16/08/2016
UNE, 79 anos, parabéns! O plebiscito é a resistência!
Carina quer impedir o desmanche da Educação Pública!
Conversa Afiada - publicado
15/08/2016
O Conversa Afiada publica artigo de Carina Vitral para o Conversa Afiada.
Carina é pré-candidata a prefeita de
Santos pelo PCdoB - a pedido, entre outros, do Lula - e presidenta da
UNE, que acabou de completar 79 anos de lutas!
Nós estamos apenas começando
Se o movimento estudantil fosse um
organismo físico, um corpo como o dos seres humanos por exemplo, ele já
estaria sentindo os sinais do tempo: articulações com mais dificuldade,
músculos com menos força, um pouco de dificuldade na memória ou
formulação dos pensamentos. Mas um organismo como a União Nacional dos
Estudantes, que completou no dia 11 de agosto os seus 79 anos de idade,
não vive apenas do mundo físico. Esse é um corpo formado de sonhos, um
esqueleto de coragem reunida, um tecido de amor e de ousadia, uma pele
mutante colorida pelas ideias de cada geração.
Não que este seja um corpo sem
história. Muito pelo contrário. Nessas quase oito décadas, o movimento
estudantil brasileiro participou de absolutamente todos os momentos mais
importantes do país, com papel protagonista, o enfrentamento de golpes e
ditaduras, a luta pela educação pública de qualidade, a afirmação da
soberania nacional.
É uma trajetória que inclui o esforço
dos estudantes para a consolidação da democracia e a emancipação do
nosso povo, para a promoção da cultura, para o combate aos preconceitos e
as injustiças. A vida da UNE até aqui custou, em alguns casos, a vida
daqueles que lutaram em seu nome. Heróis como Helenira Resende, Honestino Guimarães, Alexandre Vanucchi Leme, tantas e tantos que inspiram os que vieram depois e estão aqui lutando.
O caminho percorrido até aqui já foi
intenso, porém, a conjuntura dos acontecimentos desse doloroso 2016
mostra que a jovialidade da UNE e dos movimentos de juventude
brasileiros nunca foi tão necessária como neste momento. Nossa entidade
caminha para os seus 80 anos presenciando, mais uma vez, um golpe contra
a ordem democrática e a tentativa de desmonte das bases sociais do
nosso país.
A brutalidade institucional do falso
processo de impeachmente da presidenta Dilma – que ocorre no mesmo
agosto do nosso aniversário – coloca à nossa frente um desafio complexo,
uma trincheira inédita que requer muita unidade e inteligência.
A UNE coloca a sua história e sua
experiência, neste momento, como fiadoras da proposta cada vez mais
consolidada nos movimentos sociais pelo plebiscito popular para novas
eleições. Os estudantes sabem que os golpistas que tomaram de assalto o
Palácio do Planalto não têm a simpatia da maioria da população, não
representam os reais interesses do povo brasileiro, não seriam aprovados
nas urnas, com seu programa excludente, pela massa de mulheres, negros,
indígenas, jovens, pela população LGBT, por quem realmente compõe o
nosso povo.
Essa é a forma de resistirmos e
vencermos um governo ilegítimo que já ameaça o desmonte das leis
trabalhistas, o massacre sobre os aposentados e pensionistas, o
sucateamento dos serviços públicos em nome dos interesses financeiros de
quem estava querendo lucrar com a crise. É a forma de impedirmos o
desmanche da educação pública com o fim do Plano Nacional de Educação, a
perda dos recursos do petróleo e do pré-sal que iriam para as
universidades, o ataque à assistência estudantil e as cotas. É a forma
de fazermos frente ao projeto fascista da Escola Sem Partido que já traz
considerável ameaça.
A UNE, aos 79 anos, convida o Brasil
para começar de novo, de peito aberto e sem medo, em um processo que
seja liderado pelas cidadãs e cidadãos brasileiros de forma popular,
democrática e legítima. Ainda somos uma nação jovem, com uma democracia
mais jovem ainda, que pode e deve aprender com os obstáculos para
prosseguir em sua trilha. Precisamos enfrentar os que querem colocar um
ponto final na história de conquistas sociais dos últimos anos, que só
foram possíveis por causa das nossas lutas. Não há nada que possa
encerrar a esperança no nosso país. Deixemos, no lugar do ponto, as
reticências. Nós, a UNE e o Brasil, estamos apenas começando...
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