03/12/2016
Pacto democrático ou destruição total?
Brasil 247 - 03/12/2016
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Leonardo Attuch
Há
quem diga que as coisas precisam antes piorar para que comecem a
melhorar. Se é verdade, o Brasil chegou, definitivamente, ao fundo do
poço institucional na última semana. Judiciário e Legislativo e
estão pé
em guerra e o Executivo se mostra incapaz de apontar saídas para a
maior recessão da história do País, que já fez com que a economia
brasileira encolhesse quase 10% desde o seu início.
Tudo
isso teve sua origem numa decisão temerária da elite brasileira que foi
apoiar a ruptura do pacto democrático. Como disse nesta semana o
ex-ministro Joaquim Barbosa, “a sociedade ainda não acordou para a
fragilidade institucional que se criou quando se mexeu num pilar
fundamental do nosso sistema de governo, que é a Presidência.”
Quebradas
as regras, imaginava-se que seria possível, como num passe de mágica,
resgatar a confiança e fazer com que a economia brasileira voltasse a
crescer. O resultado está aí: uma economia arruinada e um país sem
qualquer credibilidade interna e externa, com manifestações sendo
duramente reprimidas, como ocorreu em Brasília na semana passada, e uma
incompreensão internacional sobre o que fez com que o Brasil, antes
respeitado e admirado, se transformasse novamente num país quebrado e
sem auto-estima.
O
arranjo político atual se mostrou tão frágil que já se discute
abertamente como encontrar uma saída.
Haverá eleições indiretas em 2017?
Apontado como eventual candidato neste cenário, o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso passou a defender eleições diretas “se a
pinguela cair”. O motivo: um eventual governo eleito por um Congresso em
que mais de 200 parlamentares estão sendo investigados não teria
nenhuma legitimidade para tirar o Brasil do buraco em que se encontra.
Essa
mudança de postura do PSDB abre espaço para um eventual acordo
nacional, no momento em que toda a classe política brasileira parece
estar ameaçada pela chamada “delação do fim do mundo”, feita pela
Odebrecht. Depois do pedido de desculpas e da decisão de pagar R$ 6,7
bilhões, a maior empreiteira do País deu sinal verde para que 77
executivos contem tudo o que sabem sobre esquemas de corrupção e caixa
dois em todo o País. Esquemas, diga-se de passagem, ecumênicos, ou seja,
que atingirão todos os partidos e políticos do governo e da oposição.
A
grande questão, agora, é: será possível promover um pacto democrático
ou o caminho será a destruição total em que todos, inclusive a
democracia, morrerão no final?
Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste
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