quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Contraponto 18.107 - "A obra de Aécio, segundo Nassif: Serra no PMDB e Alckmin no PSB?"

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05/11/2015 

 

A obra de Aécio, segundo Nassif: Serra no PMDB e Alckmin no PSB?

 

brinquedo

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O “campeão moral” da eleição passada parece estar colhendo, rapidamente, os frutos de sua passagem para a militância de extrema-direita.

Aécio Neves transformou-se numa espécie de Kim Katiguri de calças compridas e ao PSDB no “Revoltados Online”, indo a um ponto em que – sabem os políticos mais experientes – acaba comprometendo sua própria viabilidade eleitoral.

Não é à toa que, mesmo com todo o desgaste do Governo e a crise econômica, Aécio não consegue ir além do que já teve e, segundo o último levantamento do Ibope, ficar menor.

Até mesmo figuras como Álvaro Dias, o histriônico senador do Paraná, o condenam por ter colocado o partido a reboque de Eduardo Cunha.

O menino mimado e birrento está destruindo o partido do qual só diz que “é meu, é meu, é meu”!

Como Aécio implodiu com o PSDB

Luis Nassif, no GGN


Nos próximos dias é possível que José Serra se mude com armas e bagagens para o PMDB. Há rumores consistentes de que o governador paulista Geraldo Alckmin vá para o PSB. Antes mesmo de entrar já prestou um grande favor ao partido: foi ele quem costurou a ida de Marta Suplicy para o PMDB.

Tudo isso devido ao fator Aécio Neves.

Desde a morte de Mário Covas e Sérgio Motta, o PSDB foi perdendo substância. Transformado em referencial único do partido, Fernando Henrique Cardoso jamais logrou conferir-lhe profundidade programática. Vazio, acomodado, superficial, FHC contentava-se com boutades para uma mídia extraordinariamente indulgente e em sua revanche permanente com Lula.

O partido acomodou-se com a aliança com a mídia. Tendo à sua disposição a maior máquina de construção e destruição de ideias, não soube alimentá-la de conceitos legitimadores.

Sem ideias, sem programas, a mídia quedou-se ante um anti-estatismo primário, em posturas anti-políticas sociais e em discursos anti-corrupção. Só anti. Não conseguiu sequer elaborar os bons conceitos liberais.

Grupos de mídia falam para o fígado e os intestinos, não para o cérebro. E o PSDB foi atrás. Passou a ter o rosto irado de Aloysio Nunes, o histrionismo de Aécio, o primarismo de Carlos Sampaio.

Um a um os intelectuais que ajudaram a fazer o partido foram recolhendo armas. Os economistas formuladores se recolheram às suas instituições, como Luiz Carlos Bresser-Pereira e Yoshiaki Nakano. Os financistas, como Luiz Carlos Mendonça de Barros e Pérsio Airda,  contentaram-se em continuar ganhando dinheiro, mas abrindo mão de militância partidária. Os cientistas sociais mais ligados a FHC, como Boris Fausto e Arthur Gianotti, recolheram armas, provavelmente envergonhados com a virulência desqualificada dos intelectuais neo-tucanos.

Gradativamente, o PSDB foi se tornando a cara de Aécio Neves e dos Rebeldes Online, em mais um caso em que o baixo clero se apropria de uma instituição pública.

A implosão do PSDB só é surpresa para os desavisados. Há muito tempo era nítido que jogar todas as energias para destruir o adversário os deixaria na situação do abraço de afogado.

Agora, o partido que, junto com o PT, dominou a cena política brasileira nas últimas décadas, foi entregue ao mais despreparado de seus caciques.

O esfacelamento de ambos os partidos torna as eleições de 2018 uma verdadeira roleta russa.

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