13/09/2016
Stedile: os tamborins estão esquentando
Greve geral! Eleições já!
Conversa Afiada - publicado
13/09/2016
O Conversa Afiada reproduz artigo de João Pedro Stedile, publicado pelo Brasil de Fato:
Fora, Temer!
1. No dia 31 de agosto consolidou-se o golpe judicial/midiático também no Congresso Nacional.
A burguesia concluiu a primeira etapa
da conspiração, que vem desde outubro de 2014, para empossar, de
qualquer maneira, um governo totalmente subserviente e capaz de jogar
todo o peso da crise econômica sobre os ombros da classe trabalhadora.
Agora, está em curso a etapa de
acelerar a implementação de medidas neoliberais, que só interessam ao
capital financeiro e ao grande capital, aumentando a exploração do
trabalho, diminuindo salários, aumentando o desemprego e aplicando um
programa de privatizações e ajustes fiscais que envergonham até o FMI.
Todos os dias são anunciadas medidas
estapafúrdias que rasgam a CLT, a Constituição e os direitos sociais
conquistados a duras penas, por décadas de lutas sociais.
2. Porém, o gostinho da vitória
parlamentar durou pouco. O golpe não conseguiu legitimar-se, nem na
opinião publica, nem para o povo e desmoralizou-se até a nível
internacional.
O presidente impostor foi humilhado na
reunião do G-20, em que os demais governantes nem sequer o chamaram por
presidente. E ele teve que aproveitar a viagem para ir comprar sapatos
num Shopping Center qualquer. Tadinho!
Do ponto de vista jurídico, a farsa
caiu quando os senadores não tiveram coragem de imputar a perda de
direitos para a presidenta Dilma, revelando assim que não houve crime. E
pior, três dias depois, os mesmos senadores aprovaram projeto que
legaliza as pedaladas fiscais. Ora, não era crime?
Mas a mais dura resposta veio das ruas.
No domingo 4 de setembro, menos de uma semana depois do golpe, mais de
cem mil jovens paulistas foram às ruas protestar, levantando as
bandeiras de FORA, TEMER, DIRETAS JÁ e NENHUM DIREITO A MENOS. Sem o
estímulo de nenhuma rádio ou televisão, totalmente servis aos golpistas.
Depois, no dia 7 de setembro,
repetiram-se centenas de manifestações em todo o Brasil, com milhares de
brasileiros/as, em torno do “Grito dos Excluídos”, com as mesmas
bandeiras.
E culminou com a classe média dando uma sonora vaia de cinco minutos na abertura das Paralimpíadas no Maracanã.
3.O que será desse governo, ninguém
sabe. Do lado da burguesia eles também tem dúvidas. O governo golpista
não consegue dar unidade política às forças conservadoras. Seu plano
neoliberal não vai tirar o país da crise econômica e política; ao
contrario vai agravá-la, trazendo consequências graves para toda
população. Os sinais de corrupção de seus membros contradizem com o
discurso e os interesses da chamada “Republica de Curitiba”. Por isso o
Advogado Geral da União foi demitido sumariamente.
Até quando a mídia e o poder judiciário
vão esconder as delações dos empresários, das propinas ilegais que
envolvem ilustres ministros e inclusive o presidente impostor?
O governo golpista poderá vir a ser um
governo em crise permanente, que só vai desgastar os partidos que o
sustentam, como foram os últimos anos do caótico governo Sarney
(1985-89). Ou então a burguesia poderá trocá-lo pela via indireta a
partir de janeiro de 2017 e colocar algum impostor de maior habilidade e
confiança do poder econômico.
De nosso lado, da classe trabalhadora, o
tempo de vida útil desse governo deveria ser o mínimo possível.
Mas na
política, os fatos e a correlação de forças não dependem da vontade e
desejos. Depende de força acumulada de cada lado.
E o tempo de sua permanência vai
depender de nossa capacidade de mobilizar a classe trabalhadora para
assumir essas bandeiras. Até agora ela ficou parada, assistindo apenas,
como se o jogo político, não fosse com seu time.
4. As próximas semanas…O governo
golpista acelerou sua ofensiva contra os direitos da classe
trabalhadora. Os anúncios quase diários da perda de direitos, da reforma
da previdência, da política de subordinação ao capital estrangeiro, com
privatizações e venda de terras, da entrega do pré-sal, do gasoduto, da
BR distribuidora, e outras riquezas nacionais, estão despertando uma
parcela cada vez maior da população e da classe trabalhadora.
Diante disso, várias categorias no
campo e na cidade aumentaram suas mobilizações e lutas nacionais, como
vem acontecendo com os trabalhadores rurais, os camponeses, os
bancários, os metalúrgicos, os professores, os trabalhadores do correio e
os servidores públicos.
E num processo de maior articulação
dessas lutas setoriais, as centrais sindicais conclamaram a uma
paralisação nacional para o próximo dia 22 de setembro. Haverá um
esforço não só do movimento sindical, mas de todos os movimentos da
FRENTE BRASIL POPULAR E DA FRENTE POVO SEM MEDO, para que essa
paralisação seja, de fato, vitoriosa e paralise as atividades da
produção, de transporte, do serviço público, do comércio e das escolas.
E como alertam os sindicalistas, isso tudo será um ensaio geral para a deflagração de uma GREVE GERAL contra o governo golpista.
Ao mesmo tempo, em São Paulo, e em um
número cada vez maior de cidades, se multiplicam as manifestações, em
geral aos domingos, às vezes até auto-convocadas, quase espontâneas,
majoritariamente pela juventude e por movimentos das mulheres, clamando
cada vez mais alto a necessidade do FORA, TEMER; de DIRETAS JÁ, como uma
proposta generosa de que a ordem democrática somente voltará, se o povo
tiver o direito de escolher seus representantes nas urnas; por NENHUM
DIREITO A MENOS, ou seja contra as medidas do plano neoliberal em curso.
Como vêem, os tamborins estão esquentando, e a luta será cada vez mais intensa…
Vamos à luta, companheiros e companheiras.
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