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06/09/2013
O 7 de Setembro de máscaras e por um mundo sem catracas
Blog Palavra Livre 06/09/2013
Por Davis Sena Filho

Como se observa, uma pauta e pleito nitidamente de esquerda
e, evidentemente, não reivindicada pelos direitistas mascarados que oportunistamente
tomaram as ruas, de forma anárquica ao tempo que fascista. Muitas dessas
pessoas não sabiam por que estavam a protestar, pois não tinham pautas e muito
menos conhecimento das questões brasileiras.
Os mascarados dos diferentes grupos de Ananymous e Black
Blocs se autodenominaram “apartidários” e “apolíticos”, palavras estas muito
usadas pelos seguidores de Adolf Hitler e Benito Mussolini — e deu no que deu. Alemães
e italianos saíram às ruas para apoiá-los e depois viram suas cidades serem
bombardeadas e ocupadas por forças estrangeiras. Aqui no Brasil, diversos
grupos e partidos de direita, além dos coxinhas reacionários de classe média,
realizaram a Marcha da Família com Deus e pela Liberdade. E deu no que deu: 21
anos de ditadura militar.
A verdade é que o MPL foi fundado no Fórum Social Mundial em
2005, em Porto Alegre. O
fórum, como todo mundo sabe, reúne ativistas, militantes, partidos e entidades
do campo da esquerda, que discutem e debatem soluções para que o Brasil e as
outras nações se transformem em sociedades mais justas e democráticas, a ter
sempre como meta a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Os protestos contra o preço alto e o aumento das tarifas
começaram em 2013, na capital gaúcha. Logo depois o movimento se espalhou pelas
principais capitais do País, sendo que em São Paulo o MPL foi reprimido pela PM paulista
controlada pelos políticos do PSDB há 20 anos. A corporação é reconhecida
mundialmente como uma força pública repressora e que trabalha como se fosse segurança
da elite econômica do estado bandeirante, uma das mais conservadoras e
perversas do mundo.
Hoje é véspera do dia 7, mas há cerca de dois meses os Ananymous
e os Black Blocs anunciam, por intermédio da internet, “o maior protesto da
história do Brasil”, como se este País estivesse a começar agora a sua
história, bem como não tivesse ocorrido, no decorrer desses cinco séculos, guerrilhas,
movimentos, protestos e manifestações, a exemplo das Diretas Já, do Comício da
Central e de outras centenas de marchas e quebra-paus, que sacudiram a
sociedade brasileira. É muita presunção.
Os Ananymous e os Black Blocs aproveitaram uma pauta de
esquerda e foram às ruas e passaram a quebrar o que viam pela frente.
Comportam-se como centuriões romanos da classe média coxinha e dos setores mais
conservadores da sociedade brasileira, que, inconformados com a ascensão social
e financeira de milhões de pessoas das classes desprivilegiadas, acreditam,
equivocadamente, que tais mudanças vão prejudicá-las em seus interesses de
classes e categorias tradicionais, que sempre tiveram acesso às sobras do
establishment.
É ridícula a visão desprovida de senso crítico das classes
médias tradicionais e de grupos mascarados que não percebem que o Brasil mudou
e para melhor em todos os sentidos, segmentos, áreas da economia e da sociedade
civil. Quando mascarados vão às ruas, de forma não representativa e ilegal,
pois esconder o rosto é a mesma coisa que não assumir as conseqüências e desrespeitar
os limites e as leis de um País plural, que se alicerça no estado democrático
de direito.
Mascarados que não representam a si mesmos e não são
representados por ninguém, conforme suas opiniões e decisões, mas que meteram
medo nos coxinhas que rapidinho abandonaram as ruas e foram tratar de suas
vidinhas burguesas, confortáveis, fazer festinhas, happy hour, viagens,
poupançasn e realizar estudos, trabalho e afazeres domésticos. Enquanto isso,
os mascarados, três meses após junho, continuam a fazer manifestações
“apartidárias”, “apolíticas” e “pacíficas”, como gosta de afirmar a imprensa de
negócios privados e que hoje morre de medo de ser alvo de violência e de
contestações.
A imprensa burguesa que detesta ser questionada, contestada e
principalmente receber retaliações dos Black Blocs, que expulsaram os
repórteres da CBN e da Globo das ruas, jogaram literalmente merda na sede da
Globo em São Paulo, e, juntamente com os partidos de esquerda, sindicatos e
associações de trabalhadores, além de setores da academia, reivindicam a
efetivação de um marco regulatório das mídias, bem como a quebra do monopólio e
dos oligopólios controlados por meia dúzia de famílias bilionárias e que são
useiras e vezeiras em promover golpes de estado, conflitos, discórdias e todo
tipo de “disse me disse”, que inferniza a vida republicana brasileira.
Os Ananymous são grupos de direita e de extrema direita
liderados por militares e policiais aposentados, executivos, comerciantes, empresários,
estudantes direitistas, além da Juventude do PSDB, do DEM e do PPS. São pessoas
também ligadas à área rural, que historicamente remonta o que temos de mais
conservador neste País, a exemplo da UDR, sem me esquecer de citar o Instituto
Millenium, que é uma concentração de neocons, sendo que muitos deles chegam às
raias do fascismo.
Os Black Blocs se consideram anarquistas; mas, apesar de
terem jogado merda na Globo, quebrarem bancos e sedes de instituições públicas
e lojas de automóveis caríssimos, que simbolicamente representam poder
econômico e status, muito de seus comportamentos tem conotação e coloração
fascista, à direita do que pregam, com ações violentas e protegidas pelos
rostos cobertos por máscaras negras.
Mascarados são um acinte à democracia, porque as máscaras permitem
encobrir crimes, o que facilita, inclusive, a tentativa de golpes por parte
daqueles que, em nome de um Brasil melhor, querem, na verdade, destituir quem
está no poder eleito legitimamente, bem como, se possível, desmoralizar a
autoridade e desconstruir as instituições republicanas e principalmente o que
foi conquistado pelo povo brasileiro nos últimos 11 anos.
Para se ter uma ideia da incongruência e desfaçatez desses
movimentos “apartidários” e “apolíticos”, bem como “pacíficos” para a imprensa
cínica e alienígena, em nenhum momento vi os inúmeros grupos Ananymous pedirem
pela reforma agrágria, defenderem os médicos cubanos e programas sociais da
importância do Bolsa Família. Também não reivindicaram a quebra do monopólio
nas comunicações ou exigiram para que o mensalão tucano e os escândalos de mais
de R$ 600 milhões do PSDB denunciados pela Siemens e a sonegação de mais R$ 600
milhões da Rede Globo fossem duramente investigados e os seus autores punidos.
Nem pensar. Os Ananymous, os Black Blocs, em menor
intensidade, e os coxinhas mequetrefes alienados e reacionários se preocuparam
com a seguinte pauta: 1) Não à PEC 37; 2) Saída imediata de Renan Calheiros da
Presidência do Congresso Nacional; 3) Investigação dos investimentos da Copa do
Mundo; 4) Corrupção como crime hediondo; e 5) O fim do fórum privilegiado.
Como se observa, as lideranças dos mascarados reivindicam
questões constitucionais e jurídicas, que não passam pelo crivo do Poder
Executivo, pois são temas ligados ao Legislativo e ao Judiciário. Não tem nada
haver com saúde, educação e segurança, porque o movimento de extrema direita é
político e visa enfraquecer o governo trabalhista da presidenta Dilma Rousseff,
bem como colocar a faca no pescoço do Congresso e do Judiciário. As
reivindicações são políticas e constitucionais e essa gente do Anaymous
distorce os fatos e deturpa a realidade. Afinal quem usa máscara só pode
tergiversar e mentir.
Amanhã vai ser o Dia 7 de Setembro, data da Independência do
Brasil. Os mascarados dos Black Blocs e dos Ananymous vão às ruas. Os primeiros
se consideram anarquistas e sem lideranças e partidos. Os segundos pregam
também a mesma coisa. Os Ananymous são fascistas quando não nazistas e pensam
em golpe de estado. Os Black Blocs se promovem, pois querem aparecer como força
política, apesar de serem “apartidários”. Eles querem fazer parte do panorama
político e social brasileiro de máscaras!
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