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06/09/2013
A triste história de médicos brasileiros, estrangeiros em seu próprio país
Do Tijolaço - 5 de setembro de 2013 | 20:33
por Fernando Brito
Deprimente a reportagem de O Globo sobre o comportamento de alguns dos médicos que, livremente, se inscreveram às vagas do “Mais Médicos”.
Muitos não foram ao trabalho. Alguns já apareceram com a proposta de trabalhar um dia por semana, em lugar das 40 horas (32 de trabalho e oito de especialização) pelas quais assinaram contrato.
É para agir assim que não se quer admitir a presença de médicos estrangeiros?
Enquanto a formação de médicos se der com o elitismo que tem hoje, não haverá saída.
Há algo doentio neste país que não é apenas o estado fìsico das populações abandonadas.
Ou será que se considera “escravo” quem tem de trabalhar ganhando R$ 10 mil, oito horas por dia,um quarto disso estudando?
A mercantilização da medicina fez mais mal a este paìs do que afastar o povo dos médicos.
Afastou os médicos do povo.
E da humanidade.
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Deprimente a reportagem de O Globo sobre o comportamento de alguns dos médicos que, livremente, se inscreveram às vagas do “Mais Médicos”.
Muitos não foram ao trabalho. Alguns já apareceram com a proposta de trabalhar um dia por semana, em lugar das 40 horas (32 de trabalho e oito de especialização) pelas quais assinaram contrato.
A coordenadora da atenção básica e vigilância em Saúde do município (de Mesquita, na Baixada Fluminense),
Gláucia Araújo Almeida, considerou uma ‘proposta indecente’ um médico
oferecer apenas um dia de trabalho para ganhar um salário de R$ 10 mil, e
admitiu a possibilidade de estar havendo um boicote ao programa:
— Acho que eles não leram o edital,
eles já chegam com proposta indecente. Dois médicos chegaram falando que
não podem trabalhar como médicos generalistas, apesar de o programa
abrir vagas para a atenção básica. Uma ginecologista só queria atender
na especialidade dela e só tinha um dia para me oferecer. O outro era
psiquiatra e também só podia atender um dia e meio. Ele chegou
perguntando ‘não precisam de psiquiatra?’, e eu respondi: ‘não pelo Mais
Médicos’. Deve ter rolado um boicote (das corporações médicas ao
programa).
Enquanto a formação de médicos se der com o elitismo que tem hoje, não haverá saída.
Há algo doentio neste país que não é apenas o estado fìsico das populações abandonadas.
Ou será que se considera “escravo” quem tem de trabalhar ganhando R$ 10 mil, oito horas por dia,um quarto disso estudando?
A mercantilização da medicina fez mais mal a este paìs do que afastar o povo dos médicos.
Afastou os médicos do povo.
E da humanidade.
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