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11/06/2016
Globo crava estaca no peito de Cunha e pede para Temer não defendê-lo
Brasil 247 - 11 de Junho de 2016 às 06:56
Neste sábado, o jornal O Globo, de João Roberto Marinho,
descartou de vez o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi peça vital
no golpe parlamentar apoiado pelo grupo de comunicação; "Mesmo suspenso
do mandato, e, por tabela, da presidência da Câmara, Cunha continua a
manobrar para que o Conselho de Ética não aprove a proposta de sua
cassação. Por ter mentido na CPI da Petrobras, ao garantir que não tinha
contas ocultas no exterior — foi desmascarado com provas documentais",
diz editorial; Globo fez ainda um aviso: "Que o governo Temer não se
envolva em tentativas de defender o indefensável"
247 – Neste
sábado, o jornal O Globo, de João Roberto Marinho, descartou de vez o
deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi peça vital no golpe
parlamentar apoiado pelo grupo de comunicação. Confira abaixo:
Cunha ultrapassa todos os limites
Um dos personagens
centrais da crise política, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputado de mandato
suspenso pelo Supremo, parece estar cada vez mais próximo dos
cadafalsos colocados à sua frente, nos planos político-parlamentar e
judicial. Não é sempre que um político enfrenta tantas ameaças, e todas
justificadas.
Impressiona o número de
problemas que o deputado semeou contra si mesmo. O ministro do Supremo
Teori Zavascki, relator das denúncias na Lava-Jato contra políticos com
foro privilegiado, acaba, por exemplo, de liberar para julgamento pela
Corte o processo em que o deputado é acusado de ter aberto contas
bancárias na Suíça para abastecê-las de dinheiro de propinas.
Já anteontem, a mulher de
Cunha, Cláudia Cruz, sem foro especial, virou ré na Lava-Jato, e deverá
ser julgada por Sérgio Moro, por ter, segundo o Ministério Público, se
beneficiado de milhares de dólares dessas contas de Cunha. Dinheiro do
contribuinte, segundo o procurador Deltan Dallagnol, “convertido em
sapatos e roupas de grife”. Para piorar a situação de Cunha, o
encaminhamento da denúncia contra Cláudia pulveriza a argumento que usa
no processo de cassação que enfrenta no Conselho de Ética da Câmara, de
que as contas são de um trust e não dele. Para a Lava-Jato, Cunha é o
trust, como parece óbvio.
O deputado, a quem o
ministro Teori concedeu cinco dias de prazo para se defender em outro
processo, este sobre uma propina de US$ 5 milhões cobrada num contrato
de aluguel de navios-sonda à Petrobras, ainda tem contra si um pedido de
prisão preventiva do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Motivo: mesmo suspenso do
mandato, e, por tabela, da presidência da Câmara, Cunha continua a
manobrar para que o Conselho de Ética não aprove a proposta de sua
cassação. Por ter mentido na CPI da Petrobras, ao garantir que não tinha
contas ocultas no exterior — foi desmascarado com provas documentais.
Uma das últimas
manipulações de Cunha no Conselho é garantir com o PRB, partido da
deputada Tia Eron (BA), o voto dela sobre o relatório do pedido de
impeachment, e que pode ser decisivo. O presidente licenciado do
partido, Marcos Pereira, ministro de Temer na Indústria e Comércio,
seria elo da trama montada para livrar Cunha integralmente ou condená-lo
a uma pena leve, como suspensão. Mas a maré não está mesmo favorável ao
deputado, e não apenas devido ao avanço da Lava-Jato sobre as contas
suíças, pelo flanco dos gastos luxuosos de Cláudia Cruz.
Também cresce de
importância a atuação de Cunha na CEF, por meio do vice-presidente Fábio
Cleto, indicado por ele e demitido por Dilma assim que o deputado
aceitou o pedido de impeachment. Pois Cleto aceitou fazer delação
premiada, e assim se cravam mais estacadas no peito de Cunha.
Só os empresários da
Carioca Engenharia, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Jr., relatam
propinas de R$ 52 milhões para Cunha, a fim de liberar recursos para
obras no Porto Maravilha, de responsabilidade da Odebrecht e da OAS. É
uma aula prática de por que políticos querem nomear diretores de banco
públicos. O caso fez Janot, ontem, encaminhar mais uma denúncia contra
Cunha. Que o governo Temer não se envolva em tentativas de defender o
indefensável.
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