionais.
Ela vive em Estocolmo, e conversou com magistrados locais.
Os juízes suecos são discretos, e evitam palpitar em coisas de outros países.
Mas não resistiram ao ouvir o relato das mordomias.
Goran Lambertz, da Suprema Corte, disse o seguinte. “É absolutamente inacreditável que juízes tenham o descaramento e a audácia de serem tão egocêntricos e tão egoístas a ponto de buscar benefícios como auxílio-alimentação e auxílio escola para seus filhos. Nunca ouvi falar de nenhum outro país onde juízes tenham feito uso de sua posição a este nível para beneficiar a si próprios e enriquecer.”
Não preciso descrever minha satisfação ao ver o texto de Claudia viralizar. Desde ontem, quando foi publicado, é o mais lido do DCM. Você pode lê-lo aqui.
Neste momento, tem 21 mil curtidas no Facebook e 545 retuítes.
(Claudia está escalada para fazer uma série de artigos na mesma linha sobre a realidade na Escandinávia. Estamos nos momentos finais da arrecadação de recursos que permitam a empreitada. O site para contribuições é este.)
Outros sites republicaram o artigo, um fato cotidiano do DCM, e o espalharam ainda mais.
A fala de Lambertz, para minha surpresa, foi transformada em meme, e está circulando nas redes sociais.
Sugeri a Claudia que a enviasse ao juiz.
E de Lambertz vamos para Joaquim Barbosa. Compare as mensagens dos dois. E as práticas.
Nem bem se tornara presidente do Supremo Joaquim Barbosa encomendou uma reforma de 90 mil reais nos banheiros do seu apartamento funcional.
Na presidência, torrou dinheiro público em coisas como levar jornalistas num avião da FAB para a Costa Rica para cobrirem uma palestra de imensa desimportância que ele daria.
Os juízes suecos não têm mamata nenhuma. Pagam suas próprias casas e seus pratos de comida, como todo mundo. Abastecem seus carros particulares com seu dinheiro. Recebem seus salários e ponto.
Numa capa tragicômica, a Veja disse que Joaquim Barbosa mudou o Brasil.
Ora, ele não mudou sequer a si próprio, e nem à Justiça brasileira.
Quando JB falou qualquer coisa que pudessem resultar na moralização da Justiça?
Ao tocar em remuneração, ele se sai com aquele disparate. Os salários têm que ser muito altos.
Sonhar não custa nada.
Importamos médicos cubanos. Bem que podíamos importar também juízes escandinavos.
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