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04/11/2015
Quem matou Francis: a Petrobras ou FHC?
A viúva se recusou a atender o Presidente
Conversa Afiada - publicado
03/11/2015
Na foto, uma das reencarnaçoes de Paulo Francis - o mais alto - no "Manhattan Connection"
O livro “O Quarto Poder" tem suculento capitulo sobre Paulo Francis, “o trombone da Província”.
Ali se trata de uma parte da trajetória do trotskista que foi parar na extrema-direita, caminho percorrido por outros da mesma origem.
O ansioso blogueiro foi lançar o “Quarto Poder” – veja o vídeo - na excelente Feira do Livro de Porto Alegre.
E teve o prazer de reencontrar o colega da Globo em Nova York, Régis Nestrovsky, doce coração instalado em diligente produtor.
Régis era o banqueiro que o Francis dizia ter encontrado: “estive com um ban-quei-ro”.
Era o Régis ou o Pimenta das Neves, aquele que matou a namorada com um tiro pelas costas e, então, trabalhava como sub-do-sub do departamento de imprensa do Banco Mundial (um banco não-comercial, como se sabe).
Eram os “banqueiros” do Francis.
O Brasil negociava a divida externa e Régis tinha que ir a todas as reuniões do Comitê dos bancos credores em Nova York.
(”O Quarto Poder” revela também o que os credores americanos achavam dos filhos do Roberto Marinho … Sem comentários.)
Eram reuniões tediosas, mas, a qualquer momento, podia sair um acordo e o Régis avisaria à redação e lá ia um repórter para “fechar” a matéria.
Em geral, o Régis voltava à redação desanimado, passava as informações oralmente, e aquilo não dava em nada.
Mas, o Francis se apropriava o trabalho do Regis, via oral, e berrava no jornal da Globo e nos trombones da Província: as colonas na Fel-lha- que o demitiu -, no Estadão e no Globo: “estive com um ban-quei-ro”!
Em Porto Alegre, Régis me contou – ele era amigo intimo do Francis – que conversou longamente com o Francis, por telefone, pouco antes de Francis morrer fulminado por um enfarto.
Francis estava de voz baixa, deprimido, derrotado e magoado.
Contou que ia gastar a poupança de uma vida inteira para pagar os advogados.
No programa “Manhattan Connection”, onde ainda parece reencarnar periodicamente, Francis acusou diretores da Petrobras de receberem propina.
O informante do Francis – que o Lucas Mendes, o dos chapéus e o ansioso blogueiro sabem quem é -, não tem a menor credibilidade.
Segundo Régis, o Francis tinha plena consciência de que seria condenado, porque não podia provar o que disse.
(Uma espécie de morinha delação ...)
Os diretores da Petrobras, espertamente, processaram o Francis em Nova York, já que ele morava lá e o programa foi gravado lá.
Bingo !
No Brasil, não adiantava processar o Francis – ele era do Globo, da Fel-lha ...
Mas, não foi isso o que matou o Francis.
O que desmente a tese do historialista dos chapéus.
O historialista escreveu fluvial biografia autorizada do Golbery para provar duas teses:
- Golbery e Geisel, “o Feiticeiro e o Paspalhão”, são os Pais Fundadores da Democracia Brasileira;
- Jango caiu porque gostava de pernas: de coristas e de cavalos.
Depois, construiu essa outra: a Petrobras matou Francis !
O processo na Justiça americana provocou o enfarto, sustentou o historialista pigal.
Régis tem outra explicação, muito mais razoável.
Que Francis expressou nesse ultimo telefonema.
Ninguém mais defendeu o Fernando Henrique que o Francis – segundo o Francis.
Antes mesmo de ser eleito presidente.
Quando veio o processo da Petrobras, Francis fez chegar a noticia a Fernando Henrique, com a certeza de que ele mandaria o presidente da Petrobras, o Joel Rennó, fazer os diretores da Petrobras desistirem da ação.
(Rennó também é personagem – subalterno, como sempre – do “Quarto Poder”.)
Era a única esperança do Francis.
Regis ouviu de Francis que o FHC não moveu uma única palha para defende-lo.
Francis estava disposto a se retratar, admitir que tinha sido irresponsável – o que ele jamais tinha feito antes, em sua carreira de demolidor de caráter.
A mulher de Francis recebeu durante o velório um telefonema de Fernando Henrique, mas, segundo Régis, se recusou a falar com o Presidente.
Vote aqui em trepidante enquete – o que o Farol de Alexandria - omite em seus Diários.
O enfarto do Francis deveria ser uma das omissões mais conspícuas.
Paulo Henrique Amorim
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