23/07/2017
Nassif: Lava Jato, em SP, ganha sua “Dallagnola”, o exibicionismo primário
POR FERNANDO BRITO
Está circulando nas redes, esta semana, um resumo do programa Roda Viva onde Reinaldo Azevedo, insuspeito de “petismos”, desmonta uma promotora que, por sua vez, desmanchava-se em elogios à “perfeição” (a expressão que ela usa é “tecnicismo”, querendo com isso dizer “boa técnica) da sentença de Sérgio Moro que condena Lula. Esta senhora, D. Thameia Danellon, integrante de uma nova “força-tarefa” da Lava Jato, recém inaugurada, começa seu trabalho copiando descaradamente o “goodboy” curitibano Deltan Dallagnol.
Ontem visitei seu Facebook. Até três anos atrás, apenas aquelas fotos de gatinhos e outros bichos e algumas poses, de camisa verde-amarela, na Avenida Paulista. Depois, quando se torna promotora, garota-propaganda das tais 10 medidas contra a corrupção e de Deltan Dallagnol/Sérgio Moro.
É o novo “saber jurídico”.
A nova Procuradora Geral, Raquel Dodge, tem a oportunidade de dar uma freada de arrumação nisso, enquanto está no início, ou tornará o MP uma instituição que tem um chefe formal e outro, prático e público, que se arvora em dono do poder e da verdade.
O texto de Nassif, publicado originalmente no GGN:
Os problemas de Danellon, a Dallagnol paulista
Luís Nassif, no GGN
Não começou bem a história da Lava Jato paulista.
Resume-se à transferência, para São Paulo, do desmembramento de algumas denúncias analisadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), contra réus que não disponham de foro privilegiado. De imediato, ganhou a cara da procuradora Thameia Danellon, lotada em São Paulo, apresentada como a chefe da Lava Jato paulista.
Pelos primeiros movimentos, Thameia representa a face mais comprometedora da Lava Jato.
É ativista política, conforme demonstrou participando ativamente das convocações do MBL (Movimento Brasil Livre) a favor do impeachment. Aliás, é sintomático o fato de terem sido abertas representações contra procuradores que participaram de atos contra o impeachment, e nada ter sido feito contra os que participaram ostensivamente dos atos a favor. Mas, enfim, esta é a cara do MPF.
É ativista política, conforme demonstrou participando ativamente das convocações do MBL (Movimento Brasil Livre) a favor do impeachment. Aliás, é sintomático o fato de terem sido abertas representações contra procuradores que participaram de atos contra o impeachment, e nada ter sido feito contra os que participaram ostensivamente dos atos a favor. Mas, enfim, esta é a cara do MPF.
Em São Paulo, Thameia transformou-se em figura fácil de programas nitidamente partidários.
Em participação recente no Roda Viva, a procuradora expôs todo o Ministério Público, ao receber lições de direito de um jornalista. Sua reação foi ir ao programa da notória Joyce Hasselman, para poder distribuir afirmações taxativas sem risco de ser questionada, ocasião em que atacou o STF (Supremo Tribunal Federal), apontando-o como risco à Lava Jato.
No programa Pânico, da Jovem Pan, ela se permite criticar o hermetismo dos Ministros do Supremo, ou, como diz o apresentador do programa, “dos veinhos que ficam votando”.
Nesses tempos de Lava Jato, o Ministério Público Federal foi afetado de várias maneiras.
Primeiro, o jogo político, no qual os principais lances eram casados com eventos políticos. Depois, o protagonismo indesculpável de procuradores, se colocando como heróis nacionais e se apropriando (inclusive monetariamente, através de palestras) dos benefícios de uma investigação que era mérito das prerrogativas constitucionais do MPF. Some-se a atuação política indevida, com pregações em redes sociais, rádios e TVs. Finalmente, o vazamento escandaloso de informações visando conquistar espaço junto aos veículos de comunicação.
Com exceção dos vazamentos – porque, a rigor, não há ainda o que ser vazado – a procuradora Thameia simboliza todos os vícios desse MPF, o salvacionismo, o ativismo político, a figura fácil em programas de rádio e TV.
É cautelosa apenas nos elogios aos seus chefes presentes e futuros. É significativa a maneira como elogia o chefe que sai, Rodrigo Janot, e, mais ainda, a chefe que entra, Raquel Dodge.
Nos elogios ou nas críticas denota um tipo de personagem público que se pretendia superado depois dos intocáveis de Curitiba, com suas conduções coercitivas espetaculosas, divulgação de conversas íntimas, imposição de humilhações públicas a pessoas e um facciosismo desmoralizante para o MPF. Mais uma vez se verá os episódios canhestros de um MPF a reboque dos MBLs da vida.
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