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02/06/2016
A dupla Aloysio e Serra leva ao governo interino sua política de terra arrasada. Por José Cássio
Serra como ministro interino das Relações Exteriores, Aloysio como líder interino do presidente interino no senado.
Objetivo de ambos: sobreviver aos contratempos de um governo golpista sem nenhuma legitimidade para tentar, pela derradeira vez (Serra tem 74 anos, Aloysio 71) alcançar a presidência da República em 2018.
Se depender da boa vontade da Justiça e de parte da mídia tradicional, o caminho para chegar lá está livre e desimpedido.
Serra e Aloysio são blindados de tudo o que fazem de errado desde primeiro de janeiro de 2005, quando se juntaram no quinto andar do edifício Anhangabaú, localizado no famoso viaduto no centro de São Paulo, Serra como prefeito, Aloysio como chefe de governo, para iniciar a longa caminhada que já dura 11 anos e que provavelmente não será coroada de êxito.
Salvo engano, Kátia Abreu estava certa ao assegurar a Serra, após jogar-lhe uma taça de vinho no rosto após uma indelicadeza, que ele “jamais chegaria lá”...
Em política é impossível prever o futuro, embora ligando os pontinhos entre o presente e o passado a gente consiga tirar uma média de quem são, o que querem e como agem os seus protagonistas.
No governo golpista de Temer, Serra usa a pasta das Relações Exteriores para tocar o seu proselitismo e garantir sua notinha de pé de página nos jornalões dia sim, outro também.
Previsivelmente, sua primeira ação como interino foi partir pra cima
daquilo que seus antecessores deixaram de melhor: a política de boa
vizinhança com os irmãos da América Latina e países da África.
No seu melhor estilo, caiu babando de ódio e logo chutou o balde.
Postura semelhante vi naquele primeiro de janeiro que 2005 quando ele se juntou a Aloysio no comando da cidade de São Paulo após quatro anos do governo petista de Marta Suplicy: o equivalente aos “pobres coitados da AL” naquela época era o que o PT consagrou como a sua principal plataforma de gestão: o orçamento participativo.
A ordem que desceu do quinto andar do edifício Anhangabaú era clara e objetiva: destruir qualquer resquício de orçamento participativo na cidade. Literalmente, eliminar.
Missão dada, missão cumprida.
E então a partir desta medida, sempre com a simpatia da mídia, conseguiram “vender” para a opinião pública que em “15 meses” Serra fez mais por São Paulo que Marta em quatro anos – qualquer semelhança com esse finalzinho do período de interinidade de Temer até 2018 não há de ser mera coincidência.
Mas, a despeito de qualquer conjectura que ser possa fazer, e aqui vai um voto de confiança na mídia – apesar de partidária, convenhamos, a ela não cabe o papel de polícia –, é mesmo com a Justiça que Serra e Aloysio contam para alcançar a tão cobiçada caneta presidencial.
Não bastasse a mão grande que tirou Dilma do poder e que continua em ação para eliminar Lula, note-se a venda nos olhos quando os malfeitos são perpetrados pelos dois.
Dilma comentou certa vez que os que a acusam de corrupção não resistem a uma simples pesquisa no Google.
Vamos lá: após os tais 15 meses na prefeitura, Serra tornou-se governador de São Paulo em 2007.
Sua gestão, que terminou em 2010, foi a que mais rendeu dinheiro público para empreiteiras – algo em torno de R$ 72 bilhões.
Só entre aquelas envolvidas na Lava Jato, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) já constatou 58 contratos irregulares.
O ano de 2009 foi o campeão em contrato com empresas da Lava Jato, somando mais de R$ 43 bilhões.
Empresas citadas na operação comandada por Sérgio Moro possuem contratos com concessionárias de rodovia que atuam no estado, como a Autoban, SP Vias, Renovias e Via Oeste.
Além de altos lucros e elevados pedágios, essas empresas receberam pelo menos R$ 2 bilhões a mais do que era previsto nos contratos.
Em janeiro deste ano, o Ministério Público denunciou à Justiça um contrato fraudulento de 2009.
Nele, a obra havia sido licitada pela Dersa, através de um convênio entre a Prefeitura de São Paulo, sob o comando de Gilberto Kassab, e o governo do estado, durante a gestão de Serra Governador e Aloysio chefe da Casa Civil.
O caso começa com a figura de Assis Assad, doleiro preso ano passado na décima fase da Lava Jato e acusado de receber 40 milhões de reais como pagamento pela lavagem de dinheiro da construtora Toyo Setal.
Ele é citado em diversos desvios de obras no estado.
Um dos casos envolve a construtora Delta e o governo paulista.
Uma empresa de fachada, a Legend Engenheiros, foi criada para lavar o pagamento de propinas
intermediadas por Assad, e exibia em sua contabilidade um depósito de R$ 37 milhões ao Consórcio Nova Tietê.
O consórcio, comandado pela Delta, é responsável pelas principais obras de alargamentos das pistas da via.
A empresa venceu a licitação com um valor R$ 2,4 milhões abaixo da segunda colocada, mas recebeu R$ 71 milhões em aditivos posteriormente.
Esse aditivo, apesar de estar dentro do limite estabelecido por lei, não constou no processo licitatório como deveria.
O valor final do contrato, de R$ 1,75 bilhão, foi 75% maior do que constava no valor inicial. Um inquérito foi aberto pelo Ministério Público na época, mas acabou arquivado.
Ainda durante a gestão de Serra, um grupo de sete empresas ligadas à transporte formaram um cartel para obras no Metrô.
O caso envolve as empresas Iesa, Tejofran, MPE, Alstom, Siemens, Bombardier e Temoinsa, algumas também envolvidas na Máfia da CPTM.
As reformas nos trens do Metrô e da CPTM somam prejuízos bilionários aos cofres públicos.
Esses dados referem-se apenas a parte de material largamente divulgado e que, estranhamente, nunca foi devidamente esclarecido.
Nesta manhã um amigo citou em sua página no Facebook Paulo Preto, um velho conhecido de Aloysio que “sumiu” com dinheiro do PSDB e virou piada na eleição de 2010, quando Serra foi derrotado por Dilma.
Você leu bem, Paulo Preto, amigo do Aloysio que sumiu com o dinheiro virou piada.
Há outros, muitos outros casos assim, e com o tempo a gente vai contando.
Por ora, a intenção é alertar menos para as suspeitas de corrupção, que essas não interessam à mídia, muito menos à Justiça, e mais para o republicanismo jeca de dois provincianos que se juntaram um dia com objetivo de tomar a presidência de uma “república de bananas”.
Se vão conseguir, como dito anteriormente, nem pai Ogun é capaz de prever. Mas que trabalho Serra e Aloysio dão, Deus do céu.
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